O padre jesuíta Manuel Antunes, de quem estamos
a celebrar o centenário de nascimento, tem
uma conclusão notável sobre a importância de
articular a fé, não só com a vida, mas também
com as «exigências do pensamento», que muitos
escutaram, repetidas vezes, da boca do professor
e padre Manuel Moreira da Costa Santos:
«Quando hoje se pensa na quantidade de
energia despendida em defender certas coisas
indefensáveis, sente-se não apenas a melancolia
das causas perdidas, porque não mereciam
ser ganhas, mas também a mágoa pela ausência
de um trabalho positivo que poderia ter sido
feito e não o foi». Esta frase surge entre os
escritos sobre «o pensamento e o Reino» e pode
ser lida numa recente compilação dos «grandes
textos» do padre Manuel Antunes: «Compreender
o Mundo e atualizar a Igreja» (ed. Gradiva),
obra coordenada por José Eduardo Franco
e Luís Machado de Abreu. Revisitar a herança
de um dos mais importantes pensadores portugueses
do século XX (nasceu em 1918 e faleceu
em 1985), um «despertador de energias
adormecidas», pode ser uma forma proveitosa
de alimentar o processo de renovação pastoral
em curso nas comunidades paroquiais.
Neste itinerário, reconhecemos a importância
em construir um património de reflexão pastoral
que seja promotor da «renovação inadiável
» proposta pelo Papa Francisco. Não queremos
ficar no lamento pelas «causas perdidas»,
mas realizar um «trabalho positivo» que pode
ser feito em prol da novidade que é o Evangelho
de Jesus Cristo.
Diário do Minho de 29-10
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