Sexta-feira
‘bora, ‘bora,
Ala,
moça, ‘tá na hora,
Moro
longe, na Amoreira,
Regresso
de uns dias fora,
Unhas
de segunda-feira.
Que
vida desvariada
Futriqueira,
estressada,
Zaruca
e outras alcunhas!
Não
dá tempo para nada,
Muito
menos para as unhas.
Isto
não é um balé,
Não
é serviço de pé,
É
de mãos: computador
Mais
tablé, mais telelé
Deixam
as mãos num horror.
Até
café quente ou chá,
As
prejudicam, não dá,
E
rasgar o pacotinho
Do
açúcar, vejam lá
As
resmas de cuidadinho!
Lavar
pratos, panelinhas
Ai
minhas ricas mãozinhas!
Além
de estragar a pele,
As
unhas ficam fraquinhas,
Mais
finas do que papel.
Tirar
e pôr os anéis
Quatro
vezes, cinco, seis,
Às
unhas não dá saúde,
E
manusear papéis
Não
é tarefa que ajude.
Com
tamanhas agressões,
De
que tempo é que dispões
Para
as mãos e para os dedos
Em
que as unhas em funções
Desvendam
tantos segredos?
A
única solução
De
boa apresentação
Das
unhas a cem por cento
É
dar-lhes uma atenção
Mínima
no Parlamento.
Não
as trato enquanto falo,
Mas
no tempo em que me calo,
Quando
os ânimos aquecem,
Ou
então no intervalo,
Minhas
mãozinhas merecem.
Julgas
que é brilhante ideia
Tirar
foto na Assembleia
De
mãos em cena escondida,
Metendo-te
em vida alheia,
Mete-te
na tua vida!
Se
pretendes guerra acesa
Com
manicura indefesa
Vais
levar com plano táctico
Do
não-decreto-defesa.
Toma
lá, que é democrático!:
No
Parlamento indiscreto
Pode
não ser o correcto,
Pode
haver mil testemunhas,
Contudo
nenhum decreto
Proíbe
tratar das unhas.
Lauro
Portugal
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