Quase todos os dias lidamos com políticos arrogantes
que mentem com descaro, enganam,
criam obstáculos, encobrem, ignoram a ética e
fazem tudo o que é preciso para conseguir o voto,
mesmo quando sabem que estão a ser mentirosos
e a verdade lhes diz que são falsos como
Judas. Feliz daquele que conhecer algum diferente. No próximo
domingo vamos votar quanto mais não seja por respeito à
democracia. Perguntamos muitas vezes em quem vamos votar
e com certa razão. Certa como advérbio de dúvida e não
certa como advérbio de afirmação. Muitos de nós não sabem
como funciona a estrutura política do parlamento europeu
porque não querem debruçar-se sobre o seu funcionamento.
Basta ir à NET clicar no lugar devido (EU) e lá estão os órgãos
, seu funcionamento e atribuições e poder. Isto é fácil e rápido.
Agora outra coisa muito mais difícil, se não mesmo impossível
de saber, é o que faz cada um dos deputados europeus;
no nosso caso, o que faz cada um dos deputados portugueses
nesse parlamento para os podermos escolher nas eleições de
domingo? Eles estão integrados em grupos ou famílias ideológicas
partidários e o seu trabalho individual e contributos políticos
estão diluídos nesses trabalhos parlamentares. É como
se perguntássemos ao oceano onde estão as gotas dos rios. Esta
verdade é inquestionável. Por outro lado é igualmente verdade
que a nossa comunicação social não nos diz nada sobre
o que cada um faz, deixando-nos completamente alheios ou
indiferentes quanto à sua participação, sua importância ou relevância.
Resultado disto o total alheamento dos portugueses
pela campanha das europeias; se houvesse uma sondagem sobre
o conhecimento do trabalho dos nossos deputados europeus,
arriscaríamos a dizer que não ultrapassaria um por cento
aqueles que sabem o que por lá se passa. Depois, ainda há
dias, um jornal dizia que os deputados europeus ganhavam 12
mil euros limpos por mês em parangona que chegou ao nosso
conhecimento como um labéu. Todos sabemos que vencimentos
destes, à escala portuguesa, é uma enormidade, mas
estamos a comparar coisas distintas donde resultará um juízo
de valor distorcido. Comparar o nível de vencimentos da
EU com Portugal é comparar a rã com o boi de La Fontaine.
Estas parangonas vendem sensacionalismos mas prestam um
mau serviço de informação porque devem ser enquadradas
e referenciadas com o nível de vida de lá e não comparadas
com o nível de vida de cá; ditas desgarradas e secas são um
anátema. E esta notícia fez-se viral na NET e, nela, sem qualquer
explicação ou enquadramento, agitou os ventos de popa
e levará as pessoas a uma recusa de votar. Teria razão Taylor
quando afirmou que o homem é indolente, invejosos por natureza,
e que o sucesso dos outros lhe faz mal? É este espelho
que nos reflete na abstenção às europeias? Dizem que os deputados
europeus desempenham um papel importante, quer
integrados nos seus grupos, quer contribuindo individualmente
com a discussão dos temas em plenário. Não tenho razões
para não acreditar como também não tenho conhecimento direto
para acreditar. Por isso, “in dubio pro reo”. Se mesmo assim
isto não chega ou não o convence a ir votar no domingo,
então, deverá ir votar por respeito à democracia; nesse gesto
contemplo um agradecimento por aqueles que perderam a
vida e seus cabedais a lutar para que hoje possamos votar em
liberdade. Eu vou votar para agradecer-lhes.
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