Na situação atual, em que estamos a viver,
parece-me que a Palavra Deus do Evangelho de S. João (Jo 6, 16-21), venha muito
a propósito. Hoje encontramo-nos, como os Apóstolos, numa barca à deriva sobre
as ondas dum mar embravecido, açoitada pelos ventos contrários.
No meio da agitação das águas e mergulhados em
densas trevas, os Apóstolos, apesar de já terem experimentado a divindade e o
poder de Jesus, tiveram medo e começaram a gritar. Connosco muitas vezes sucede
a mesma coisa: depois de tantas graças recebidas, ainda duvidamos.
Jesus, porém, conhecendo a falta de fé dos seus
discípulos, não os deixa abandonados à merce dos seus temores. Em plena noite,
vem ao encontro daqueles homens amedrontados, que pensavam ver um fantasma e
gritou-lhes: «Sou Eu, não tenhais medo»!
No meio do turbilhão das águas, Pedro começou a
afundar-se, teve medo e gritou: «Salva-me,
Senhor!» Jesus estendeu a mão, segurou-o e disse: «Homem de pouca fé,
porque duvidaste?» Hoje, como Pedro, quando estamos envoltos em densas trevas e
a afundar na voracidade das águas tumultuosas, somos convidados a gritar como
ele: «salva-me, Senhor!».
Quando entraram na barca, o vento amainou» (Cf Mt
14, 25-32).
É assim! Quando Jesus entra na nossa barca, toda
a agitação se acalma e entra a bonança e a paz.
A falta de fé dos
Apóstolos, encheu-os de medo, pensando que iriam perecer naquele mar
embravecido. Hoje, é também a falta de fé de muita gente, que, na situação
atual, leva a duvidar da presença de Jesus e do Seu poder libertador.
O Natal é uma carta
de amor que Maria nos entrega, um convite de Nossa Senhora a acolher o Seu
Filho. Ela aparece-nos grávida; convida-nos a aproximarmo-nos dela e a colocar a
nossa mão sobre o seu ventre, para experimentar que Jesus já está presente ente
nós. É ainda um convite a seguirmos o exemplo de Isabel sobre a qual Maria
derramou o Espírito Santo que estava Nela e santificou o Baptista que estava no
seu ventre. Maria diz-nos também que aproximemos o nosso ouvido para escutar os
batimentos do coração do Seu Filho, que é Amor e Misericórdia sem limites e
bate em uníssono com o coração Dela e com o nosso.
A Santíssima Virgem Maria, continua a pedir-nos que
lavemos bem os nossos presépios e purifiquemos as nossas manjedouras (os nossos
corações) a fim de lá depositar o Seu Filho. Quando Maria nos entrega o Menino, depois de limpar as
manjedouras, quer que cuidemos da presença d’Ele em nós e que O levemos aos
outros, para sermos continuadores da Sua Missão, pois, como todas as crianças,
Jesus não gosta de ficar muito tempo parado, mas quer comunicar-se aos outros.
Para tal, precisamos de deixar crescer Cristo em
nós para O levar, como Ela, a todas pessoas que ainda não O conhecem, seguindo
e sendo a Estela de Belém. Neste Natal temos que aproveitar esta carta de amor
que a Mãe nos dá, para O recebermos e O deixarmos crescer em nós.
Com Jesus na nossa barca, podemos avançar sem
medo para o alto mar, no meio das maiores tempestades, açoitados pelos mais
furiosos vendavais do ómicron e outras tribulações, na certeza que não nos
afundaremos, porque Ele é Deus connosco e em nós.
Que todas e todos vós vos adorneis para a Festa
com os dons do Espírito Santo, para celebrar dignamente o Natal.
Vosso irmão e amigo,
P. Alfredo Neres, mccj
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