Na Igreja da Visitação, observei os traços e as
características do agir de Maria na sua visita a Isabel, relendo um texto que tinha
trazido comigo e alguém escreveu com o sugestivo nome de “Menorah de Maria” (o conhecido candelabro judaico de sete braços),
o candelabro do Natal de Maria com sete velas, as suas atitudes para com
Isabel. É este texto que resumidamente comparto aqui, com votos de que este
Natal seja para todos nós de visitação e de encontro com Deus e os outros.
Vamos então às velas do candelabro de Natal de Maria.
1.-A primeira é a “atenção”: intuir, perceber, ver a
necessidade do outro. Maria viu a necessidade de Isabel: “ubi amor, ibi oculos”
(onde há amor, há um olhar atento!).
2.-A segunda é “a inteligência” do amor: a capacidade de
perceber e escutar o mistério da outra pessoa; perceber com o coração porque
“cuor ad cuor loquitur” (coração fala a coração). Sim, porque “o essencial é
invisível aos olhos” e só o coração o consegue ver!
3.-A terceira vela é “a concretização” no agir: ser
solícitos e concretos na resposta a dar à situação e à necessidade dos outros.
Maria foi concreta e solícita na sua resposta a Isabel e foi visitá-la, sem
demora, para a ajudar.
4.-A quarta vela é “a alegria”: os gestos do amor gratuito,
espontâneo e não forçado (por sentidos de dever e etiqueta), fazem surgir e
alimentam a alegria (nada nos dá mais alegria do que aquilo que fazemos
espontânea, escondida, livremente). A alegria marcou o encontro de Maria e
Isabel.
5.-A quinta vela é “a ternura”: o agir com alegria
ultrapassa as distâncias e aproxima os que vivem afastados. Servir com ternura,
como Maria serviu Isabel, alimenta o amor e é fonte de alegria íntima e
duradoura (o amor é alegria pelo bem do outro!).
6.-A sexta vela é “o dom”: um amor que se dá, se faz dom sem
nada pedir em troca. Isabel e Maria trocam-se os dons que as possuem. Ambas
estão grávidas. Isabel, de João Baptista que incarna milénios de espera. Maria,
de Cristo, a realização que colma essa expectativa. Abraçam-se, numa troca de
dons, no mistério de um amor que as une e se irradia para a todos abraçar.
7.-A sétima vela é “o silêncio”: uma nuvem invisível que
cobre gestos e acções, exprime o primado do ser sobre o fazer, da verdade sobre
a aparência; que manifesta a surpresa diante do mistério partilhado e abre, o
coração e a boca, à oração de louvor. Maria recita o Magnificat. Isabel
proclama a bem-aventurança daquela que acreditou.
Desejamo-nos, então, um bom caminho para o Natal, acendendo
as velas no nossa candelabro, à medida e ao ritmo que as circunstâncias da
nossa vida o sugerirem, para chegar ao Natal e experimentar a alegria do encontro
com Cristo e com aqueles que esperam a nossa visita e a nossa presença.
Shalom, desde Jerusalém, a cidade da Paz, nestes dias tão
incerta. E os meus votos de Feliz e Santo Natal. Estarei em Belém, na
celebração da meia noite, e espero estar lá, encontrar-me lá com Cristo e
contigo, consigo, com quantos gostaria de visitar e desejar os dons de Deus neste
Natal!
Pe Manuel Augusto Lopes Ferreira, mccj
Jerusalém, 12 de Dezembro de 2014
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