sexta-feira, 30 de novembro de 2018

DISCORRENDO SOBRE A FÉ QUE NOS MOVE – Parte I



Os dias 24 e 25 de Novembro amanheceram chuvosos, com uma chuva suave, ordeira e prometedora para os campos que nesta altura nos oferecem já imensidões de um verde vivo, o verde da esperança, a esperança que a todos nos move rumo a um futuro melhor.
Também nesses dois dias, por iniciativa da UASP – União das Associações dos Antigos Alunos dos Seminários Portugueses, na “Domus Carmeli”, uma casa património da Ordem dos Padres Carmelitas Descalços, em Fátima, no decurso do seu V Fórum animado pelo tema “O Acesso à Experiência da Fé, Hoje!”, se ouviram ali, bem protegidos da precipitação exterior, torrentes de palavras suaves, ainda que firmes, ordeiras e prometedoras, rumo ao reavivar e aprofundar a Fé de cada um, que ali se proclamou de várias perspectivas, com uns laivos de crítica à forma como a Igreja Católica a proclama e divulga, mas sempre a mesma Fé em Deus, Deus Uno e Trino.
Dizia o doutor José Milhazes, convidado para abordar uma “Leitura dos sinais dos tempos”, antigo aluno do seminário comboniano, o primeiro orador convidado, antecedido por palavras de boas-vindas, por parte da Organização e dos anfitriões, que “quanto mais culta é a fé, mais sólida ela é”, de certo modo em contraponto com o que por aí se diz que o conhecimento, vai reduzindo a necessidade de religião.
De facto, o orador afirmou que o que hoje importa é a cultura, o conhecimento e a fé, atrevendo-se a alvitrar que a História é talvez a ciência mais inútil à face da terra, porque é esquecida, repetindo-se assim os erros do passado, começando a Europa de hoje a assemelhar-se à Europa dos inícios do século XX, época de utopias malditas, onde começam a sobressair grupelhos sem expressão significativa no contexto nacional, que necessitam de estar no centro das atenções para sobreviver e que face à sua persistência e fácil acesso aos meios da comunicação social, têm um tempo de antena desproporcional ao peso que de facto têm na sociedade, em contraponto à Igreja Católica que não aproveita convenientemente as oportunidades de intervenção.
E apontou exemplos como o episódio da Dina Aguiar em que se despediu dos seus telespectadores com um sentido “até amanhã, se Deus quiser” e que redundou numa enxurrada de críticas à jornalista, sem que a Igreja Católica, ou os católicos em geral, se indignassem com veemência e publicamente. Se se despedisse com “um até amanhã camaradas!” provavelmente passaria incólume à esquerda e à direita.
A Igreja tem que ser preventiva e agir para resolver os seus problemas, intervir socialmente em casos como os da greve dos estivadores em Setúbal, revelando a sua posição em áreas críticas porque posições dúbias não ajudam à sua afirmação. Se a Igreja faz apenas casamentos e baptizados, não serve. É necessária uma Igreja que fale dos problemas e das comunidades. Não deve pensar apenas em apagar o fogo quando a casa já arde. É a intelectualidade que chega aos mais humildes e por isso a Igreja não deve ter medo de assumir a sua verdade, afirmando a sua posição concreta, mesmo em casos difíceis. Terminou dizendo que se diluem os princípios e, nesse quadro, está pessimista quanto ao futuro.
Ainda na manhã de sábado foi tempo de olhar para “A transmissão da Fé entre gerações” e escutou-se a afirmação da Fé, na perspectiva dos filhos, dos pais e dos avós e foi muito agradável ouvir o testemunho de um antigo aluno, o dr. Fernando Capela, percorrer a escala da sua evolução como homem de fé, uma fé compartilhada no seio da sua família onde despontou, aprofundou no seminário e teve também uma fase de pré-divórcio, seguida de um curto período de divórcio quase total por alturas em que cursava direito em Coimbra, ainda que não tivesse perdido o contacto total com a igreja. Reaproximou-se depois e actualmente frequenta a igreja de novo e tem tempo para Deus, afirmando até que a melhor experiência que teve foram aqueles três anos em que, já formado em direito, ministrou catequese aos miúdos. Concluiu que não sabe se é um homem de fé, mas tem a certeza que nos seus quarenta anos de vida Deus tem andado por ali.
Como agradável foi ouvir a drª Maria Clara Oliveira, na perspectiva de educadora dos seus filhos, mas também dos seus alunos, que encontra frequentemente em Fátima, terra de Fé por excelência o seu porto de abrigo. Tem educado os seus filhos na Fé em Deus, mas lembrou Madre Teresa de Calcutá: –“Os filhos são como as águias, ensinarás a voar mas não voarão o teu voo. Ensinarás a sonhar, mas não sonharão os teus sonhos. Ensinarás a viver, mas não viverão a tua vida. Mas, em cada voo, em cada sonho e em cada vida permanecerá para sempre a marca dos ensinamentos recebidos”. No seu mister concluiu que a regra é os pais preocuparem-se mais com a formação intelectual. A educação moral e religiosa da escola não é catequese, faltando ali um espaço onde se possa discutir a fé. A educação deve provir do exemplo. Concluiu afirmando que estamos num tempo em que os jovens não ouvem a voz do silêncio no seu dia-a-dia, mas apreciam-no quando o conseguem viver.
Para terminar a manhã de sábado, escutou-se o dr. José Luís Ponte a falar da “Transmissão da Fé na geração dos avós” e tem como máxima, na perspectiva de Rotário que é, que se educa pelo exemplo. E com o exemplo devemos praticar a sedução, e afirmou que o seminário o seduziu pelo lado do teatro, ver o padre na sua importância no altar! Faltam jovens nas igrejas e questionou: Se os familiares transmitem a fé, então o que falta? – Falta os educadores abordarem as questões com firmeza e exigência. Invocou Daniel Sampaio e a sua obra “A razão dos avós”, segundo o qual são os avós que têm disponibilidade para educar os netos com prazer, não por dever ou missão. Os avós trazem as tradições e os rituais característicos das gerações que desapareceram, são um tesouro que não podem ser roubados às gerações. Apelou de seguida para Ubiratan D’Ambrósio que aponta quatro necessidades básicas dos educandos: – Serem acolhidos e reconhecidos como humanos; Serem ajudados no processo de crescimento; Serem amados e amarem e, finalmente, serem protagonistas do seu viver e da construção da sua história.
O homem deve estar atento à sua memória, às suas origens, cada um tem a sua, sendo sempre herdeiro, sendo por isso conveniente apelar à memória. Continuou afirmando que vivemos uma pública ausência de “compromisso com a verdade”. Corremos cinco perigos culturais: – O utilitarismo → Quanto me dás?; O consumismo → Quanto mais tiveres melhor; O individualismo → Quanto mais conhecimento eu esconder dos outros mais progrido; A despersonalização → Anonimato social e, finalmente, a ambiguidade das relações sociais. A crise que se vive é civilizacional pois o homem foi retirado do centro das decisões.
Em presença do utilitarismo deve contrapor-se a gratuidade; ao individualismo, a solidariedade; à indiferença, o compromisso. Compete à Igreja Católica encontrar tempos/espaços/técnicas que lhe permitam trabalhar a família pondo alguma ênfase nos avós e citou Confúcio: “A nossa maior glória não reside no fato de nunca cairmos, mas sim em levantarmo-nos sempre depois de cada queda.” Terminando assim os trabalhos da manhã.
Américo Lino Vinhais
Gabinete de Comunicação

quarta-feira, 28 de novembro de 2018

Uma parte de mim chamada Peru 26 de Novembro de 2018


Penso muitas vezes no sentido das vidas que cruzam o meu caminho. Penso muitas vezes na condição em que nos conhecemos e no quanto a simplicidade nos aproxima.

A missão é dura, mentiria se vos dissesse que não. A missão é árida, aqui, onde a paisagem é coberta pelas chapas do que resta das casas que com os fortes ventos que se fazem sentir quase desabam.

Não minto, a missão é dura. Muitas vezes chega a ser cruel, chega a doer. Ver o sofrimento no olhar destes meus irmãos e ver a incapacidade face a tantos desafios pelos quais ultrapassam.

São tantas as vezes em que me limito a escutar, a dar a mão, o ombro. São tantas as vezes em que sorrimos juntos em que partilhamos esse amor de Deus tão concreto e livre ao mesmo tempo. São tantos os abraços as mãos estendidas. São tantos os momentos de silêncio e entrega ao outro na mais simplicidade de te sentares no seu chão e seres um com eles.

A missão é dura, sim. Foi nesta dureza que encontrei o sentido mais profundo da minha presença em terras peruanas. Foi nesta terra árida que depositei os meus sonhos e a minha esperança. É neste pequeno pedaço de mundo que oro dia após dia pela integridade e os direitos de um ser semelhante a mim, criado por Deus. É um constante estar frágil e entregares-te na simplicidade e humildade daquele que nada tem. Assim desinteressadamente.

A missão é dura, mas é esta a missão que sempre sonhei é este constante descobrir quem sou e o que faço aqui. É este saber que não sou nada e ver frequentemente os milagres acontecerem assim, naturalmente. Numa confiança que nos faz carne da mesma carne.

Com amor e gratidão

Neuza Francisco - LMC Peru

domingo, 25 de novembro de 2018

Artur Guerra ganha prémio Ramon Llull pela tradução de Tirant lo Blanc


A tradução para português de uma novela de cavalaria crucial para o desenvolvimento do romance moderno na Europa, Tirant lo Blanc, do catalão Joanot Martorell, postumamente publicada em 1490, valeu a Artur Guerra o prémio de tradução literária da Fundação Ramon Llull, no valor de quatro mil euros, atribuído esta sexta-feira por um júri que salientou “a extensa e sólida carreira” do premiado enquanto “tradutor de diferentes línguas latinas”....


ARTUR GUERRA é um antigo aluno comboniano  tendo frequentado os seminários combonianos de 1963 a 1970.
Em nome da Associação saudámo-lo por este feito que enche de orgulho todos os que de alguma forma participaram na sua formação e fazemos votos de novos reconhecimentos pelo seu trabalho.

António Pinheiro

NÃO HÁ SOLUÇÕES PRONTAS A SERVIR Frei Bento Domingues, O.P.


1. Vamo-nos enganando e já não é pouco! Foi o comentário de um amigo à minha homilia de apresentação da Mensagem do Papa para o II Dia Mundial dos Pobres, no passado Domingo. Procurou fazer-me uma breve catequese de bom senso, pois ninguém tem uma receita eficaz para curar a história da nossa desumanidade. Mergulhados no mistério do tempo, cada um de nós vive, apenas, o pequeno intervalo entre o nascimento e a morte. Tanto vale acreditar que o mundo vai mudar para melhor como repetir que irá sempre de mal a pior. Os anúncios do avanço das ciências e das técnicas deixaram, há muito, de o entusiasmar. A quem vão eles servir? Oferecem, aos donos dos grandes negócios, novos instrumentos e condições para desenvolverem a concentração da riqueza e do poder económico, bélico e político. O mundo de todos em mãos de poucos.

Insistiu comigo: aquilo que o Papa diz e tenta fazer não resolve nada. O próprio Cristo, num momento de grande lucidez, arrumou com todas essas veleidades: pobres sempre os tereis entre vós! Estava escrito na Bíblia o que ele bem conhecia: não “haja pobres entre vós” e, no entanto, Jerusalém, a cidade santa tinha-se tornado um grande centro de mendicidade.

Sei que as atitudes, os gestos e as palavras de Bergoglio não resolvem nada, mas também sei que ajudam muitas pessoas a resolverem-se a abandonar o cepticismo estéril e a interrogar-se: que posso eu fazer? Impede-nos de tapar os olhos e os ouvidos e de dizermos que não sabemos bem o que se passa. Recusando ou aceitando somos cúmplices, aliados ou indiferentes. O Papa não consente que forjemos um Deus que nos substitua e, por isso, há crianças, adolescentes, jovens e adultos que para serem felizes optam por hierarquizar as suas necessidades e desenvolver os seus talentos para vencerem a solidão e as situações difíceis de outras pessoas. Descobriram que havia estilos de vida mais divertidos e entusiasmantes do que o culto da estupidez consumista. Um estilo sóbrio de vida pode e deve ser mais divertido do que a peregrinação obrigatória a todos os restaurantes do Guia Michelin.

Jesus Cristo e o Papa Francisco passaram e passam por situações muito difíceis, mas são profundamente felizes ao terem libertado as suas pulsões e desejos tornando-se disponíveis para verem o mundo como a Casa Comum de toda a família humana, nossa família!

Bergoglio já tinha mostrado na Laudato SI que não podemos separar o clamor da devastação do planeta e o dos pobres. A escuta da terra e a dos pobres andam sempre juntas. Pertence, precisamente, à ecologia política mostrar que a crise ambiental e a crise social andam juntas.

A pobreza e a austeridade de S. Francisco não eram um ascetismo puramente exterior. Eram algo de mais radical: a renúncia a converter a realidade em mero objecto de uso e domínio, matando o encanto e a beleza do mundo. Mercantilizar todos os âmbitos da vida é instrumentalizar as relações humanas e a relação com a natureza. Nem tudo na vida humana se pode ou deve comprar e vender.         

 2. O Papa não inventou os factos. Em Setembro de 2015, os países reunidos na Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU) comprometeram-se com uma agenda de desenvolvimento até 2030. Nessa agenda havia um compromisso: acabar com a pobreza em todas as suas formas, em todos os lugares. Ou seja, os esforços devem apontar para o objectivo de fazer com que o rendimento mínimo diário de cada pessoa supere 1,25 dólares, índice que designa, actualmente, a linha da pobreza extrema.

Como estancar a reprodução das grandes desigualdades e da pobreza? Quando se diz que é o produto de escolhas políticas injustas que reflectem a desigual distribuição do poder na sociedade, não se abordam, de forma clara, as possibilidades concretas de alterar essas escolhas. Se não é possível erradicar a pobreza no mundo sem reduzir drasticamente os níveis de desigualdade, como conseguir esse objectivo? Diz-se que os níveis extremos de desigualdades interferem na capacidade do Estado e da sociedade redistribuírem o rendimento. Erguem barreiras à mobilidade social e mantêm parcelas da população à margem da economia.

Que fazer? Quem sabe não pode e quem pode não quer.

3. Estaremos, então, condenados ao imobilismo e deixar livre o caminho para o abismo?

O relatório da ONU para o Desenvolvimento 2017, afirma que 6,5% da população global continuará na pobreza extrema até 2030, se a actual taxa de crescimento e políticas para o sector permanecerem inalteradas.

Segundo a ONU são necessários novos esforços multilaterais para tirar 550 milhões de pessoas da situação de pobreza.  Se isso não acontecer, os esforços para alcançar os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável serão fortemente prejudicados. Não se vence a pobreza até 2030 e os países menos desenvolvidos vão ficar muito abaixo das metas estabelecidas.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu acção imediata dos países para enfrentar o problema: “apesar dos grandes esforços na luta contra a pobreza, a desigualdade cresceu em todo o mundo. Os conflitos estão a aumentar. Outros problemas como as alterações climáticas, a insegurança alimentar e a escassez de água estão a colocar em risco os progressos alcançados nas últimas décadas”.       

Os cépticos continuarão a dizer que, com ONU ou sem ONU, com o Papa Francisco ou sem o Papa Francisco, a situação dos pobres e dos remendos para a minorar é muito antiga e desencorajante. Os pobres, ao morrerem, continuarão a deixar, como herança aos seus descendentes, apenas a sua pobreza.

A condição humana é histórica, está a caminho, não está irremediavelmente condenada ou salva. Esquecemos que a desigualdade entre os seres humanos começa cedo. Uns nascem em berços de ouro, outros debaixo das pontes. O que lhe é próprio é não se render ao infortúnio, nem a nível individual, nem a nível social. Quando alguém não pode, precisa de quem o ajude e, para se realizar como humano, precisa de ajudar. Mas, sem uma dimensão política em que seja possível procurar uma vida de qualidade, em instituições justas, a nível individual e global, não há manta que chegue para todos.

É verdade que ninguém dispõe de soluções prontas a servir a dignidade humana de todos. Mas ninguém devia dispensar a pergunta: eu não posso mesmo fazer nada?

O Papa Francisco faz o que pode, mas não nos pode substituir.

25.11.2018








quinta-feira, 22 de novembro de 2018

Oito novos escolásticos a caminho do diaconado 21 de Novembro de 2018


O Instituto comboniano conta com mais quatro novos leitores e quatro novos acólitos. Os dois ministérios foram conferidos no domingo, 18 de novembro, no decurso da Eucaristia presidida por D. Salvatore Visco, arcebispo de Capua, na igreja paroquial de Santa Maria dell'Aiuto, em Castel Volturno, na Itália.

Depois da homilia, D. Salvatore instituiu os escolásticos combonianos Moisés Zacarias (Moçambique), Valverde Arce Byron José (Costa Rica), Djekoundamde Florent (Chade), e Tekle Melaku Wolde (Etiópia), no ministério de leitor; e os escolásticos Deivith Harly Zanioli Gonçalves (Brasil), Angella Gabriel (Uganda), Oduor Kevin Otieno (Quénia), Paluku Vindu Moïse (RD. do Congo), no ministério de acólito…

Parabéns!

quarta-feira, 21 de novembro de 2018

Sudão do Sul: Padre jesuíta assassinado 19 de Novembro de 2018


O Pe. Victor-Luke Odhiambo foi morto na passada semana por um grupo de ladrões armados que invadiu a Residência Jesuíta Daniel Comboni na cidade de Cueibet, no estado de Gok (Sudão do Sul). O sacerdote, de 62 anos, trabalhava no Sudão do Sul há dez anos….
Pe. Victor foi o primeiro queniano jesuíta. Ele nasceu em 20 de janeiro de 1956 e integrou a Companhia de Jesus em 4 de julho de 1978. Era director da escola de formação de professores de Cueibet, fundada pelo comboniano Dom César Mazolari, bispo de Rumbek falecido há sete anos.

quarta-feira, 14 de novembro de 2018

GRUPO DE VISEU - JANTAR DE S. MARTINHO

O grupo de Viseu , sob a batuta do José Paulo Barata, vai levar a cabo um encontro de S. Martinho " com castanhas e vinho".
Será já no próximo sábado, dia 17 de Novembro.
O jantar e ponto de encontro é no café/ restaurante do ZÉ LUIS.
Confirmar a presença até 6ª feira inclusive seja para o Facebook MC Viseu ex seminaristas combonianos ou junto do Amaral, do Eduardo ou do Sã.
Espero que a malta de Viseu ...e arredores, se mobilize a apareça.
BOM S. MARTINHO.

terça-feira, 13 de novembro de 2018

Vietname: Bispos a favor de Comboni 12 de Novembro de 2018

Presidente e o Secretário da Conferência episcopal do Vietname enviaram à Santa Sé o pedido oficial para que São Daniel Comboni seja introduzido no calendário universal da Igreja católica, de modo a que a sua memória litúrgica seja celebrada por toda a parte na Missa e na Liturgia das Horas do dia 10 de outubro…

Eu espero que a primeira conferência episcopal a fazer tal pedido tenha sido a do SUDÃO.

domingo, 11 de novembro de 2018

DEUS, LIVRA-ME DE DEUS Frei Bento Domingues, O.P.


1. Seja em que campo for, ninguém tem boas razões para ser arrogante ou resignado. Não vimos de nós mesmos e precisaremos sempre dos outros para existir como humanos. A religião saudável nasce do acolhimento e da ousadia de imaginar e pensar. O dominicano José Augusto Mourão, professor de semiótica, dizia que a fórmula Eu encontrei Deus era obscena. Mas não é menos obscena a declaração do cientista ao decretar que Deus não existe por nunca se ter cruzado com ele na sua investigação.
O texto religioso nasce no seio da interpretação da realidade do mundo em que vivemos e da convicção de que a sua dimensão empírica não esgota a complexidade do real. Há linguagens que sempre teimaram em sugerir o que é indizível e invisível nas práticas científicas.
Como diz E. Schillebeeckx, a auto-revelação de Deus é dada em experiências humanas interpretadas. Nunca temos acesso à Palavra de Deus de modo imediato. Estritamente falando, a Bíblia não é a Palavra de Deus, mas um conjunto de testemunhos de fé de crentes que se situam numa tradição particular da experiência religiosa.
Para S. Tomás de Aquino, é muito razoável afirmar que Deus existe, mas saber como Deus é excede a capacidade humana. A preocupação da boa prática teológica consiste, sobretudo, em mostrar como Deus não é e como é ridículo transpor para Ele os nossos vícios e aberrações.
A liturgia é uma celebração e a homilia não é uma aula de teologia. Mas deve haver muito cuidado na leitura e interpretação dos seus textos bíblicos. O livro do Apocalipse é a obra poética mais subversiva que conheço e, como observa Frederico Lourenço, uma das verdadeiras obras-primas literárias da Bíblia. No fim da missa de Todos os Santos, veio ter comigo uma pessoa a lamentar o destaque que eu tinha dado a uma passagem desse grande poema. Ela já o tinha tentado ler e desistiu porque daquele delírio não se podia tirar nada de prático para o quotidiano da vida cristã.
Só lhe consegui dizer que ela estava a privar-se do encontro com o alfa e o ómega da terra e dos céus, com o maior desassossego e a mais alta consolação Daquele que nos ama e liberta dos nossos erros e pecados. A força simbólica do Apocalipse é imensamente mais realista do que a escrita directa ou adocicada dos livros de espiritualidade mais divulgados ou das teologias de pacotilha. Grandes músicos e pintores – Bach, Messiaen, Miguel Ângelo, entre outros – ouviram e viram os sons e as cores da jubilosa esperança da incontável multidão vinda de todas as nações, tribos, povos e línguas, a quem Deus limpará todas as lágrimas!
O Apocalipse é a liturgia dos que descobriram em Jesus Cristo o poeta cantor da vitória sobre a morte. Quem não acolher este livro, como subversão poética do convencionalismo doutrinário e dos lugares comuns da didáctica catequética, que o largue!
O autor do Apocalipse é um anti derrotista: “Eu, João, vosso irmão e companheiro na tribulação, na realeza e na perseverança em Jesus, encontrava-me na ilha de Patmos por causa da Palavra de Deus e do testemunho de Jesus. No dia do Senhor, fui movido pelo Espírito e ouvi, atrás de mim, uma voz forte (…): «Não tenhas medo! Eu sou o Primeiro e o Último; Aquele que vive. Estive morto; mas, como vês, estou vivo pelos séculos dos séculos e tenho as chaves da Morte e do Hades! Escreve, pois, as coisas que vês, as que estão a acontecer e as que vão acontecer, depois destas”[1].
Este João não escreveu só o que estava a acontecer nas sociedades e nas igrejas do seu tempo. Foi mais longe: “vi um céu novo e uma nova terra. (…) Vi descer do céu, de junto de Deus, a cidade santa, a nova Jerusalém, já preparada, qual noiva adornada para o seu esposo. E ouvi uma voz potente que vinha do trono e dizia: Esta é a morada de Deus entre os homens. Ele habitará com eles; eles serão o seu povo e o próprio Deus estará com eles e será o seu Deus. Ele enxugará todas as lágrimas dos seus olhos; e não haverá mais morte, nem luto, nem pranto, nem dor. Porque as primeiras coisas passaram. O que estava sentado no trono afirmou: Eu renovo todas as coisas. E acrescentou: Escreve, porque estas palavras são dignas de fé e verdadeiras”[2].
Não acredito que a morte possa ser o fim de todos os sonhos de vida, de todos os tempos e lugares. No fim da viagem Alguém espera por nós.
2. Depois da leitura do Apocalipse e do canto do Salmo 23, a festa de Todos os Santos tinha ainda, para nos oferecer, um dos textos mais belos de toda a Bíblia: a 1ª Carta de João. É, pelo menos, a opinião de Federico Lourenço e a minha.
O seu autor declara, logo no começo, o motivo desta carta e do seu conteúdo: escrevemos estas coisas para que a vossa alegria seja completa. Fala dezoito vezes de amor, agápê, amor da pura generosidade, porque é essa a própria realidade de Deus: “Amados, amemo-nos uns aos outros, porque o amor é de Deus; e todo aquele que ama nasceu de Deus e conhece Deus. Quem não ama, não conheceu Deus, porque Deus é amor. Nisto se manifestou o amor de Deus em nós: no facto de Deus ter enviado ao mundo o seu Filho Unigénito, para que vivamos n’Ele. Nisto está o amor: não porque nós amamos a Deus, mas porque Ele nos amou e enviou o seu Filho como propiciação pelos nossos pecados. Amados, se Deus nos amou assim, também nós nos devemos amar uns aos outros”[3].
Que bom saber e sentir: “o admirável amor que o Pai nos consagrou em nos chamar filhos de Deus e somo-lo de facto”[4].
3. Esta festa de Todos os Santos é coroada pela narrativa das Bem-Aventuranças, segundo S. Mateus. É a súmula de toda a pregação de Jesus. Proclama que não estamos condenados a sofrer um mundo como ele está. Bem-aventurado quem começar já, a partir da situação em que se encontra, a trabalhar para um mundo outro. Não somos os eternos condenados ao exílio da infelicidade. Este poema é, por isso, uma convocatória a não nos rendermos à maldição presente do uso despudorado do nome de Deus. Um deus que manda odiar e matar, ao modo das piores passagens do Antigo Testamento, de alguns terríveis momentos da história da Igreja e de certas correntes e práticas do islamismo actual, esse deus que se mate. Mas não é tudo. Ver crescer movimentos religiosos, com nome cristão, a proporem “como evangelistas” um anti-Evangelho, e o absoluto contrário das Bem-Aventuranças, exige que rezemos como Mestre Eckhart: Deus, livra-me desse deus.
11.11.2018


[1] Cf. Ap 1, 9-20
[2] Cf. Ap, 21
[3] 1Jo 4, 7-11
[4] 1 Jo 3, 1-3

terça-feira, 6 de novembro de 2018

Adeus Nyala, adeus Darfur 06 de Novembro de 2018

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A festa de São Daniel Comboni, este ano, trouxe uma grande mudança à paróquia de Nyala. A partir de hoje, a responsabilidade da paróquia passou dos combonianos para as mãos do clero local da diocese de El Obeid. Esta mudança não foi surpresa para os fiéis: foram preparados com tempo para este evento.

O novo pároco, padre Anthony Ernest Laa, sudanês, foi instalado hoje, 12 de Outubro, durante a celebração da Eucaristia presidida pelo Vigário Episcopal, padre Edward Inyasio, que leu, para o efeito, o documento oficial de D. Yunan Tombe Trille Kuku, bispo da diocese de El Obeid.

Além do padre Feliz Martins, foram concelebrantes os padres Ayoub Kudri, pároco de El Fasher, e Jervas Mawut, da comunidade comboniana de Massalma, Omdurman….