segunda-feira, 28 de setembro de 2020

DEUS ONDE ESTÁ? Frei Bento Domingues, O.P.

1. De Fátima a Meca ou a Jerusalém, o desconsolo é evidente em quem deseja e não consegue participar nas grandes celebrações da fé a que se estava habituado. As assembleias reduzidas, com observância rigorosa do novo ritual que impõe distâncias, uso obrigatório de máscara e um ritmo marcado de purificações das mãos, acentuam um clima de desconfiança mútua num cenário de catacumba.

Não é por causa de qualquer medida contra a liberdade religiosa, mas para defesa das ameaças de um vírus que não pergunta aos seus hóspedes se são crentes, agnósticos ou ateus.

A ciência tem-se mostrado muito lenta, como é normal, a encontrar remédios para o vencer e não surgem milagres disponíveis para a substituir. A oração intensa – nas suas inumeráveis formas – pode ajudar-nos a criar em nós um espírito de resistência e de esperança. Precisamos de abrir os olhos para todas as possibilidades de trabalhar por um mundo, onde a busca da justiça, banhada de sabedoria política dos cidadãos, se torne o nosso pão de cada dia.  

O director executivo do Programa Alimentar Mundial, David Beasley informou, perante o Conselho de Segurança das Nações Unidas, que há 138 milhões de pessoas a passar fome, mas em breve serão 270 milhões a precisar de ajuda alimentar e 30 milhões morrerão se não receberem auxílio de emergência. Este Programa não tem recursos para continuar o seu trabalho. Por contraste, no mundo inteiro há mais de dois mil multimilionários que, até com a própria pandemia, ganham milhões de dólares[i].

Como não pertencemos aos multimilionários nem sabemos como os convencer a partilhar o seu grande roubo à humanidade, a informação sobre esse horror pode indignar-nos, mas deixa-nos paralisados.

2. Não tem que ser assim[ii]. Há ricos que podem ouvir a voz da consciência – voz de Deus silencioso – e, em vez de se servirem do dinheiro da iniquidade para aprofundarem os abismos sociais, usem o seu talento para abrir novos caminhos para uma economia solidária. Como diz o Evangelho, é raro, mas não é impossível. Por outro lado, como esquecer as pessoas que a nível familiar, profissional, político, associativo, cultural, lúdico, resistem à mentira, à corrupção, à maldade e se prontificam a ajudar, sem alarde, quem é vítima de tantas formas de exclusão? É essa santidade anónima que é a alma do mundo.

Os crentes continuarão a pedir a Deus que não se esqueça dos esquecidos de todos, mas faziam melhor se pedissem à assembleia orante que não se esqueça da primeira e última pergunta de Deus[iii]: Que fizeste do teu irmão? É pela resposta prática a esta questão que nos tornamos humanos e divinos, responsáveis uns pelos outros, ou inumanos, quando nos auto-excluímos da verdadeira humanidade.

Cristo não sacralizou a pobreza. Pelo contrário. Ao centrar o seu olhar e os seus cuidados nos marginalizados, abriu o caminho aos seus discípulos: fazei tudo para eliminar as periferias, trazendo as suas vítimas para o centro das vossas preocupações.

Não é pedir o impossível à imaginação económica e política que não suporte ver uns poucos à mesa e a maioria à porta. Cristo deixou-nos uma parábola de fogo sobre esse escândalo[iv]. Segundo o Papa Francisco, as desigualdades brotam de um sistema que tem o capital como prioridade e não os direitos humanos.

Não me parece boa ideia reservar o encontro com Deus apenas para as celebrações litúrgicas. Cristo avisou-nos: Nem todo o que me diz Senhor, Senhor entrará no Reino de Deus, mas sim aquele que faz a vontade de meu Pai. (…) Afastai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade[v]. S. Tiago não podia ser mais sintético: a fé sem obras não é nada[vi].

Para S. Paulo, o verdadeiro culto é a vida inconformada com a situação desumana do mundo: Por isso, vos exorto, irmãos, pela misericórdia de Deus, a que vos ofereçais como sacrifício vivo, santo, agradável a Deus. Este é que é o verdadeiro culto segundo o Espírito: Não vos acomodeis a este mundo. Pelo contrário, deixai-vos transformar, adquirindo uma nova mentalidade, para poderdes discernir qual é a vontade de Deus: o que é bom, o que lhe é agradável, o que é perfeito[vii].

Jesus, em conversa com a samaritana, altera os lugares do culto: não é em Jerusalém nem em Garizim, mas chega a hora – e é já – em que os verdadeiros adoradores hão-de adorar o Pai em espírito e verdade, pois são assim os adoradores que o Pai pretende[1].

Quando fui professor de Teologia das Realidades Terrestres, procurei, com os alunos, descobrir a significação divina, cristã, das tarefas – ditas profanas – nas quais, as pessoas gastam a maior parte do seu tempo. Não se podia continuar a desvalorizar a vida doméstica, profissional, cultural, lúdica, social e política. Era necessário encontrar a alteração que Jesus Cristo introduziu na questão das relações entre sagrado e profano.

       3. O Papa Francisco[2] não me parece muito assustado com os agnósticos, que tanto podem significar uma atitude humilde, em face do mistério do mundo, como uma interrupção apressada da pergunta essencial. Denunciou, pelo contrário, uma espiritualidade desencarnada: os gnósticos concebem uma mente sem encarnação, incapaz de tocar a carne sofredora de Cristo nos outros, engessada numa enciclopédia de abstracções. Ao desencarnar o mistério, em última análise, preferem um Deus sem Cristo, um Cristo sem Igreja, uma Igreja sem povo.

Se quisermos saber onde está Deus, um bom caminho talvez seja o de perguntar onde estão os seres humanos: Deus é sempre novidade, que nos impele a partir sem cessar e a mover-nos para ir mais além do conhecido, rumo às periferias e aos confins. Leva-nos aonde se encontra a humanidade mais ferida e aonde os seres humanos, sob a aparência da superficialidade e do conformismo, continuam à procura de resposta para a questão do sentido da vida.

Deus não tem medo! Não tem medo! Ultrapassa sempre os nossos esquemas e não Lhe metem medo as periferias. Ele próprio Se fez periferia[3].

Por isso, se ousarmos ir às periferias, lá O encontraremos. Jesus antecipa-nos no coração daquele irmão, na sua carne ferida, na sua vida oprimida, na sua alma sombria. Ele já está lá.

É difícil e incómodo acolher essa presença real. Pensávamos que era um exclusivo da Missa.

 

 

27 de Setembro de 2020



[1] Jo 4, 23

[2] Cf. Gaudete et exsultate, Exortação Apostólica, 2018.

[3] Cf. Flp 2, 6-8; Jo 1, 14 e nota 2



[i] Cf. 7Margens, 19.09.2020

[ii] Cf. Gaudete et exsultate, Exortação Apostólica, 2018, nº 137

[iii] Gn 4, 9-10; Mt 25, 31-46

[iv] Lc 16,19-31

[v] Mt 7, 21-23

[vi] Tg 2

[vii] Rm 12, 1-2

sexta-feira, 25 de setembro de 2020

Pe. Bascaran - mais informações e reacções

Várias e sentidas foram as reacções da notícia da morte do Pe. Bascaran. Eis algumas:

Caros amigos,

Permiti uma pequena correção:

O P. Carlos Bascaran faleceu na sua missão, no Brasil.

Partilho convosco a ‘notícia oficial’ com a sua foto.

Rezemos por ele, e agradeçamos a Deus pela bela vida missionária que viveu.

Unidos no Senhor da Vida e da Missão,

P. Fernando Domingues, mccj

Superior Provincial

Amigo Pinheiro,
Recebi agora teu mail sobre o querido Pe. Bascaran onde há inexactidões. ( Estou fora, em Monfortinho, mas como há essas inexactidões escrevo já  no IPhone para que se esclareçam aspectos da informação que te deram. Carlos Bascaran, natural de Leon, Norte de Espanha, foi uma vocação tardia, já estudara música (violino), quando entrou nos Combonianos. Era mais velho que eu e estava na Maia como Prefeito quando eu, em 1968, lá cheguei para ser Vice-reitor (4 Anos). Estavam outros prefeitos espanhóis e iam ao Centro de Estudos - Isete do Porto para a Filosofia-Teologia. Ele jogava muito bem à bola e chegou a jogar no FC DA Maia . A família do Bascaran era  muito amiga da Maia. Vieram mais que uma vez - não era muiito longe -visitar-nos e lembro que ofereceram muita louça para o seminário (Creio que o pai dele tinha uma fábrica). Enfim, uma pessoa Boa, de boa família, dotado de capacidades extraordinárias. Ordenou-se e foi para o Brasil. Ultimamente estava em SANTA RITA, Paraiba ( Nordeste Brasil), onde apanhou a Covid-19. Já tinha problemas de saúde (fazia hemodiálise). Fizeram o que era possível para salvá-lo...mas não resistiu. Guardo dele a melhor das recordações. Deus o tenha em descanso. RIP.
  Um abraço para ti e todos os amigos.
  Olindo Marques 
Caro Amigo  Pinheiro:
O Pe. Carlos Bascaran passou pela Maia no tempo em que lá estive, no 1º ano vindo de Viseu, julgo que em 70/71
Quero manifestar a minha admiração pelo grande Homem que era e excecional jogador de futebol que jogou no FC da Maia, juntamente com o Pe. Fonseca (não me lembro da congregação a que pertencia)  e que faziam as delícias de todos quantos, aos Domingos à tarde, enchiam o estádio do Maia. Tornou-se um hábito ir ver os Padres jogar á bola por aquelas terras da Maia. O estádio estava sempre cheio.
À conta disso os seminaristas Combonianos tinham ingresso à borla no estádio. Ainda guardo o cartão que tínhamos que exibir para entrarmos, assinado pelo então Pe. Olindo Pinto Marques. 
Julgo que os da minha geração se lembram disto.
É com enorme tristeza que recebo esta notícia.
Paz à sua alma.
Um Grande abraço para todos.
Carvalho Marques
Este Homem foi uma vocação tardia 
Jogou num clube da primeira divisão espanhola 
Em Portugal jogou no clube da Maia 
Era um homem extraordinária por quem sempre tive grande admiração 
Fico triste porque tenho a certeza que foi um grande missionário 
Os Combonianos perderam um grande missionário mas ganharam um santo 
Rezo por ele 
Caseiro Marques

Caros Amigos,
Foi uma das maiores personalidades que marcou a minha juventude.
Sim, a sua Alma esta em Paz.
Que continue a proteger-nos.
Abraço a todos
João heitor

Conheci o Padre Carlos Bascaran, tanto enquanto Prefeito como Padre, pese embora não tenha sido meu Prefeito. Além disso, ele foi ainda jogador do Fut Clube da Maia e por via disso eu e outros colegas dessa altura vimos vários jogos de futebol de borla. Era uma pessoa extraordinária. Lamento muito a notícia do seu falecimento. 
Francisco Dias

Bom dia, caríssimo amigo
Foi ainda jogador exímio de futebol, qualificado violinista e um amigo universal.
A sua humilde santidade deve motivar-nos a todos pela vida fora...
Estará, certamente, junto do Pai-
Grato e triste pela informação fica
Américo Martins


quinta-feira, 24 de setembro de 2020

Pe. Carlos Bascaran - IN MEMORIAM



ADEUS, CARLOS!
Acabámos de receber notícia triste mas esperada do falecimento do meu colega padre Carlos Bascarán no Brasil.
O estado de saúde ia-se agravando paulatinamente e os médicos aconselharam os colegas a dar-lhe a unção dos enfermos esta manhã.
Regressou à casa do Pai depois de uma longa luta com o covid19 em João Pessoa, no estado de Paraíba.
O funeral será ainda hoje.
Tinha 79 anos.
Nasceu em Oviedo, Espanha.
Passou a maior parte do ser serviço missionário no Brasil.
Antes, foi prefeito no seminário comboniano da Maia e estudou teologia no Porto entre 1966 e 1970. E jogou no Futebol Clube da Maia.
Partiu para o Brasil-Sul em 1974. Em 1979 veio para a Espanha por quatro anos. Em 1983 regressou à província do Brasil-Nordeste. Até hoje, quando regressou ao abraço terno e eterno do Pai.
Conheci-o no Capítulo Geral de 2003. Era então o superior provincial do Brasil-Nordeste.
Com as suas barbas longas e grisalhas, sempre de havaianas, um humor único, grande músico e cantor e … grande jogador de futebol. Um artista.
Impressionou-me muito a sua alegria e simplicidade.
O pastor tem que cheirar às ovelhas — diz o Papa Francisco.
O Carlos foi solidário com os mais pobres também na morte.
O comboniano brasileiro P. Raimundo dos Santos escreveu: "Vai ter música no céu!!! Obrigado, Bascarán, por teu testemunho e missão entre os mais pobres! Descanse em paz!".
O P. Joaquim Fonseca, português, já teve alta. O Ir. Chico d'Aiutto, italiano, continua internado.
Descansa em Deus e reza por nós para que também sejamos fiéis ao Senhor da Missão e ao seu rebanho.
Do site Ex seminaristas Combonianos - José Lázaro

segunda-feira, 21 de setembro de 2020

A CONVERSÃO DO PAPA FRANCISCO Frei Bento Domingues, O.P.

1. Para muitos dos baptizados em criança, só fica o seu registo paroquial. Em certos casos, a própria fé de quem apresentava a criança à comunidade cristã não era uma realidade vivida, pensada e celebrada. Era, por vezes, um gesto de memória familiar dissolvido numa festa de interesses, sem confronto e compromisso actuantes com a mensagem e a prática de Jesus Cristo. É talvez uma das fontes da expressão ambígua dos chamados “católicos não praticantes”. Não praticantes de quê? De certas práticas rituais ou das exigências concretas do Evangelho que se inscrevem na vida pessoal, familiar, social, cultural e política?  

Note-se que os que foram apresentados, em criança, ao Baptismo por famílias de fé vivida e pensada, celebraram a gratuidade do amor de Deus que não espera que ela seja adulta para a inscrever no seu coração, seja baptizada ou não.

 A celebração não é, de modo nenhum, um gesto humanamente absurdo. Os pais também não esperam que os seus filhos cresçam para gostar deles, para os rodear de manifestações de afecto e de todos os cuidados. O rito cristão do baptismo das crianças, em comunidades crentes, não é um abuso nem um acto de magia. Não é um destino imposto, mas um itinerário cristão a ser assumindo, de modo pessoal e livre, ao longo de toda a vida, mediante conversões que marcam cada uma das suas etapas. Mas que também pode ser esquecido ou até renegado.

2. Suponho que Jorge Mario Bergoglio (17.12.1936) tenha sido baptizado em criança, em Buenos Aires. Não consta que o seu baptismo tenha sido acompanhado de qualquer revelação divina de que, depois de muitas peripécias, viria a ser ordenado padre, sagrado bispo e eleito Papa Francisco!

No passado dia 3 de Setembro, confessou a um grupo de peregrinos franceses a sua incredulidade ecológica, a sua conversão e o processo da elaboração da encíclica Laudato Sí (LS), há cinco anos! O melhor é dar-lhe a palavra:

«Gostaria de começar com um fragmento de história. Em 2007, teve lugar a Conferência do Episcopado Latino-Americano no Brasil, em Aparecida. Fiz parte do grupo de redactores do documento final, e chegavam propostas sobre a Amazónia. Eu dizia: Estes brasileiros já aborrecem com esta Amazónia! Que tem a Amazónia a ver com a evangelização? Eu era assim em 2007. Depois, em 2015, saiu a Laudato si’. Percorri um caminho de conversão, de compreensão do problema ecológico. Antes eu não entendia nada!»

Não relatou apenas o facto, mas também o processo, a conjuntura e as mediações que estão na base desse texto, a muitos títulos, admirável:

«Quando fui a Estrasburgo, à União Europeia, o Presidente Hollande pediu à Ministra do Meio Ambiente, Ségolène Royale, que me recebesse. Falamos no aeroporto... No início um pouco, porque já havia o programa, mas depois, no final, antes de partir, tivemos de esperar um pouco e falamos mais. E a senhora Ségolène Royale disse-me o seguinte: É verdade que o Senhor está a escrever algo sobre a ecologia? — c’était vrai! — Por favor, publique-a antes do encontro de Paris!».

O Papa não podia falhar esta ocasião extraordinária, tão oportunamente oferecida: «Chamei o grupo de pessoas que a redigia — para que saibais que não a escrevi sozinho, mas com um grupo de cientistas, um grupo de teólogos, e todos juntos fizemos esta reflexão — chamei o grupo e disse: Tem de sair antes do encontro de Paris - Mas porquê? — Para fazer pressão. De Aparecida à Laudato si’, para mim, foi um caminho interior».

Por ser Papa, não sabe tudo e nem invocou a celebrada infabilidade pontifícia para vir em seu auxílio: «Quando comecei a pensar nesta Encíclica, chamei os cientistas — um bom grupo — e disse-lhes: Dizei-me coisas claras e comprovadas, não hipóteses, mas realidades. E eles trouxeram o que hoje vós ledes aqui. Em seguida, chamei um grupo de filósofos e teólogos [e disse-lhes]: Gostaria de fazer uma reflexão sobre isto. Trabalhai vós e dialogai comigo. E eles realizaram o primeiro trabalho, depois eu intervim. E, no final, fiz a redacção conclusiva. Essa é a origem».

Não narrou a sua conversão para recordar um momento importante. Como todos os verdadeiramente convertidos não podem guardar para si o que os encheu de alegria: «Quero frisar isto: da absoluta incompreensão, em Aparecida (2007) até à Encíclica. Gosto de dar testemunho disto. Temos de trabalhar para que todos percorram este caminho de conversão ecológica»[1].

Dizer que o Papa Francisco é um católico praticante significa que a sua fé é aberta a todos os mundos, é inclusiva. Por isso, não pode deixar de insistir neste sentido da inclusão universalista, que já era a marca da primeira geração cristã, proclamada nas celebrações do Baptismo. A exegese histórico-crítica verificou que não foi S. Paulo que a inventou. Ele recebeu-a de uma prática que lhe era anterior[2]. Esta característica é incompatível com as práticas sociais, económicas e políticas que fomentem desigualdades, seja qual for o motivo.

 3. A encíclica LS teve um eco significativo dentro e fora da Igreja Católica e entre crentes e não crentes. O Papa Francisco, no entanto, resolveu que, «anualmente, daqui em diante, o primeiro dia de Setembro assinala, para a família cristã, o Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação; e com ele se abre o Tempo da Criação que conclui no dia 4 de Outubro, memória de São Francisco de Assis. Durante este período, os cristãos renovam, em todo o mundo, a fé em Deus criador e unem-se de maneira especial, na oração e na acção, pela preservação da Casa Comum».

Posta a questão ecológica nesses termos, podíamos ficar com a ideia de que o Papa Francisco se interessa, apenas, com a Igreja Católica. Mas não: «Alegro-me com o tema escolhido pela família ecuménica para a celebração do Tempo da Criação 2020, ou seja, um Jubileu pela Terra, tendo em vista que se celebra precisamente, este ano, o quinquagésimo aniversário do Dia da Terra»[3].  

Este ano ainda não chegou ao fim. Está prevista, para 3 de Outubro, a assinatura de uma 3ª encíclica Fratelli tutti (Todos irmãos), da qual ainda não sabemos o conteúdo, mas tem um precedente inter-religioso notável[4]. Dada a pandemia, o encontro Economia de Francisco, realizar-se-á, de 19 a 21 de Novembro, através de plataformas on line. É urgente um novo paradigma económico se quisermos converter a expressão Todos Irmãos, mil vezes repetida, em realizações do nosso tempo, dilacerado por escandalosas desigualdades.

20.09.2020



[1] Cf. Audiência do Papa Francisco a um grupo, Leigos Ecologistas, vindo de França, 03. 09. 2020, in www.vatican.va. Transcrevi apenas a primeira parte da “conversão”. Importa ler o texto na íntegra.

[2] Michel Gourgues, Repères pour une exploration histórico-critique du Nouveau Testament, in Cahiers Évangile, 192 (Juin 2020), 6-7

[3] Cf. Mensagem do Papa para a celebração do Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação (01.09.2020), in www.vatican.va

sábado, 19 de setembro de 2020

UASP - 9º Aniversário

Add caption
Assinatura da acta de constituição da UASP ( União das Associações dos Antigos Alunos dos Seminários Portugueses) pelo Pe. Armindo Janeiro.
Parabéns pelo 9º aniversário em nome da AAA Combonianos.