Mafarrico
A
vinha do verde vinho
Traz
a verdade ao de cima
A
pinha do verde pinho
Só
de olhá-la nos anima.
Viu-se
na televisão
A
famosa discussão
Que
se deu no Parlamento
Provocada
por conflitos
Acesos
nesse momento
Que
trouxe à baila os palitos.
Protestava
o deputado
Invocando
mil razões
Contra
as argumentações
Do
ministro que, zangado,
Não
gostando dos protestos,
Não
economizou gestos
E
nem deles fez segredos,
Levantou
sobre a cabeça
Os
indicadores – os dedos –
Num
sinal que disse tudo,
Não
é coisa que se esqueça.
O
povo, primeiro mudo,
Logo
fez a tradução
De
tal gesto estranho e raro,
Desatando
a rir, é claro.
Resultado:
a demissão.
Das
hilariantes cenas
Que
a Assembleia produziu,
Exibir
o par de antenas,
Coisa
que nunca se viu,
Não
dá muito boa imagem,
Mas
é acto de coragem
– coragem a dois por cento,
Como
se pode entender,
Pois
coragem a valer
É
o que falta em São Bento.
Fez
lembrar um mafarrico,
Porém,
convencido fico
De
que há por lá muitos mais,
Mas
não querem dar sinais.
Oh,
que desvariação
No
coruto da nação!
Lauro
Portugal, Versos Desvariados (prep.)
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