Tal como diz o Evangelho, muitos eram os chamados e poucos os " escolhidos"... Com tamanho arrebanhamento de jovens em início de adolescência (entravam 3 a 4 dezenas por ano), era natural que a "peneira" fosse funcionando ao longo dos anos. A iniciativa , os critérios , a forma e o tempo em que a "peneira" funcionava é que causava ,por vezes, estranheza. Muitas vezes ao próprio que era apanhado de surpresa...pelo menos assim o fazia crer por palavras e por actos. Ao longo da minha longa vivência no seminário pude constatar situações um tanto ou quanto surpreendentes. Uma vez, havíamos passado uma daquelas tardes esplendorosas num dos montes das cercanias do seminário onde nos tínhamos entregado a um daqueles jogos de guerra que nos empolgavam. Duas equipas em que cada elemento tinha um número na testa, procuravam aniquilar-se uma à outra lendo em alta voz o número do adversário que encontrava pela frente. "Morria" quem permitisse, pela sua exposição, que o seu número fosse corretamente lido. Ganhava a equipa que "matasse" todos os seus adversários. Era um dos jogos de que mais gostava. Permitia que corrêssemos à brava pelo meio dos pinheiros e giestas; algum convívio de grupo enquanto, depois de "mortos", esperávamos o desfecho da batalha. Chegávamos a casa arranhados e cansados, mas...satisfeitos.
No dia seguinte notámos com surpresa que faltavam alguns dos nossos colegas, uns dois ou três. Viemos a saber que tinham sido "peneirados". Alguem terá "relatado" uma conversa menos "própria" que houvera no grupo dos "mortos". Coisas inocentes...mas que naquela altura foram tidas como muito graves. Zás...desapareceram logo. Tolerância zero para qualquer coisa ligada com o sexo.
De um modo geral, a peneira funcionava no final dos períodos e, mais frequentemente, no final do ano lectivo. Aí pesavam os resultados académicos, as opções individuais e , sobretudo, a avaliação geral feita pelos formadores.
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