quinta-feira, 7 de março de 2019

A caminho da Páscoa - Silva Araújo, DM

1.Principiou ontem o tempo
litúrgico da Quaresma, destinado
a preparar a celebração
da Páscoa.
Na mensagem que nos dirigiu
o Papa Francisco convida
a fazermos um esforço no sentido
de mudarmos para melhor.
O vocábulo conversão aparece repetidas
vezes. «O caminho rumo à Páscoa
chama-nos precisamente a restaurar a
nossa fisionomia e o nosso coração de
cristãos, através do arrependimento, a
conversão e o perdão, para podermos
viver toda a riqueza da graça do mistério
pascal».
Conversão para fazermos da Criação
um jardim e não um deserto.
2. O Papa alerta para a realidade do
pecado e para as suas consequências. É
«a causa de todo o mal» e «rompe a comunhão
com Deus».
«Quando não vivemos como filhos
de Deus, escreve, muitas vezes adotamos
comportamentos destruidores do
próximo e das outras criaturas – mas
também de nós próprios –, considerando,
de forma mais ou menos consciente,
que podemos usá-los como bem
nos apraz.
Então sobrepõe-se a intemperança,
levando a um estilo de vida que viola
os limites que a nossa condição humana
e a natureza nos pedem para respeitar,
seguindo aqueles desejos incontrolados
que, no livro da Sabedoria, se
atribuem aos ímpios, ou seja, a quantos
não têm Deus como ponto de referência
das suas ações, nem uma esperança
para o futuro (cf. 2, 1-11).
Se não estivermos voltados continuamente
para a Páscoa, para o horizonte
da Ressurreição, é claro que acaba por
se impor a lógica do tudo e imediatamente,
do possuir cada vez mais».
«Quando se abandona a lei de Deus,
escreve também, a lei do amor, acaba
por se afirmar a lei do mais forte sobre
o mais fraco».
3. Lembra o Santo Padre atos penitenciais
da Quaresma recomendados
pela doutrina tradicional da Igreja.
A Quaresma, diz, «chama os cristãos
a encarnarem, de forma mais intensa
e concreta, o mistério pascal na sua vida
pessoal, familiar e social, particularmente
através do jejum, da oração
e da esmola».
Seguidamente especifica cada um
destes atos:
«Jejuar, isto é, aprender a modificar
a nossa atitude para com os outros e
as criaturas: passar da tentação de ‘devorar’
tudo para satisfazer a nossa voracidade,
à capacidade de sofrer por
amor, que pode preencher o vazio do
nosso coração.
Orar, para saber renunciar à idolatria
e à autossuficiência do nosso eu, e nos
declararmos necessitados do Senhor e
da sua misericórdia.
Dar esmola, para sair da insensatez
de viver e acumular tudo para nós mesmos,
com a ilusão de assegurarmos um
futuro que não nos pertence.
E, assim, reencontrar a alegria do projeto
que Deus colocou na criação e no
nosso coração: o projeto de amá-Lo a
Ele, aos nossos irmãos e ao mundo inteiro,
encontrando neste amor a verdadeira
felicidade».
4. A mensagem termina com um renovado
apelo à conversão: «Não deixemos
que passe em vão este tempo favorável!
Peçamos a Deus que nos ajude
a realizar um caminho de verdadeira
conversão.
Abandonemos o egoísmo, o olhar fixo
em nós mesmos, e voltemo-nos para
a Páscoa de Jesus; façamo-nos p róximo
dos irmãos e irmãs em dificuldade,
partilhando com eles os nossos bens espirituais
e materiais.
Assim, acolhendo na nossa vida concreta
a vitória de Cristo sobre o pecado
e a morte, atrairemos também sobre a
criação a sua força transformadora».
«Que a nossa Quaresma, escreve ainda
o Papa, seja percorrer o mesmo caminho,
para levar a esperança de Cristo
também à criação, que ‘será libertada
da escravidão da corrupção, para alcançar
a liberdade na glória dos Filhos de Deus»

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