ACREDITE NO QUE QUISER,
MAS NÃO SEJA IDIOTA
Frei
Bento Domingues, O. P.
1. Deparei com este título num artigo
de R. F. Machado, O desencantamento da
experiência de Deus em House, dedicado a estudar as relações entre fé e
ciência, a partir de uma conhecida série norte-americana. O autor já tinha
consagrado uma tese de doutoramento ao mesmo tema[i]. Numa das conversas entre House e uma freira doente – que
disfarçava uma complicada história pessoal com a vontade de Deus - o médico acabou por explodir: acredite no que
quiser, mas não seja idiota. Mesmo sob a protecção divina, ao atravessar a rua,
se não quiser ser atropelada, olhe bem para os dois lados.
O Papa, ao
regressar das Filipinas, tem uma observação ainda mais rústica: pensam alguns que para serem bons católicos
- desculpem o termo - devem ser como
coelhos. Contou, a propósito, a pergunta feita a uma mãe de sete filhos,
todos nascidos de cesariana: como se
atreve a pensar em ter ainda outro? Eu acredito em Deus! Bergoglio
lembra-lhe que Ele nos deu meios para sermos responsáveis.
Sempre me
irritou a beata invocação da vontade de
Deus, a propósito de tudo e de nada. De forma consciente ou inconsciente é
a arma psicológica sempre disponível. Contaram-me que um superior autoritário
invocou a vontade de Deus para exigir a obediência de um membro da comunidade,
acerca de uma decisão algo arbitrária. Resposta pronta e firme: devo-lhe obediência e cumprirei, mas não
julgue que a santíssima e misteriosíssima vontade de Deus passa pela sua
realíssima gana!
Fazer
chantagem com a vontade de Deus, é um pecado contra o Céu.
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