"No dia 24 de junho, faleceu o missionário comboniano português P.e Rogério Artur de Sousa. Tinha 84 anos. Natural de Sargaçais, Aguiar da Beira. Hoje de manhã realizou-se a missa exequial no Seminário das Missões de Viseu. O funeral está marcado para hoje, às 15h00, em Souto de Aguiar.
O P.e Rogério foi o primeiro padre comboniano português. Depois de ter feito o seu noviciado e a Teologia em Itália, foi ordenado pelo bispo D. José da Cruz Moreira Pinto, na Igreja do Seminário das Missões, em Viseu a 27 de julho de 1958 (onze anos depois da chegada dos Combonianos a Portugal e à diocese viseense).
De 1960 foi destinado a Moçambique, onde ficou dois anos. Regressou a Portugal e fez parte da redação da revista Além-Mar em 1963 e 1964. Voltou a Moçambique em 1967 e permaneceu lá vinte anos, interrompidos apenas com a ordem de expulsão daquele país em 13 de abril de 1974, mas a que pôde voltar logo após a revolução do dia 25 desse mês. Regressado a Portugal, fez parte de várias comunidades combonianas no nosso país. Encontrava-se atualmente em Viseu.
Agradecemos a Deus pela vida do P.e Rogério, inteiramente dedicada à missão, e encomendámo-lo e a sua família à solidariedade da vossa oração."
Em nome da AAAC apresentamos sentidas condolências à família e enviamos um abraço de solidariedade ao Pe. José de Sousa.
A DIREÇÃO
quinta-feira, 29 de junho de 2017
quinta-feira, 22 de junho de 2017
Pe. MANUEL AUGUSTO : A reconfiguração do Instituto à luz da nossa história
O P. Manuel Augusto Lopes Ferreira, comboniano português, apresentou o tema “A reconfiguração do Instituto à luz da nossa história” durante o Simpósio dos 150 anos da fundação do Instituto dos Missionários Combonianos, que se realizou de 26 de Maio a 1 de Junho, na Casa Generalícia, em Roma.
A reflexão, diz o P. Manuel Augusto, pretende fazer um percurso histórico, “para ver como o nosso percurso desde a fundação até hoje nos pode iluminar na tarefa da configuração que temos de fazer no presente”.
Para ver AQUI.
A reflexão, diz o P. Manuel Augusto, pretende fazer um percurso histórico, “para ver como o nosso percurso desde a fundação até hoje nos pode iluminar na tarefa da configuração que temos de fazer no presente”.
Para ver AQUI.
quarta-feira, 14 de junho de 2017
Dia da Família Comboniana em Portugal
"Foi no passado dia 10 de Junho, dia do Anjo de Portugal, que nos reunimos com vários membros das diversas realidades da Família Comboniana – Missionárias Seculares Combonianas, Irmãs Missionárias Combonianas e Missionários Combonianos – para, com muita alegria, celebrarmos pela primeira vez o «Dia da Família Comboniana». O evento decorreu em Óis da Ribeira (Fermentelos – Águeda) e éramos cerca de 50 missionários e missionárias."
domingo, 11 de junho de 2017
UM DEUS PLURAL E UMA IGREJA MONOLÍTICA? Frei Bento Domingues, O.P.
Um pouco difícil de enteder o alcance.......
1. Quando se
pressentem consequências graves de desentendimentos entre pessoas belicosas,
diz-se, à moda do Porto: vai cair o Carmo e a Trindade. Sobre a Trindade,
muitos católicos já não sabem muito mais. O antigo mundo rural orientava-se
pelo “toque das trindades”. O sino da Igreja paroquial tocava três vezes por
dia: de manhã, ao meio-dia e ao fim da tarde. Tudo parava, os homens tiravam o
boné, e rezava-se o “Anjo do Senhor”, seguido de uma “Avé Maria” e do “Glória
ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo”.
Quando se queria mostrar o cuidado da família com o
desenvolvimento religioso da criança, pediam-lhe: “mostra que já sabes fazer o
sinal da cruz”. Era um rosto marcado pela Trindade Santa.
Na catequese ou na teologia, ignorando os recursos evocativos
da linguagem simbólica, repousava-se no mundo dos conceitos evanescentes. À
falta de explicações satisfatórias, recorria-se a uma geometria rudimentar, ao
triângulo ou ao trevo do campo.
As argutas definições dogmáticas dos séculos II, III e IV
não se contentaram com a proclamação de Paulo em Atenas: é em Deus que vivemos,
nos movemos e existimos[1].
Sim, Deus, mas que Deus? Foi preciso mostrar que era possível
dizer que um só Deus vive misteriosamente em três pessoas distintas, iguais e diferentes:
todas activas, inteligentes, amantes, em comunhão perfeita e sem qualquer
subordinação! Era a vitória da máxima unidade na floração da máxima diversidade.
Por mais estranha que pareça, esta convicção talvez não seja
nem absurda, nem inútil. Não poderá ela esconder a realidade mais profunda e
misteriosa do mundo, da família, da sociedade, da política, da religião e da
Igreja?
2. Em nome da
unidade, sacrifica-se a diversidade e a imprevisível liberdade, resvalando-se para
a falsa segurança da ditadura; perante as dificuldades de viver em liberdade, na
diversidade, no pluralismo, pergunta-se: será possível conjugar governabilidade
e democracia? Não serão os muros a recusa do acolhimento recíproco entre diversas
identidades num mundo que a todos compete
respeitar, como casa comum?
A sabedoria aconselha a que não se deite para o caixote do
lixo a afirmação trinitária de Deus que hoje é celebrada na Igreja Católica. É
um alerta político, cultural e religioso, como sublinhou o filósofo Giorgio
Agamben.
S. Paulo deu-lhe uma expressão quase narrativa: A graça do Senhor Jesus Cristo, o amor de
Deus e a comunhão do Espírito Santo estejam com todos vós[2].
Representa um belo sumário da teologia da unidade plural da Igreja, na comunhão
e na diversidade dos seus carismas. Por desgraça, os rituais não conservam
apenas as referências centrais de uma religião. Decaem, facilmente, em rotinas que
adormecem as consciências em vez de as despertar para o que falta viver e
fazer.
É legítimo perguntar: porque continuar a manter a vergonhosa
separação entre as Igrejas do Oriente e do Ocidente, invocando minudências linguísticas
esquecendo que estamos todos a balbuciar o inabarcável mistério de Deus e do
mundo? A verdade viva revela-se no caminho humilde da busca espiritual e não no
orgulho de manter embalsamadas fórmulas e costumes em nome de ortodoxias vazias.
Porque não deixar Deus ser Deus e o seu Espírito à solta no mundo?
A arrogância de todas as Igrejas, em nome da posse da verdade,
acaba por afastá-las da alegria da comunhão na fé e na caridade, impedindo-as
da escuta recíproca e da pergunta essencial: não poderei aprender nada com as outras comunidades cristãs, com as
outras religiões, com as pessoas que buscam, por tantos caminhos, um sentido
para a vida?
3. Estamos em
2017, a cinco séculos de distância do gesto de Martinho Lutero, ao colocar, a
31 de Outubro de 1517, as suas teses sobre o comércio de indulgências, na porta
da Igreja do Castelo de Wittenberg. De facto, o V Centenário da Reforma já foi
inaugurado, na Alemanha, em 2008. É a Década
de Lutero.
É, também, uma ocasião para os historiadores da cultura, da
política e da teologia reexaminarem cinco séculos de história extremamente
complexa e, talvez, colherem algumas lições para o nosso presente de renovados
fanatismos políticos e religiosos.
Portugal não é a pátria de Lutero e os portugueses também
não o puderam acolher no séc. XVI, nem com discernimento nem sem discernimento.
Depois foram-no esquecendo.
Para assinalar os
quatrocentos e cinquenta anos da sua morte, o Centro de Estudos de
Teologia/Ciência das Religiões, da Universidade Lusófona, marcou essa data com
um importante Colóquio, cujos contributos já estão publicados. Tentei, no
Prefácio, explicar as razões da ausência de Lutero entre nós[3].
O P. Carreira das Neves introduziu o seu importante Lutero. Palavra e Fé, com a pertinente
observação: «O tema que vamos tratar tem sido objecto de milhares de livros,
artigos e pronunciamentos religiosos, políticos, sociológicos, filosóficos. Só
estranha o facto de nenhum autor português ter assumido, nestes quinhentos anos
que nos separam de Lutero, a responsabilidade de escrever sobre esta pessoa que
está na origem do protestantismo luterano e das igrejas evangélicas»[4].
O ausente de Portugal encontrou acolhimento, em português,
mas no Brasil, onde já foram publicados 12 volumes das Obras Seleccionadas de Martinho Lutero[5].
O luterano Artur Villares pergunta: «Cinco séculos depois, com a poeira da História a assentar, e as polémicas,
ódios e extremismos, definitivamente encerrados nas prateleiras da apologética
de todos os participantes, o que significa, para o homem de hoje, o nome de
Martinho Lutero? Para muitos nada; para outros tantos, um mero revoltado, um
rebelde, que destruiu a unidade da Igreja do Ocidente; para outros ainda, uma
figura histórica, de assinalável grandeza, um dos construtores do mundo moderno».
O Pe. Carreira das Neves também perguntou: «Lutero está ultrapassado?» E concluiu
a sua obra com muita graça: «estamos todos ultrapassados se nos fixarmos nos
redutos das nossas identidades religiosas, de ritualismos, jurisdicismos,
dogmatismos, farisaísmos»[6].
11.06.2017
[1] Act 17, 22-29
[2] 2Cor 13, 13 e paralelos.
[3] Martinho Lutero. Diálogo e Modernidade, Prefácio de Frei Bento
Domingues, Edições Universitárias Lusófonas, 1999.
[4] Lutero. Palavra e Fé, Presença, Lisboa, 2014, p.17, assinala que de
obras estrangeiras, em Portugal, apareceu apenas a tradução do livro de
Johannes Hessen, Lutero visto pelos
Católicos, Coimbra, 1951, Ed. Arménio Amado; Lucien Febvre, Martinho Lutero. Um Destino, Ed.
Bertrand, 1976; nova tradução do mesmo autor, da Ed. Texto, 2010. Cf. Walter
Kasper, Martinho Lutero. Lido em chave
ecuménica 500 anos depois, Paulinas, Lisboa, 2016.
segunda-feira, 5 de junho de 2017
O ESPÍRITO SOPRA ONDE QUER Frei Bento Domingues, O.P.
Muito revolucionário (e muito dúbio) este Frei Bento Domingues....
1. O Vaticano II,
que foi o Pentecostes do século XX, tentou renovar, descentrar a Igreja e levar
os cristãos a serem agentes da transformação da sociedade, segundo critérios de
desenvolvimento, de liberdade, de justiça e de paz, em colaboração com todos os
seres humanos preocupados em tornar melhor este nosso mundo. Foi a conclusão de
muitos movimentos que o precederam, catalisados pela leitura que João XXIII fez
dos sinais dos tempos.
Para as novas gerações isto pode parecer mais antigo do que
o Antigo Testamento (AT). Se não tivermos em conta que a sensibilidade eclesial
e social muda rapidamente, também não compreenderemos a urgência do Papa
Francisco em reinterpretar o Vaticano II no mundo actual, muito diferente dos
anos 60 do século passado.
Não podemos esquecer que o movimento cristão começou por se enxertar
no mundo judaico, mas também na perspectiva de se enxertar em todos os povos e
culturas.
É verdade que, nas suas primeiras manifestações, este
movimento pensava que o fim estava para breve. Não valia a pena influenciar os
destinos das sociedades humanas. Cada pessoa que esperasse o fim, segundo a
situação em que se encontrava, casada ou solteira. Era mais importante salvar-se
deste mundo do que salvar este mundo. S. Paulo, na primeira carta aos Tessalonicenses,
preocupava-se mais em organizar o fim próximo do que em programar o futuro. Foi
sol de pouca dura. Ele próprio, na segunda carta apercebeu-se que se tinha
enganado e não tenta elaborar uma nova concepção. Opta por medidas pragmáticas:
“ Quando estava entre vós já vos tinha dado a seguinte ordem: quem não quiser
trabalhar, também não coma. Ora, ouvi dizer que alguns de entre vós levam a vida
à toa, muito atarefados a não fazer nada. A estas pessoas, ordeno e exorto, no
Senhor Jesus Cristo, que trabalhem na tranquilidade, para ganhar o pão com o
próprio esforço.”[1]
Quando os Actos dos Apóstolos (Act) são escritos, o autor
apresenta Jesus Cristo bastante decepcionado: “ Estando reunidos, os discípulos
interrogaram-no: Senhor, é agora que ides
restaurar a casa de Israel? Resposta: Não vos compete conhecer os tempos e
os momentos que o Pai reservou em seu poder. Mas o Espírito Santo descerá sobre
vós e dele recebereis força. Sereis, então minhas testemunhas em Jerusalém, em
toda a Judeia e Samaria e até aos confins da terra.[2]”
S. Lucas era um artista em compor cenários dinâmicos. Era
como se Jesus tivesse dito: Eu acabei, mas a tarefa não. Pelo contrário,
alargou o horizonte, mas seria uma energia nova, o Espírito Santo, que levaria
os discípulos a realizá-la.
2. No Domingo passado,
celebramos uma despedida que o não era. Ocultou-se
dos seus olhos numa nuvem. Foi a Festa da Ascensão. Interpretada em termos
espaciais, poderia sugerir o que um miúdo me perguntou: foi visitar os extra
terrestres?
Outros escritos do NT insistem em que Cristo, longe da nossa
vista, continua connosco até ao fim dos tempos em toda a nossa vida, mas como
um clandestino.
A habilidade de S. Lucas consiste em não querer discípulos
pasmados a olhar para o céu, como se a sua missão não fosse a transformação da
Terra. Representa, por isso, a diferença que existe entre a Igreja presa do
medo e a Igreja sacudida, abalada pelo Espírito. “ Quando chegou o dia de
Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar. De repente, veio do céu um
ruído semelhante ao soprar de impetuoso vendaval e encheu toda a casa onde se
encontravam. Apareceram umas como línguas de fogo, que se distribuíam e foram
posar sobre cada um deles. Ficaram todos cheios do Espírito Santo e começaram a
falar noutras línguas, conforme o Espírito os impelia.”[3]
Havia uma festa judaica para celebrar o dom da Lei com gente
piedosa que vinha de todas as nações. Confusão geral. Como é que cada pessoa ouvia
falar aqueles galileus, na sua própria língua? Estão com os copos. Aí, Pedro, em nome do grupo não aguentou. Ainda
não é hora para bebedeiras. Está a cumprir-se a profecia de Joel: “Acontecerá,
nos últimos dias, diz o Senhor, que derramarei o meu Espírito sobre toda a
carne. Os vossos filhos e as vossas filhas hão-de profetizar, os vossos jovens
terão visões e os vossos velhos hão-de ter sonhos. Em verdade sobre os meus
servos e as minhas servas derramarei o meu Espírito.”[4]
3. Se, como
vimos, os primeiros cristãos pensavam que o mundo estava a chegar ao fim, os
Actos dizem-nos que está tudo a começar. Esta obra deveria chamar-se o Livro das Aventuras do Espírito Santo.
Faz tudo às avessas do previsto no judaísmo. O próprio S. Pedro levou tempo a compreender
a liberdade de Deus. Quando teve de justificar, perante os circuncisos, o seu comportamento de acolhimento dos gentios,
confessa: “Apenas eu começara a falar o Espírito Santo caiu sobre eles, como
sobre nós ao princípio. Lembrei-me, então desta palavra de Senhor: João, dizia
ele, baptizou com água, mas vós sereis baptizados com o Espírito Santo. Se Deus
lhes concedeu o mesmo dom que a nós, que acreditamos no Senhor Jesus Cristo,
quem sou eu para me opor a Deus?”[5]
Os sarilhos vão
ser mais que muitos e vai ser preciso reunir um Concílio, o primeiro da Igreja
cristã, para reconhecer que o Espírito de Deus não faz acepção de pessoas, nem
de povos, nem de culturas. É o Espírito da liberdade, do amor universal.
Não é para aqui a leitura de dois mil anos de história das
Igrejas cristãs no mundo. No entanto, algo ficou testemunhado nos textos do NT.
O caminho do poder de dominação económica, política e religiosa, foi o
ambicionado pelos discípulos e sempre recusado pelo Mestre. Disse-lhes,
expressamente: quem quiser ser o primeiro, ponha-se ao serviço de todos; aqui,
reinar é servir. Isto significa que a Igreja não anda para traz quando se
confronta com este espelho. O que o Espírito de Cristo lembra a todos os
cristãos é simples: o nosso passado, o nosso presente e o nosso futuro só é
garantido pela contínua criatividade.
Quiseram fazer do Vaticano e das suas Cúrias o lugar do depósito da Fé. Esta não é um depósito,
é o caminho do mundo, como Evangelho da Alegria. É sintomático que o Papa
Francisco surja, simultaneamente, com um programa de reforma da Cúria e com um
programa de Igreja de saída, para todas as periferias. Talvez seja o mesmo.
Perante as novas experiências e expressões do Evangelho,
Bergoglio poderá dizer como Pedro: estava eu no meio desses pobres e
abandonados e o Espírito Santo caiu sobre eles como um novo Pentecostes. Quem
sou eu para dizer que Deus é só para os que têm assento nos lugares de poder da
Igreja?
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