Entrevista ao irmão Bernardino Frutuoso, Director da Audácia, sobre os 50 anos da revista missionária infanto-juvenil publicada pelos Missionários Combonianos.
PARABÉNS.....
terça-feira, 28 de fevereiro de 2017
domingo, 26 de fevereiro de 2017
FÁTIMA DÁ PARA TUDO (2) Frei Bento Domingues, O.P.
1. Em conversa com um
amigo, a propósito da recente avalanche de escritos sobre Fátima, ele defendia que
o mais sólido e resistente capital simbólico português do século XX-XXI nasceu
de dois fenómenos quase simultâneos e completamente diferentes: o dos heterónimos
de Fernando Pessoa e o dos pastorinhos da Cova da Iria. Um é poético e o outro é
religioso. A figura mais emblemática e enigmática da Poesia, que goza de um
crescente reconhecimento internacional, é Fernando Pessoa. A Religião que atrai
milhões, com pretensões a “altar do mundo”, é Fátima.
Essa observação talvez não seja
apenas megalomania e nostalgia de um império perdido, mas é uma abordagem que excede
os propósitos desta crónica. É verdade que tanto o referido fenómeno poético
como o religioso surgiram na mesma época, mas o Desassossego de Fernando Pessoa - reconhecendo que “a vida é uma
metafísica às escuras com um rumor de deuses e o desconhecimento da rota como a
única via” - nunca tomou o caminho de Fátima e a religião de Fátima nunca se
encontrou com a grande Poesia nem com o questionamento metafísico[i].
Seria, no entanto, muito precipitado
concluir que o fundo da experiência religiosa seja incompatível com a ciência,
a filosofia e a arte. Sobre essa problemática, Einstein pronunciou-se de um
modo que merece atenção:
“A mais bela e profunda experiência que o ser
humano pode ter é o sentido do misterioso. É o princípio básico da religião,
como de todo o empreendimento sério em arte e ciência. Quem nunca teve esta
experiência parece-me, senão morto, pelo menos cego. Sentir que por trás do que
pode ser experienciado há algo que a nossa mente não pode atingir e cuja beleza
e carácter sublime só indirectamente nos chega como um fraco reflexo, isso é
religiosidade. Neste sentido, sou religioso. Para mim, basta pensar nestes
segredos e humildemente tentar captar com a minha mente uma mera imagem da
estrutura soberba de tudo o que existe[ii].” Algo semelhante foi destacado
por L. Wittgenstein: “O inexprimível - o que eu considero misterioso e não sou
capaz de exprimir - talvez seja o pano de fundo a partir do qual recebe sentido
seja o que for que eu possa exprimir[iii]”.
Com O Livro do Desassossego, Fernando Pessoa desassossega as crenças, a
teologia, o ateísmo, o cepticismo e o niilismo. Abala todas as aparentes
certezas. Só quando percebermos que não nos entendemos a nós próprios, não
entendemos os outros, não entendemos o universo, não entendemos Deus, poderemos
começar a ser religiosos, isto é, pessoas atentas ao mistério de tudo. O ser
humano é precisamente aquele que sabe que não sabe. Vive na finitude do mundo e
na nossa imperfeição.
2. Não é credível que as primeiras “aparições” de Fátima tenham
sido encomendadas aos pastorinhos nem que o seu desenrolar, durante um século,
estivesse predeterminado no céu e na terra. É normal que as exigências do
método histórico vão detectando o carácter construído daquilo que foi
apresentado como ditado de Nª Senhora.
A própria Lúcia confessa que foi
o Padre Faustino “quem nos ensinou a guardar o nosso segredo”, assim “como o
modo de dar gosto a Nosso Senhor em tudo e, a maneira de lhe oferecer um
sem-número de pequenos sacrifícios: se vos apetecer comer uma coisa, meus
filhinhos, deixai-a e, em seu lugar, comei outra e oferecei a Deus esse
sacrifício, se vos apetecer brincar, não brincai e oferecei a Deus esse
sacrifício[iv].” O cónego Formigão e
outros não conseguiram esconder a sua mão na configuração das metamorfoses das
narrativas ao longo do tempo, servidas por uma grande capacidade adaptativa da
Irmã Lúcia, testemunhada nas suas Memórias
e nas suas Cartas[v].
A preocupação pela historicidade
das chamadas Aparições de Fátima é
legítima para distinguir a eclosão do próprio fenómeno religioso dos
posteriores desenvolvimentos controlados por eclesiásticos, desde Aljustrel até Tuy[vi]. O que os pastorinhos
disseram e as circunstâncias das suas narrativas podem ser estudadas. A
credibilidade humana de todas essas declarações é assunto de investigação. É
normal que surjam interpretações diferentes. O que nenhum católico está
obrigado a acreditar é no carácter sobrenatural dessas manifestações marianas,
as chamadas mariofanias. As
declarações eclesiásticas de que o fenómeno de Fátima é digno de crédito, não
podem ser acrescentadas ao Credo. São de outra ordem.
Poderá então perguntar-se: tantos
milhões que vão a Fátima andaram enganados?
3. A sedução de um
fenómeno religioso não se mede pela sua historicidade. Não é a impossível verificação
empírica do sobrenatural que está na origem dos grandes centros de peregrinação.
O que atrai os peregrinos é o testemunho de algo fantástico reconhecido como
sagrado. Santiago de Compostela foi e continua, desde a Idade Média até aos
nossos dias, uma das maiores peregrinações do Ocidente. Os restos mortais de Santiago viajaram da Terra Santa até Compostela,
num barco de pedra guiado por anjos!
António Marujo e Rui Paulo da
Cruz publicaram uma obra, A Senhora de
Maio. Todas as perguntas sobre Fátima[vii].
Pode ser que ainda falte alguma,
mas a sua música dissonante, a várias vozes, dá muito que pensar, como veremos.
26.02.2017
[i] Já abordei as relações de
Fernando Pessoa com Fátima em Bento Domingues, A Religião dos Portugueses, Figueirinhas| Porto| Lisboa, 1988
[ii] Cit. por Len Port, Fátima – milagre, ilusão ou fraude?
Guerra e Paz, Lisboa, 1917
[iii] Cultura
e Valor, Ed.70, Lisboa 1976
[iv] Cf. Aurélio Lopes, Videntes e Confidentes, Cosmos, 2009,
pp.231-232
[vi] O próprio Santuário se
encarregou de publicar a DOCUMENTAÇÃO
crítica de Fátima, em vários volumes. Existe uma Enciclopédia de Fátima, Coord. Carlos Azevedo/Luciano Cristino,
Principia, 2007 e vai crescendo sempre o número das obras sobre Fátima.
[vii] Temas e Debates –
Círculo de Leitores, Fev. 2017
quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017
Sudão do Sul: Governo declara estado de fome 21 de Fevereiro de 2017
"O governo do Sudão do Sul declarou na segunda-feira, 20 de fevereiro, situação de fome em algumas regiões do estado de Unidade, no centro-norte do país.
A declaração formal da situação de fome em áreas de Unidade indica que já começam a morrer pessoas na que é considerada "a pior catástrofe" desde o início do conflito há mais de três anos."
Que lata a destes governantes!!!!!!!!
A declaração formal da situação de fome em áreas de Unidade indica que já começam a morrer pessoas na que é considerada "a pior catástrofe" desde o início do conflito há mais de três anos."
Que lata a destes governantes!!!!!!!!
segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017
FÁTIMA DÁ PARA TUDO (1) Frei Bento Domingues, O.P.
1. Estou sempre a ser interrogado sobre as razões da vinda do Papa
Francisco a Fátima. A resposta também é sempre a mesma: não sei. A adivinhação
nunca me fez companhia. De qualquer modo, dentro de poucos meses, já estaremos
a interpretar as declarações do peregrino Bergoglio. Toda a gente tem, no
entanto, direito a conjecturas, filhas de desejos e receios. Há quem diga que,
em Portugal, os bispos e os padres não são conhecidos pelo seu entusiasmo com a
linha reformista do Papa Francisco e que as dioceses e paróquias se ressentem muito
desse minguado interesse. Além disso, consta que existem grupos organizados
para resistir às novidades deste argentino.
Se assim for, não estaremos a ser
muito originais. Ana Fonseca Pereira, no Público da passada segunda-feira, deu
uma boa amostra das manobras da oposição organizada ao Papa Francisco, ao mais
alto nível, e robustecidas pela eleição de D. Trump. Nesse sentido, a
peregrinação a Fátima - seguindo uma tradição que já vem de Paulo VI – teria
uma significação de grande alcance. Fátima não é o melhor símbolo do
esquerdismo católico, mas a multidão que se vai concentrar a 12 e 13 de Maio,
em Fátima, apoiada pelos grandes meios de comunicação social, não vai mostrar,
apenas, que Fátima continua a ser a maior peregrinação do Ocidente, com ecos em
todos os continentes. Não poderá esse fenómeno religioso converter-se num dos
grandes focos da nova evangelização e
de uma Igreja de saída para todas as
periferias existenciais? Fátima cheira
a povo. As denunciadas manobras clericais já apanharam o fenómeno da Cova
da Iria em movimento. Conseguiram enquadrá-lo, moldá-lo, limpá-lo das suas expressões
mais rudes e supersticiosas, mas cada peregrino é que sabe o sofrimento e a
desolação, a esperança e a graça que motivaram as promessas mais insólitas e o
seu cumprimento doloroso. Obedece a razões que excedem o registo da razão. Cada
peregrino vive Fátima à sua maneira, sem pedir licença a ninguém. É legítimo
perguntar: não poderá a ancestral cultura do sofrimento ser iluminada pela
alegria do Evangelho?
O Papa talvez não se vá contentar
apenas em fazer coro com o comovente e nostálgico cântico do adeus ou com a inesquecível procissão das velas. Segundo o Evangelho
de S. João, o Novo Testamento (NT) começou com uma festa atribulada. A grande conversão não foi a da água em
vinho, mas a de Maria que, de mãe de
Jesus, passou a ser sua discípula. Assumiu e interiorizou de tal modo o
projecto do seu filho que, junto da cruz, Ele a encarregou de cuidar dos
discípulos. Para sempre.
Não seria de estranhar que o Papa
lembrasse àquela imensa multidão: aprendam,
com Maria, a ser discípulos de Jesus e da sua missão, membros de uma Igreja de
saída. Esta seria a grande conversão mariana de Fátima.
2. Desejos são desejos. Fátima é futuro, mas também 100 anos de
história e sobre ela já existem muitos pontos de vista, muitas interpretações.
No Público (P2) do Domingo passado,
António Araújo, elaborou um dossier –
Fátima 100 anos – no qual não faz, apenas, o registo e o balanço das obras
recentemente editadas sobre um fenómeno que continua a ser intrigante. No seu
estudo, põe de lado as obras de simplismo laudatório e condenatório e
manifesta, na sua análise, que já existem condições para o exercício de um
olhar ponderado, crítico, que exerce com grande mestria.
Eu não posso ser um bom estudioso
de Fátima porque acompanhei, muito de perto, o modo como as chamadas aparições
criaram uma cidade e um apreciável volume de negócios, mas também a forma como
se tornou o centro religioso do país e não só, a ponto de, por vezes, não se
saber se o Vaticano se transferiu para Fátima ou Fátima para o Vaticano. É um
corredor que já tem história.
Poder-se-á dizer: e que mal tem
isso e como poderia ser de outra forma? O Anjo apareceu em Fátima, mas os
peregrinos não são anjos.
3. Às vezes aborrece-me, outras dá-me para rir quando se pergunta
se Fátima é milagre ou construção, embora tenha de louvar a seriedade do
trabalho de Patrícia Carvalho acerca dessa mesma questão. Porquê?
O cardeal Ratzinger repetiu, em
Fátima, a conhecida distinção entre revelação pública e privada, para não
colocar ao mesmo nível o que se passou na Cova da Iria com os acontecimentos
narrados e interpretados no NT. Fátima não pertence ao Credo Católico. Mas nunca me esqueço da observação que o filósofo
Gabriel Marcel fez, em Fátima, aos estudantes dominicanos, muito críticos das fantasiosas
narrativas das aparições feitas pelos pastorinhos: se foi Nossa Senhora que
apareceu, deve ter liberdade para se manifestar como quiser; não tem que vos
pedir conselhos.
O cristianismo é incompreensível
sem a fé na Ressurreição, isto é, que a morte não é a última palavra sobre o
destino humano. Mas nunca me pareceu que, com a morte, Jesus Cristo, a sua mãe
e os discípulos de todas as épocas, tenham ido para férias eternas. Acredito
que os que morrem são acolhidos, já neste mundo, no Deus do puro amor. S. Paulo
lembrou, em Atenas, que foi um gentio a escrever que é na divindade que vivemos,
nos movemos e existimos.
Muitos místicos confessaram as
revelações divinas que viveram. Creio que, se estivéssemos atentos ao que se
passa no interior de cada um de nós, poderíamos saber ler os sinais que Deus
nos faz e os que lhe procuramos dar ou recusar, pelas nossas obras de
misericórdia e oração.
É por esquecermos que o Reino de
Deus está dentro de nós, acolhido ou recusado, que mandamos os nossos mortos
para o mundo do esquecimento.
Ainda que nos esqueçamos deles,
eles nunca se esquecerão de nós. São eternos colaboradores da sua paixão.
A continuar. Fátima dá para muito
mais.
19.02.2017
quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017
Celebrar gratidão...Pe.David Glenday
"Em 2017, os Missionários Combonianos celebram 150 anos da fundação do instituto São Daniel Comboni.
Celebrar o 150.º aniversário da fundação do Instituto por S. Daniel Comboni é muito pessoal. É a celebração de uma graça muito diversificada que me acompanhou desde os meus primeiros anos, e que eu fui aprendendo a apreciar e entender profundamente ao longo dos acontecimentos e diferentes fases da minha caminhada missionária. Para mim, esta celebração é gratidão, em especial a minha gratidão para com S. Daniel Comboni, pelas maneiras como o Instituto conformou profundamente e enriqueceu a minha vida. Gostaria de partilhar somente três entre muitas razões para esta minha gratidão.
...
Experiência de Deus e fé
...
Esta obra é católica
...
Uma missão para todo o discípulo
...
Obrigado e Sim..."
Celebrar o 150.º aniversário da fundação do Instituto por S. Daniel Comboni é muito pessoal. É a celebração de uma graça muito diversificada que me acompanhou desde os meus primeiros anos, e que eu fui aprendendo a apreciar e entender profundamente ao longo dos acontecimentos e diferentes fases da minha caminhada missionária. Para mim, esta celebração é gratidão, em especial a minha gratidão para com S. Daniel Comboni, pelas maneiras como o Instituto conformou profundamente e enriqueceu a minha vida. Gostaria de partilhar somente três entre muitas razões para esta minha gratidão.
...
Experiência de Deus e fé
...
Esta obra é católica
...
Uma missão para todo o discípulo
...
Obrigado e Sim..."
segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017
JIM organiza retiro para jovens
O grupo Jovens in Missão (JIM) está a organizar o retiro "Contemplar para cuidar", que acontece no mês de março de 2017 nas regiões Norte e Sul de Portugal:
Maia: de sexta-feira, 03/03 (21h00) a domingo, 05/03 (13h00)
Santarém: de sexta-feira, 24/03 (21h00) a domingo, 26/03 (13h00)
Ao longo do ano, e no meio de tantas actividades, reservamos um espaço de meditação e tranquilidade, para uma visita ao primeiro amor que faz de cada um de nós o/a crente que somos hoje. Este momento importante é o retiro, momento de paragem, reflexão e oração, habitualmente no tempo da Quaresma.
Vem viver um momento de tranquilidade, onde podes meditar, refletir, rezar, partilhar e sobretudo, encontrar-te contigo mesmo, com Deus e com os outros. Tudo isto, num ambiente natural e convidativo ao silêncio e à contemplação.
Inscrições Maia: Até dia 26 de fevereiro com P. Jorge: jovemissio@gmail.com ou 916 656 857
Inscrições Santarém: Até dia 17 de março com P. Carlos: jimsulmccj@gmail.com ou 913 739 160
Mais informações em na página do JIM.
Vem participar e convida outros!
Maia: de sexta-feira, 03/03 (21h00) a domingo, 05/03 (13h00)
Santarém: de sexta-feira, 24/03 (21h00) a domingo, 26/03 (13h00)
Ao longo do ano, e no meio de tantas actividades, reservamos um espaço de meditação e tranquilidade, para uma visita ao primeiro amor que faz de cada um de nós o/a crente que somos hoje. Este momento importante é o retiro, momento de paragem, reflexão e oração, habitualmente no tempo da Quaresma.
Vem viver um momento de tranquilidade, onde podes meditar, refletir, rezar, partilhar e sobretudo, encontrar-te contigo mesmo, com Deus e com os outros. Tudo isto, num ambiente natural e convidativo ao silêncio e à contemplação.
Inscrições Maia: Até dia 26 de fevereiro com P. Jorge: jovemissio@gmail.com ou 916 656 857
Inscrições Santarém: Até dia 17 de março com P. Carlos: jimsulmccj@gmail.com ou 913 739 160
Mais informações em na página do JIM.
Vem participar e convida outros!
Subscrever:
Mensagens (Atom)