terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

O que a Igreja «mostra» e o que a Igreja «é» - João Teixeira - DM

1.Numa altura em que a Igreja se sobressalta com o
que «mostra», é imperioso recordar o que – efectivamente
– a Igreja «é».
Importa, pois, dizer bem alto que, embora nem
sempre o «mostre», a Igreja «é» santa.
2. A Igreja «é» santa porque é o inteiro Corpo de Cristo (cf.
1Cor 12, 12-13).
A santidade vem-lhe da sua cabeça. Mas o pecado subsiste
em muitos dos seus (outros) membros.
3. Porque é que os pecadores se mantêm na Igreja? Precisamente
para vencer o pecado.
Conscientes de que por si nada alcançam (cf. Jo 15, 5), alenta-
os saber que em Cristo tudo conseguirão (cf. Fil 4, 13).
4. Acontece que este não é um processo linear: envolve
avanços e recuos, com muitas lutas e quedas, tentações, tentativas
e constantes recomeços.
A Igreja nunca deixará de «ser» santa. Mas «com» pecadores.
5. Angel Antón percebeu que a Igreja «é uma “cópia” do
original Cristo».
Só que é uma «cópia» nem sempre transparente. Muitas
vezes, torna-se uma «cópia» tremida e embaciada, que mal
deixa ver o «original Cristo».
6. Perguntar-se-á. Como é que o Corpo de Cristo pode estar
«forrado» com um «tecido» tão grosseiro?
Sucede que nem o pecado dos seus membros impede que
a cabeça derrame fluxos infindáveis de santidade. Com todas
as fragilidades que a debilitam, a Igreja será sempre a
«sala» em que o Pai celebra os esponsais do Seu Filho com a
humanidade.
7. Todos são convidados já que, à partida, a Igreja não desiste
de ninguém.
Como sinalizou Henri de Lubac, ela «não é uma academia
de sábios, nem um cenáculo de intelectuais sublimes, nem
uma assembleia de super-homens». Há toda uma «legião de
medíocres que se sentem nela como em própria casa».
8. Neste mundo, ela será sempre «trigo misturado com palha
» e «barca repleta de maus passageiros que parecem arrastá-
la para o naufrágio».
Como rezava uma conhecida máxima de Santo Ambrósio,
a Igreja é «imaculada, mas composta por maculados» («immaculata
ex maculatis»).
9. Faz parte da sua natureza estar exposta, não lhe sendo
permitido ocultar as suas fraquezas.
Há comportamentos que ela não aceita e atitudes com as
quais não pode transigir.
10. A Igreja coexistirá sempre com o pecado, mas sem jamais
lhe render vassalagem.
O perigo de cair nunca deixará de espreitar. E, no entanto, ela «é» santa!

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