sexta-feira, 27 de novembro de 2015
Comboniano comenta a visita do papa ao Quénia
Missionário no Quénia por mais de 20 anos, o padre comboniano António Alexandre Ferreira participou de entrevista no programa Ecclesia para falar sobre a visita do papa Francisco a este país: “como é a primeira vez do papa em África, ele encontrará algo que ele nunca viu coisa semelhante”.
terça-feira, 24 de novembro de 2015
A identidade do padre de hoje segundo o Papa Francisco
Cinquenta anos depois do Concílio Vaticano II, o Papa recorda que os padres são chamados para servir. “Recrutados de entre os homens, constituídos em favor dos homens, e presentes no meio dos outros homens”: esta é a identidade do sacerdote de hoje, disse o Papa Francisco aos participantes do Congresso organizado pela Congregação para o Clero, citando o decreto conciliar "Presbyterorum ordinis", no dia 20 de Novembro.
domingo, 22 de novembro de 2015
DOIS PESOS E DUAS MEDIDAS, NÃO - Frei Bento Domingues
1. A Revista Islâmica
Portuguesa[1] Al Furqán fez uma declaração muito ampla
sobre os acontecimentos de Paris. Destacamos a seguinte passagem: O ser humano merece viver em paz,
independentemente de raça, credo ou cor. Não ao que aconteceu em Paris. Não
ao que se passa na Palestina. Não ao que ocorre na Síria. Não ao que acontece
no Iraque. Não ao que ocorre no Afeganistão. Não ao que se passa na Birmânia.
Não e não aos massacres, não às atrocidades, não ao egoísmo e não à hipocrisia.
Ninguém deve ser outro, mas sim o respeito mútuo. Merecemos viver num mundo
melhor.
No mundo contemporâneo, global,
nada é simples. Já quase não existem sociedades homogéneas do ponto de vista
étnico ou religioso. Ao contrário da opinião corrente, como mostra L`Atlas des Religions (2015), nem todas as religiões são instituições
petrificadas. Muitas delas evoluem, deslocam-se, recompõem-se como as culturas
e as civilizações.
Se é verdade que as religiões podem
motivar e aumentar os conflitos, também podem e devem fortalecer a coabitação
pacífica e intensificar a comunicação. Com uma diferença: quando a religião é
convocada para abençoar a violência e para legitimar a guerra, atraiçoa a sua
própria natureza; quando religa as
pessoas, as comunidades e os povos vive a sua missão essencial. É próprio da
cultura e da religião produzirem significações múltiplas. A violência e a
guerra respondem quase sempre ao absurdo, com mais absurdo.
Em 1986, João Paulo II convocou
para Assis, em Itália, os líderes das grandes religiões para rezarem pela paz,
proclamando: nunca mais uns contra os
outros; sempre uns com os outros. Participaram, nesse acontecimento
memorável, personalidades judaicas, cristãs, muçulmanas assim como de religiões
orientais e de tradições africanas. Foi retomado depois do 11 de Setembro para
recusar o choque das civilizações e das religiões.
Diz-se que há mundos religiosos e
políticos que recusam, por princípio, o caminho do diálogo. Perante a crise
síria por exemplo, os grupos do califado ou do império islâmico declaram que
não é o diálogo que lhes interessa, mas a luta armada até à morte ou à vitória.
Seguem o caminho de bin Laden: os ocidentais querem diálogo, nós queremos a sua morte.
Por tudo isto e muito mais, nas
últimas décadas, tornou-se corrente associar a violência e o terrorismo ao
Islão. Porque não dar a conhecer as personalidades, os países e os movimentos
muçulmanos que lutam contra o ódio e a guerra?
Deixemos, por instantes, outras
questões históricas e os terroristas profissionais e seja feita a pergunta: qual poderia ser o contributo dos
muçulmanos que vivem em países de liberdade religiosa para que esta seja
reconhecida e praticada nos países islâmicos?
Pode parecer uma pergunta ingénua,
mas é tempo de a fazer. Será longo e difícil este caminho para a grande
maioria. Esta julgará normal que os seus países de origem recusem a liberdade
às outras religiões e que, nos países onde vive e trabalha, lhe reconheçam não
só a liberdade de culto como o absoluto respeito pelas suas expressões
públicas. Isto por uma razão muito simples inculcada desde a infância: o Islão
considera-se a si próprio como a religião mais simples e perfeita da revelação
divina. O Corão é o próprio ditado de Alá a Maomé e constitui a fonte de toda a
lei e de todo o direito: relações com Deus, culto, higiene, urbanidade,
educação, moral individual, vida social e política.
Em tempos de crise, os
fundamentalistas - de várias origens e diversas reconfigurações - acabarão por
se considerarem os guardas da pureza islâmica, recorrendo, se for preciso, aos
métodos mais radicais. A submissão a Deus
pratica-se na vida toda. Não me espanta.
2. Ainda conheci, na Igreja Católica, o império de certos teólogos
que atacavam, como heréticas e inimigas da sã doutrina revelada, as correntes
cristãs que defendiam a tolerância e a liberdade religiosa e consideravam uma
loucura o diálogo inter-religioso.
A argumentação era muito simples: só a verdade
tem direito a afirmar-se e a defender-se publicamente. Para o erro não pode
haver nem tolerância nem liberdade. A Igreja Católica é a única verdadeira
Igreja cristã e a única verdadeira religião. Deve fazer tudo para impedir a
divulgação do erro.
O mais espantoso é o seguinte:
investigada sob todos os aspectos, desde o começo do Concílio Vaticano II, a
declaração Dignitatis Humanae, sobre
a liberdade religiosa, encontrou tantos obstáculos que só foi aprovada a 7 de
Dezembro de 1965, apenas um dia antes do seu encerramento por Paulo VI. Seremos
capazes de imaginar, hoje, a Igreja Católica contra a liberdade religiosa?
Dir-se-á que é um texto menor comparado com as grandes constituições do
Concílio. Sem estas não teria sido possível, mas é esta breve declaração que
constitui o contributo maior do catolicismo para o diálogo entre os povos e
entre as religiões.
Enquanto os países de maioria
islâmica não deixarem praticar, nos seus espaços, a liberdade religiosa que
para si reivindicam, estão a exigir que entre os seres humanos haja dois pesos
e duas medidas. É a desumanidade. Não é bonito.
22.11.2015
sábado, 21 de novembro de 2015
quinta-feira, 19 de novembro de 2015
Comboniano eleito Presidente dos Religiosos de Portugal
Conferência dos Religiosos de Portugal tem novo presidente: P. José Vieira, Missionário Comboniano
Nasceu em Cinfães. É um homem de comunicação. Foi diretor das revistas Audácia e Além-Mar, bem como de publicações nas Filipinas e Rádios no Sudão do Sul e Etiópia, países onde foi enviado como Missionário.
Recém-nomeado Provincial dos Combonianos em Portugal, oP. José Vieira foi eleito, na terça-feira, 17 de Novembro, em Fátima para ser o Presidente da CIRP até 2017.
terça-feira, 17 de novembro de 2015
O XVIII Capítulo Geral e a Evangelii Gaudium
“Este foi o primeiro Capítulo da nova era do Instituto comboniano, uma era marcada pela presença de muitos combonianos africanos, jovens maduros que participaram na assembleia capitular com liberdade, competência e identidade comboniana. Este facto deu-nos muita esperança. Não uma esperança baseada sobre suposições, mas sobre o facto real de que temos muitos jovens confrades que vivem o carisma, amam a missão e querem participar na vida do Instituto.
A multiculturalidade dos capitulares não foi um problema mas um dom, uma alegria, uma fonte de vitalidade e de esperança”, escreve P. Antonio Villarino, missionário comboniano.
domingo, 15 de novembro de 2015
SERVIR E NÃO SERVIR-SE - Frei Bento Domingues
1. Dizem-me
que a papolatria, que denunciei várias
vezes nestas crónicas, morreu. Era um culto hipócrita usado para esconder as
manobras anticristãs da Cúria vaticana e de algumas cúrias diocesanas. Quando o
Papa Francisco manifestou que esses poderes arbitrários seriam desmantelados,
os ratos não abandonaram a barca. Criaram redes, internas e externas, de
sabotadores das iniciativas da liderança de Bergoglio.
Segundo essa opinião, não se trada da defesa da liberdade e do pluralismo
na Igreja que, aliás, raramente tiveram um clima tão favorável. Procura-se semear
alguns escândalos e multiplicar as insinuações para convencer os carreiristas
clericais e os dirigentes de movimentos e instituições da Igreja de que o
argentino está velho e um tumor no cérebro seria o responsável pelos seus
desmandos doutrinais. A voz diária das missas na capela de Santa Marta, os
discursos e as mensagens, a enumeração das quinze doenças da Cúria, desde a
falta de autocrítica, avidez de poder, acumulação de bens materiais até à
hipocrisia, não irão sobreviver a um funeral mais ou menos solene e próximo.
Confesso que essa tese me pareceu demasiado elaborada e vizinha das
teorias da conspiração, mas foi o próprio Papa Francisco que, no passado
domingo, dia 8, a confirmou, quanto ao essencial.
Após a
celebração da missa de domingo, dirigiu-se aos fiéis, presentes na Praça de São
Pedro, afirmando que sabe que muitos deles estão indignados com as notícias que
têm circulado, nos últimos dias, sobre os documentos da Santa Sé que foram roubados e publicados. Nas
primeiras palavras sobre o escândalo, o Papa indicou que foi ele que pediu para
se fazer o estudo sobre as finanças do Vaticano e que sabia, tal como os seus colaboradores
mais próximos, da existência dos referidos documentos. Tomaram-se medidas que
já estão a dar frutos. Quero dizer que
este triste facto não me afasta do trabalho e das reformas que estou a realizar
com os meus colaboradores e com o vosso apoio. O papa disse ainda que a
Igreja se renova através da oração e com a santidade quotidiana de cada
batizado. Pediu aos fiéis que rezassem por ele e pela Igreja, avançando com confiança e esperança.
O
inquérito sobre o caso já levou à detenção, no fim-de-semana passado, do sacerdote
espanhol Lúcio Ángel Vellejo Balda e da italiana Francesca Chaouqui, entretanto
libertada.
2. O
que mais aborrece o Papa Francisco, como declarou na homilia do dia 6, em Sta
Marta, é uma Igreja morna, ensimesmada, com avidez de negócios, sem escrúpulos.
Essa não é uma Igreja que está ao serviço, mas que se serve daqueles que
deveria servir.
Na sua
homilia, pediu ao Senhor que nos dê a graça que deu a Paulo, cuja honra era ir
sempre mais longe, renunciando às regalias e às tentações farisaicas de vida
dupla: apresentar-se como ministro do
Evangelho, como aquele que serve, mas no fundo estar a servir-se dos outros, a exibir-se.
Também na Igreja, há carreiristas
e apegados ao dinheiro. Quantos sacerdotes e bispos não vimos já assim? Sei que
é triste dizer isto, mas também quanta alegria ao ouvir as narrativas daqueles
e daquelas que, desde a Amazónia a África, me vêem dizer, sorrindo, que “há 30
anos sou missionário, missionária” ou que “há 30 ou 40 anos sirvo em centros
hospitalares pessoas com necessidades especiais”. Isto é aquilo que Paulo fez:
servir. Igreja que não serve torna-se Igreja mercantil!
3. Hubert
Wolf[1], ao
falar na Igreja-Reforma da cabeça e dos
membros, chama a atenção para o seguinte: “um Papa que aplica em si mesmo o
projecto de oposição à rica e faustosa Igreja papal – isso tem uma potência
explosiva. Francisco precisará de aliados influentes para impor as suas
reformas, de modo a que não lhe aconteça o mesmo que ao seu antecessor Adriano
VI: este Papa nascido em Utrecht ficou marginalizado em Roma. O seu estilo de
vida simples, que abdicou de toda a pompa da autoencenação papal, a sua
austeridade e a sua humilde piedade foram rejeitados pela Roma renascentista.
As suas ideias radicais de reforma ameaçaram a alteração do estilo de vida de
cardeais e prelados que se viam mais como príncipes do Renascimento do que como
homens da Igreja. Assim, não tardou muito até que as Eminências lamentassem,
num momento de fraqueza e impulso religioso, ter elegido um reformador e
começassem a torpedear todas as suas iniciativas. Adriano VI morreu derrotado,
após um pontificado de escassos treze meses. É de Plínio, o Velho, uma frase
que Adriano citava regularmente durante o seu pontificado e que foi inscrita no
seu túmulo[2]: Ah, como influem os tempos na eficácia dos
actos até do melhor dos homens”.
Jesus
também não teve grande sorte por ter resistido às tentações do poder político,
económico e religioso, coisa que os discípulos nunca entenderam, mesmo depois
de lhes ter sido muito bem explicado[3].
15.11.2015
“Artes Plásticas ao serviço da Nova Evangelização…”
Com
regularidade a UASP (União das Associações dos Antigos Alunos dos Seminários
Portugueses) organiza eventos com vista a fomentar a corresponsabilidade
eclesial e a participação em projetos que procuram a dignidade humana e os
valores evangélicos corporizando assim um dos pilares da sua existência.
Para ler o artigo na integra clique AQUI
sexta-feira, 13 de novembro de 2015
DO CONGO - Pe JOSÉ ARIEIRA
Caros amigos
Paz e bem em Cristo Missionário do Pai
Eis-me em
Kinshasa, capital da República Democrática do Congo, depois de 2 dias de
viagem. Cheguei a Kinshasa às 23h de 5ªfeira, dia 12. Encontrei um aeroporto
renovado, sem os aborrecimentos que eram habituais. Tudo se passou na
normalidade. Agora falta a última etapa, ou seja Kinshasa- Kisangani, onde irei
trabalhar na formação do Postulantado dos Missionários Combonianos. Este ano,
os postulantes (os seminaristas combonianos que frequentam o Instituto Edite
Sthein), são um grupo de 34. Isto ficará
para a próxima semana, esperando que haja um avião.
Encontrei-me
com o P. Alfredo Neres, que se encontra bem.
Nesta
Domingo irei participar na ordenação sacerdotal de um dos meus antigos
formandos, serão 5 horas de celebração como acontece nestes momentos.
Quando
chegar a Kisangani dar-vos-ei outras notícias.
Um abraço
Zé Arieira
José Arieira
Missionários Combonianos
Rua Frei Bartolomeu dos Mártires, 1695
Antas / 4760-037 V.N. Famalicão
arieirajose@yahoo.fr / Tel 252322436/933209911
Missionários Combonianos
Rua Frei Bartolomeu dos Mártires, 1695
Antas / 4760-037 V.N. Famalicão
arieirajose@yahoo.fr / Tel 252322436/933209911
Um grande abraço e frutuoso trabalho é o que certamente lhe desejam todos os seus antigos colegas
PAINEL E ASSEMBLEIA GERAL DE OUTONO_21 Novembro 2015 UASP
Caros Colegas e Amigos
Realiza-se a 21 de Novembro no Seminário da Imaculada Conceição, Braga, pelas 14.30, a assembleia geral da UASP. Eu espero poder estar presente. Seria interessante que mais algum ou alguns dos nossos colegas de aqui perto pudessem estar presentes.
A marcação para o almoço deve ser feita até dia 16.
Um grande abraço para todos
António Pinheiro
-------- Forwarded Message --------
Realiza-se a 21 de Novembro no Seminário da Imaculada Conceição, Braga, pelas 14.30, a assembleia geral da UASP. Eu espero poder estar presente. Seria interessante que mais algum ou alguns dos nossos colegas de aqui perto pudessem estar presentes.
A marcação para o almoço deve ser feita até dia 16.
Um grande abraço para todos
António Pinheiro
-------- Forwarded Message --------
Subject: | PAINEL E ASSEMBLEIA GERAL DE OUTONO_21 Novembro 2015 |
---|---|
Date: | Thu, 12 Nov 2015 23:28:59 +0000 |
From: | UASP <uaaasp@gmail.com> |
Caríssimos
amigos, boa noite!
A
pouco mais de uma semana da nossa Assembleia Geral de Outono e
do Painel organizado pelas ASSASBraga sobre as "Artes
plásticas ao serviço da Nova Evangelização", vimos recordar a
necessidade de informar, até à próxima segunda feira (16/11/2015),
para este mesmo email, sobre o número de pessoas que
desejam almoçar no Seminário de Nª Sª da Conceição.
Pedimos
também que cada Associação nos faça saber quem a representará
na Assembleia Geral.
Aguardando
a vossa resposta, apresentamos os nossos melhores
cumprimentos.
Atentamente
O
Presidente da Direcção
P.
Armindo Janeiro
Quebrar o silêncio: uma actualização dos acontecimentos na República Centro-Africana
Nos últimos dias, ocorreram vários ataques sempre mais devastadores e brutais em Bangui, na República Centro-Africana e, em particular, na paróquia de Nossa Senhora de Fátima. Esta paróquia, seguida pelos missionários combonianos, foi atacada também em Maio de 2014.
quarta-feira, 11 de novembro de 2015
Fundação filipina distingue revista comboniana
"...A Fundação Catholic Mass Media Awards (CMMA: Prémios para Meios de Comunicação Católicos) distinguiu na edição de 2015 a revista World Mission nas categorias melhor conto breve, melhor reportagem de investigação, melhor página internet e menção especial como revista orientada para a família.
O P. David Domingues, director da publicação, recebeu a mão cheia de prémios a 4 de novembro no Teatro Star City de Manila durante a gala dos XXXVII Prémios CMMA..."
PARABÉNS Pe DAVID. Um grande abraço dos colegas Antigos Alunos Combonianos.
domingo, 8 de novembro de 2015
Papa pede paz para RCA e recorda os Combonianos
"...Estou espiritualmente próximo aos padres combonianos da Paróquia de Nossa Senhora de Fátima em Bangui, que acolhem numerosos refugiados...."
quarta-feira, 4 de novembro de 2015
FELIZ ANIVERSÁRIO
A propósito do aniversário que hoje celebra o Pe Carlos Naldi ( os meus parabéns pelos seus 85 anos) encontrei esta foto de 1959 onde se encontram muitos nossos antigos colegas e os seus formadores. Identifico muitos. Outros já me não lembro dos seus nomes. Um abraço para todos os vivos. Um até breve... para todos os outros.
domingo, 1 de novembro de 2015
QUE TEMOS NÓS A VER COM OS MIGRANTES? Frei Bento Domingues
1. Alguns
leitores reagindo ao meu texto do domingo passado, disseram-me: se o panorama
da família em desconstrução e reconstrução é tão caótico, como poderão as famílias
agrupar-se para evangelizar, encher de
alegria, antigos e novos projectos familiares?
Podem. Com diferentes configurações, existem, por todo o
mundo, milhões de famílias que o amor reuniu - de avós a netos - que sem
alarido, já vivem antigos e novos processos de alimentar e renovar a esperança
das futuras gerações. Por outro lado, a graça do
Evangelho não contraria os trabalhos escondidos da natureza e da cultura, como
certa apologética pouco católica, ignorante e sectária, insiste em proclamar.
Dito isto, para evangelizar a família importa não esquecer o
contencioso agreste de Jesus com a sua família e com as famílias dos seus
discípulos. Tão agreste que os seus familiares o quiserem deter, julgando que
ele estava doido. Quem o diz é S. Marcos, ao descrever o entusiasmo que a sua
intervenção estava a suscitar: «Voltou para casa. E de novo a multidão se
apinhou, a ponto de não se poderem alimentar. Logo que os seus tomaram
conhecimento disso, saíram para o deter, dizendo: enlouqueceu[1]». S. João descreve uma
cena familiar de ciúmes, crueldade, troça e desprezo, precisamente quando Jesus
mais precisava de compreensão, porque nem
mesmo os seus irmãos acreditavam nele[2].
Esse contencioso é ignorado na catequese e na pregação
porque não quadra com a iconografia da exemplar família de Nazaré! No entanto,
é o desentendimento no seio da Sagrada
Família que revela, da forma mais abrangente e radical, a essência do cristianismo: fazer
família com quem não é da família, esperança activa e horizonte da humanidade,
sempre a retomar, nos mais diversos estilos, tempos e lugares.
Por isso, é ridículo dizer que Jesus era contra a família.
Pelo contrário. Repito e voltarei a repetir: vivia e interpretava a sua missão
como a loucura de fazer família com quem
não era da família. O que ele combatia era a família como central de
egoísmo, a família fechada sobre si mesma que não se preocupa com os de fora.
Era precisamente esse egoísmo que impedia a sua família e a
dos discípulos de entender o caminho desta estranha criatura: «Chegaram, então,
a sua mãe e os seus irmãos e, ficando do lado de fora, mandaram-no chamar.
Havia uma multidão sentada em torno dele. Disseram-lhe: a tua mãe, os teus
irmãos e as tuas irmãs estão lá fora e procuram-te. Ele perguntou: quem é minha
mãe e meus irmãos? Percorrendo com o olhar os que estavam sentados ao seu redor
disse: eis a minha mãe e os meus irmãos. Quem fizer a vontade de Deus, esse é
meu irmão, irmã e mãe.»[3]
No Evangelho de S.
Mateus a questão da revolução na família alarga-se: «Quanto a vós, não
permitais que vos chamem Rabi, pois
um só é o vosso Mestre e vós sois todos irmãos. A ninguém na terra chameis Pai, pois um só é o vosso Pai, o celeste».[4]
2. É evidente que
Jesus não estava a ditar um catecismo de pastoral familiar nem a desautorizar
as chamadas famílias biológicas e as suas múltiplas configurações culturais.[5] Estava a semear algo de
muito mais importante e para sempre: fazer da vida em família, o tempo e o
lugar da descoberta do mundo como família. Ao aprofundar e estreitar os laços
internos, construindo a igreja doméstica, tudo seria orientado para redes de
igrejas em saída, para usar a linguagem do Papa Francisco.
Dir-se-á que esse é o
caminho dos sonhos. Os sonhos são antecipações do futuro e o futuro é a união
na diferença.
Esta expressão está ameaçada. A UE em vez de trabalhar pela união dos países desenvolveu um sistema
no qual os grandes comem os pequenos e ainda querem passar por benfeitores. As
fronteiras foram abolidas, mas não as fronteiras económicas. Os pequenos enriquecem
os grandes que ainda passam por preguiçosos. Quem procura entrar na Europa
encontra muros e mares de sepultura. Perante os migrantes, quem pensará que se
trata de gente da nossa família humana? E as chamadas famílias cristãs terão olhos, inteligência e coração
verdadeiramente cristãos para alterar as políticas que vêm nos pobres uma
ameaça?
3. Seria normal
procurar no Sínodo dos Bispos orientações para responder a estas perguntas.
Ainda é cedo para essa pesquisa. Não estamos no vazio. O Papa Francisco
desenvolveu durante um ano, nas audiências gerais de quarta-feira[6], uma reflexão sobre a
família que começa em Nazaré e
termina com Os Povos. Não encontrei
nada sobre a família comparável a esses textos. Estão longe da usual e
aborrecida linguagem eclesiástica. Os diversos aspectos da vida familiar surgem
a uma nova luz e abrem brechas de esperança para as situações mais difíceis.
01.11.2015
[1]
Marcos 3,20-21
[2]
João 7,1-5
[3]
Marcos 3,31-35
[4] Mateus 23,8-9
[5] Sobre as relações entre Jesus de Nazaré e a família ver o meu texto em Cadernos ISTA nº 31,
2015, pp. 49-58. Este número é todo subordinado a interrogação: A Família tem
Futuro?
[6]
Dezembro de 2014 e duraram até Setembro de 2015. Ver
Rev. Lumen Setembro-Outubro 20154, pp 17-75
Difíceis de entender estas palavras...direi eu....
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