Shalom! Com votos de felicidades, desde Jerusalém,
para ti e toda a tua família. Espero vos encontreis todos bem de saúde e
disposição, para enfrentar as actividades do novo ano de trabalho.
Estamos já quase no fim de Outubro e está a passar um mês sobre
a minha chegada. Eu tenho que pedir desculpa, porque pensava que ia ter mais
tempo para dar notícias com mais frequência; mas isso acabou por não acontecer
e só hoje me decido a dizer de mim.
Os primeiros dias foram para a ambientação e tratar das
coisas mais imediatas, relacionadas com a minha estadia. Depois começaram logo
as aulas no Instituto Bíblico e, com elas as leituras e demais actividades,
pelo que os dias depressa ficaram preenchidos e comecei a encontrar o meu
ritmo, a ficar sem grande tempo livre.
Naturalmente também senti ter deixado Lisboa e os amigos. Experimentei
que perdi alguma coisa e não foi fácil deixar pessoas e coisas para trás, apesar
de eu desejar esta paragem sabática e estar contente com a possibilidade de a
fazer aqui, uma oportunidade certamente única. Este mês significou, por isso e
para mim, uma mudança não indiferente.
O ambiente social e politico, nestas semanas passadas, tem
sido de alguma tensão entre Judeus e Palestinianos. Primeiro houve as festas,
do Yon Kipur e das Tendas, com muitos judeus na cidade e havia tensão e medo de
atentados. Depois, houve um atentado, um palestiniano atirou-se ao volante de
um carro contra hebreus na paragem do metro de superfície e morreu uma criança
e várias pessoas ficaram feridas. Houve naturalmente tensão.
Eu vivo em Betânia, na parte oriental de Jerusalém, habitada
por uma população palestiniana e a tensão faz-se sentir mais (o tal palestiniano
do atentado também vivia deste lado). Mas sempre tenho podido ir às aulas, que
ficam na Jerusalém antiga, mesmo ao lado da esplanada das Mesquitas.
Habitualmente vou a pé, uma hora de caminho, e regresso de autocarro. Passamos
sempre por militares em controle, mas não incomodam. Para além das aulas temos
tido visitas, um dia cada semana, aos sítios arqueológicos da cidade (antiga) e
também não temos tido problemas.
Com as aulas e o programa de leituras deste tempo sabático
procuro aproximar-me mais da pessoa histórica de Jesus, das Escrituras, para
melhor os poder servir como sacerdote missionário. O facto de estar em
Jerusalém torna o estudo mais concreto e ligado ao ambiente que foi de Jesus.
A saúde tem dado para as encomendas e as irmãs missionárias
combonianas com quem vivo tratam-me bem. Naturalmente também senti a mudança de
dieta, mas ainda estou em idade de me habituar bem.
Fico por aqui, por hoje. Asseguro a minha amizade e
lembrança na oração, nestes lugares tão evocativos para a nossa fé e vida
cristã.
Pe Manuel Augusto
Manuel Augusto Ferreira
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