1.A vida é tingida pelo
enigma e nimbada pelo
mistério.
Quem tem fé espera
– legitimamente, aliás
– não sofrer ou vencer o
sofrimento.
2. Nem sempre isso acontece,
porém. Como explica
Michael Paul Gallagher, «a
fé não tira a dor, carrega-a».
Na fé, não deixamos de
sofrer; sofremos de maneira
diferente. A felicidade não
está longe da dor e a dor não
está necessariamente longe
da felicidade.
3. Eternos insatisfeitos, ficamos
pensativos com certas
palavras e intrigados com
muitos silêncios.
Sucede que Deus é perito
na Palavra e imensamente
subtil no silêncio.
4. Como notou Michael
Paul Gallagher, «Cristo é uma
Palavra entre dois grandes
silêncios».
Antes e depois da Palavra,
é o silêncio. Não subestimemos,
pois, o silêncio e aprenderemos
a dar mais valor às
palavras.
5. Quando falamos da realidade
de Deus, acabamos
por pensar na nossa realidade
acerca de Deus.
Era bom, por isso, que
nos deixássemos surpreender
pela aparente «irrealidade
de Deus».
6. É o que propõe Michael
Paul Gallagher. É quando parece
mais irreal que Deus Se
torna mais real.
A suposta irrealidade de
Deus significa que Ele não
Se acomoda à realidade que
acerca d’Ele construímos. É
imperioso passar da nossa
realidade «acerca de» Deus
ao acolhimento da genuína
realidade «de» Deus.
7. No fundo, a tão invocada
«abscondidade de Deus»
(François Varone) acaba por
ser uma projecção da «abscondidade
do homem» em
relação a Deus.
Quando achamos que Se
esconde de nós, ponderemos
se não somos nós que estamos
a esconder-nos de Deus.
8. Os nossos arquétipos,
os nossos pré-conceitos e o
nosso agitado imediatismo
«escondem-nos» de Deus.
Não nos abrem a Deus que
até está presente onde parece
estar mais ausente.
É que Deus, quanto mais
Se esconde, mais Se revela.
Enfim, deixemos que Deus
seja Deus.
9. O problema de Tomé
não foi a dúvida; foi a certeza:
foi a certeza de considerar
impossível a Ressurreição.
É por isso que o teólogo
Michael Paul Gallagher alerta:
«O oposto da fé não é a
dúvida; é a certeza errada».
10. A dúvida é um estádio
da procura. O problema são
as nossas certezas – e seguranças
– equivocadas.
A fé leva-nos a viver a partir
de Deus. São muitas das
nossas certezas que nos aprisionam
em nós. Libertemo-
-nos da tirania do eu. Tomé
também se libertou
João Teixeira - DMinho
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