Caros Colegas e amigos
Aproxima-se o NATAL daquele Menino que tanta felicidade nos deu na nossa adolescência quando nos afadigávamos na construção dos monumentais presépios, no ensaio dos cânticos sublimes ,na preparação das cerimónias espectaculares... que eram o encanto de tanta gente que tiveram a oportunidade de connosco viver esses momentos. Hoje , confinados à "solidão" das nossas casas, apavorados com o "inimigo" que passa nas ruas, sinto a nostalgia desses tempos derramando uma lágrima de saudade em recordação por todos os Antigos Alunos. Deixo-vos, porém, uma palavra de conforto de um desses Antigos Alunos que todos nós muito prezamos e admiramos.
""...Entramos hoje ( Dia 15 ) na Novena de Natal. Por um lado, sinto a necessidade de comunicar com os amigos, de dizer uma palavra após este isolamento e jejum de comunicação a que a pandemia nos obrigou. Mas, por outro lado, não sei bem como o fazer, sinto dificuldade em quebrar o silêncio e juntar as palavras. A pandemia fez-nos experimentar quão insuficientes são as palavras que podemos dizer para trazer conforto e comunhão, para oferecer alguma réstia de luz e alegria.
Sim, no Natal falamos de Esperança e Alegria, pela vinda de Jesus, na celebração do Seu nascimento em Belém. E precisamos tanto de esperança e alegria, atormentados e desconcertados como estamos pela perda de vidas e pelas mortes injustas dos nossos amigos e companheiros. Nós combonianos em Itália, em pouco menos de duas semanas recentes, perdemos quinze, nem todos tão velhos como isso e todos com direito a uma velhice tranquila. E, aqui em Roma, perdemos o sorriso e a bela presença do superior da comunidade, o P. Celestino, que não conseguiu sobreviver a um mês de luta contra o vírus no hospital. Durante a sua luta, acompanhámo-lo na esperança de que o Senhor da Vida o devolvesse ao nosso convívio; em vez disso, Ele acolheu-o no convívio eterno. Ao Seu amor e misericórdia o confiamos.
Quando soubemos que a saúde do Padre Celestino tinha piorado e que só as máquinas o mantinham vivo, estávamos na Missa e cantávamos o cântico "Tu és fogo vivo". O versículo, que o solista cantava, dizia: "Tu és o esposo ardente que regressa à noite, do meu dia tu és o abraço. Eis, já exultante de eterna alegria este dia de suspiros. Se contigo, como queres, sou consumido pelo amor, estou em paz".
Sim, este tempo incerto e suspenso ainda é tempo de falar alegria e de paz, de esperança. Ou melhor, deixar que Deus nos fale, já que as nossas palavras não sabem como o fazer.
Por isso, termino com algumas palavras do conhecido poema de Charles Péguy (O pórtico do mistério da segunda virtude, a esperança), que um amigo me enviou, e que eu partilho aqui na esperança de que este Natal nos traga a luz e a alegria que nos curam interiormente.
«... a esperança, diz Deus, eis o que me surpreende! A mim mesmo. Isto é espantoso. Que esses pobres filhos vejam como estão as coisas e acreditem que amanhã
será melhor. Isto é espantoso e é realmente a maior maravilha da nossa graça. E eu próprio estou espantado com isso [diz Deus].
A fé é uma Noiva fiel. A caridade é uma Mãe. A esperança é uma criança insignificante. Que veio ao mundo no dia de Natal … E, no entanto, é esta criança que atravessará os mundos. Esta pequena criança que nada vale. Ela sozinha, carregando as outras, atravessará os mundos fechados.
Como a estrela guiou os três reis desde as profundezas do Oriente. Até ao berço do meu filho. Assim, uma chama trémula. Só ela guiará as Virtudes e os Mundos. Uma chama brotará da escuridão eterna"...
Feliz Natal, com a minha recordação de amizade e oração.
P. Manuel Augusto""
Um SANTO NATAL para todos em meu nome
e em nome da Associação dos Antigos Alunos Combonianos
António Joaquim Pinheiro
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