Queridos amigos,
Encontro-me há quatro meses na minha nova comunidade comboniana de Castel d’Azzano (Verona-Itália). Estou bem e contente.
Poderia dizer que este Natal é para mim uma outra ocasião para renascer, dada a nova realidade de condições de vida, de residência, de comunidade, de colegas... Somos cinquenta confrades idosos ou doentes. Quase todos de venerável idade. O P. Efrém é o nosso decano, com quase 97 anos. Eu recuperei uma minha antiga prerrogativa de ser o mais jovem membro da comunidade, a ser adicionada àquela de ser o único doente de E.L.A. no instituto!
A nossa comunidade é uma verdadeira “sala de parto.” Em 2016 deu à luz 10 novos “santos” para o céu. Um bonito um recorde! A este ritmo em cinco anos chegaremos todos ao Paraíso!...
A nossa comunidade é também uma grande “Arca de Noé” missionária, devido à diversidade humana de seus membros; à variada amostra de surdos, cegos, mudos, aleijados, mancos... e de toda a espécie de doenças que existe debaixo do sol; mas especialmente pela diversificada e extraordinária riqueza de experiências de missão.
Vim aqui encontrar velhos amigos, conhecidos durante a minha peregrinação missionária; entre eles alguns colegas de missão, como o P. Luis, famoso pelas suas façanhas de caçador, e o P. Lino, que eu apelidei de Schumacher: guiava a toda a velocidade para “sobrevoar os buracos da estrada”, dizia ele! Nenhum dos dois, no entanto, se recorda que trabalhámos juntos no Gana. A memória, a uma certa idade, prega-nos algumas partidas! Infelizmente, o P. Luis perdeu-a há 23 anos durante uma operação de cirurgia. Desde então, passa a vida vagueando pelos corredores dizendo: “perdi a memória”, mas não pára de buscá-la, dia e noite, remexendo nas gavetas dos nossos quartos... à caça de doces!
Mas vamos ao assunto desta carta: os votos de Natal. Não é fácil falar do Natal neste nosso contexto atual duma sociedade de idosos e de gente cansada, sem crianças, nem mesmo… o menino Jesus, que desapareceu do nosso presépio!
Não obstante o peso dos anos e das canseiras, partimos também nós para Belém. Se o recenseamento é feito “cada qual na sua cidade”, queremos que a nossa seja Belém, a terra de Maria e de José, dos pobres e dos humildes. Não iriamos escolher a Roma pagã e imperial do poder e da riqueza, ou a Atenas dos filósofos e dos inteligentes, nem mesmo a velha Jerusalém do culto formal e farisaico! Queremos que o nosso nome seja registrado em Belém, com o de José e de Maria! Desde Belém, pois, envio o nosso abraço natalício.
Que desejar-vos como mensagem de Natal? Para permanecer em tema de atualidade, espero que o Menino, colocado por Maria e José na manjedoura do vosso coração, seja como… uma BOMBA que exploda em mil estilhaços de amor e de carinho, para atingir toda a vossa existência e a de quantos encontrardes pelos caminhos da vossa vida! Sim, o Menino traz consigo a potência duma ‘bomba nuclear’, capaz de destruir todas as outras bombas criadas pelo egoísmo humano e de cobrir tudo e todos com a sua irradiação de luz e de calor, para que o nosso mundo possa conhecer uma nova era de paz e de fraternidade!
Não me faço, porém, muitas ilusões. Sei que a nossa vida diária, com tantos problemas e preocupações, não pode ser sempre uma explosão de alegria e de otimismo contagiantes. Então gostaria de formular um desejo alternativo: que o Menino, na sua pequenez, seja como uma SEMENTE de ternura lançada em nossos corações. Bem cuidada, com tempo e paciência, vai conseguir o milagre, talvez menos vistoso mas não menos surpreendente, de multiplicar-se com uma fecundidade maravilhosa. Sim, o nosso coração é um campo de sementes; multiplica o que nele é semeado, tanto o trigo como as ervas daninhas! Cada um recolherá do que semeou. Na manjedoura de Belém (em hebraico, “casa do pão”), encontramos o bom trigo de Deus. Recolhamo-lo e espalhemo-lo ao nosso redor, com o sorriso amigo e um gesto concreto de generosidade! E será sempre Natal!
E para o novo ano 2017? Estejam todos os teus desejos diante do Senhor! (Salmo 37, 10). “Se o teu desejo está diante d’Ele, o Pai, que vê em secreto, te escutará. O teu desejo é a tua oração. Se o teu desejo é contínuo, contínua é também a tua oração. Se não quiseres parar de orar, não deixes de desejar “ (Santo Agostinho). Eis, pois, os meus votos para o novo ano: um coração cheio de desejos, desejos realmente grandes!
Com amizade,
P. Manuel João Pereira Correia
Missionários Combonianos - Centro Alfredo Fiorini (Itália)
Encontro-me há quatro meses na minha nova comunidade comboniana de Castel d’Azzano (Verona-Itália). Estou bem e contente.
Poderia dizer que este Natal é para mim uma outra ocasião para renascer, dada a nova realidade de condições de vida, de residência, de comunidade, de colegas... Somos cinquenta confrades idosos ou doentes. Quase todos de venerável idade. O P. Efrém é o nosso decano, com quase 97 anos. Eu recuperei uma minha antiga prerrogativa de ser o mais jovem membro da comunidade, a ser adicionada àquela de ser o único doente de E.L.A. no instituto!
A nossa comunidade é uma verdadeira “sala de parto.” Em 2016 deu à luz 10 novos “santos” para o céu. Um bonito um recorde! A este ritmo em cinco anos chegaremos todos ao Paraíso!...
A nossa comunidade é também uma grande “Arca de Noé” missionária, devido à diversidade humana de seus membros; à variada amostra de surdos, cegos, mudos, aleijados, mancos... e de toda a espécie de doenças que existe debaixo do sol; mas especialmente pela diversificada e extraordinária riqueza de experiências de missão.
Vim aqui encontrar velhos amigos, conhecidos durante a minha peregrinação missionária; entre eles alguns colegas de missão, como o P. Luis, famoso pelas suas façanhas de caçador, e o P. Lino, que eu apelidei de Schumacher: guiava a toda a velocidade para “sobrevoar os buracos da estrada”, dizia ele! Nenhum dos dois, no entanto, se recorda que trabalhámos juntos no Gana. A memória, a uma certa idade, prega-nos algumas partidas! Infelizmente, o P. Luis perdeu-a há 23 anos durante uma operação de cirurgia. Desde então, passa a vida vagueando pelos corredores dizendo: “perdi a memória”, mas não pára de buscá-la, dia e noite, remexendo nas gavetas dos nossos quartos... à caça de doces!
Mas vamos ao assunto desta carta: os votos de Natal. Não é fácil falar do Natal neste nosso contexto atual duma sociedade de idosos e de gente cansada, sem crianças, nem mesmo… o menino Jesus, que desapareceu do nosso presépio!
Não obstante o peso dos anos e das canseiras, partimos também nós para Belém. Se o recenseamento é feito “cada qual na sua cidade”, queremos que a nossa seja Belém, a terra de Maria e de José, dos pobres e dos humildes. Não iriamos escolher a Roma pagã e imperial do poder e da riqueza, ou a Atenas dos filósofos e dos inteligentes, nem mesmo a velha Jerusalém do culto formal e farisaico! Queremos que o nosso nome seja registrado em Belém, com o de José e de Maria! Desde Belém, pois, envio o nosso abraço natalício.
Que desejar-vos como mensagem de Natal? Para permanecer em tema de atualidade, espero que o Menino, colocado por Maria e José na manjedoura do vosso coração, seja como… uma BOMBA que exploda em mil estilhaços de amor e de carinho, para atingir toda a vossa existência e a de quantos encontrardes pelos caminhos da vossa vida! Sim, o Menino traz consigo a potência duma ‘bomba nuclear’, capaz de destruir todas as outras bombas criadas pelo egoísmo humano e de cobrir tudo e todos com a sua irradiação de luz e de calor, para que o nosso mundo possa conhecer uma nova era de paz e de fraternidade!
Não me faço, porém, muitas ilusões. Sei que a nossa vida diária, com tantos problemas e preocupações, não pode ser sempre uma explosão de alegria e de otimismo contagiantes. Então gostaria de formular um desejo alternativo: que o Menino, na sua pequenez, seja como uma SEMENTE de ternura lançada em nossos corações. Bem cuidada, com tempo e paciência, vai conseguir o milagre, talvez menos vistoso mas não menos surpreendente, de multiplicar-se com uma fecundidade maravilhosa. Sim, o nosso coração é um campo de sementes; multiplica o que nele é semeado, tanto o trigo como as ervas daninhas! Cada um recolherá do que semeou. Na manjedoura de Belém (em hebraico, “casa do pão”), encontramos o bom trigo de Deus. Recolhamo-lo e espalhemo-lo ao nosso redor, com o sorriso amigo e um gesto concreto de generosidade! E será sempre Natal!
E para o novo ano 2017? Estejam todos os teus desejos diante do Senhor! (Salmo 37, 10). “Se o teu desejo está diante d’Ele, o Pai, que vê em secreto, te escutará. O teu desejo é a tua oração. Se o teu desejo é contínuo, contínua é também a tua oração. Se não quiseres parar de orar, não deixes de desejar “ (Santo Agostinho). Eis, pois, os meus votos para o novo ano: um coração cheio de desejos, desejos realmente grandes!
Com amizade,
P. Manuel João Pereira Correia
Missionários Combonianos - Centro Alfredo Fiorini (Itália)
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