segunda-feira, 12 de dezembro de 2022

ALEGRIA PARTILHADA Frei Bento Domingues, O.P.

 

1. Não sabemos qual será o futuro do Cristianismo na Europa. A conjugação da liberdade religiosa com os movimentos migratórios está a modificar, continuamente, o seu panorama religioso, embora a ritmos diferentes segundo os países. Espero que os cristãos acordem para a afirmação da sua identidade, como nos lembrou o Papa Francisco, desde o manifesto do seu pontificado, com a fervorosa e lúcida exortação apostólica, A Alegria do Evangelho.

O Presépio, inspirado nos chamados Evangelhos da Infância (começo dos evangelhos de S. Mateus e de S. Lucas) é obra de S. Francisco de Assis. Tomás de Celano, o seu primeiro biógrafo, revelou que ele se referia ao Natal como a festa das festas e celebrava-a com devoção inenarrável. Três anos antes de morrer, em 1223, começou a representar o nascimento de Jesus com o fervor poético da sua imaginação cristificada. Refigurado e desfigurado ao longo dos tempos, o presépio nunca mais foi esquecido.

        É verdade que, para as primeiras comunidades cristãs e não só, a festa das festas era a Páscoa, a misteriosa flor da vida-dada que venceu a morte. Mas ele sabia que o nascimento dos seres humanos, em todos os povos e culturas, é o primeiro fruto do amor que reedita a criação do mundo. Enquanto houver crianças amadas, há presente e há futuro.

       Os textos messiânicos de Isaías de que tenho evocado nestas crónicas, escolhidos para o tempo litúrgico do Advento, são poemas para sonhar um mundo novo, a partir do que eles chamam o ramo do tronco de Jessé (pai de David) e que os cristãos interpretaram como antepassado de Jesus[1].

Como diz Frederico Lourenço, na bela introdução aos Quatro Evangelhos, «por terem sido escritos num grego despretensioso, sem vestígio de sumptuosidade verbal dos grandes autores helénicos, é provável que estes quatro textos nem merecessem ao leitor culto da época o alto estatuto de literatura. No entanto, estes textos conquistaram o mundo antigo, tanto grego como romano. Lendo-os dois mil anos depois, não é difícil perceber porquê. Sobre um desses textos já se escreveu que se trata do mais divino dos livros divinos: na verdade, essa descrição assenta a qualquer um deles. São textos que – com a sua mensagem sublime veiculada por palavras cuja beleza desarmante ainda deixa arrepiado quem os leu e os releu ao longo de uma vida inteira – estão simplesmente numa categoria à parte».

E acrescenta: «Apesar de terem sido lidos, copiados à mão durante séculos e depois impressos milhões de vezes; apesar de ao longo de dois milénios, estes textos terem mudado a vida de um número incontável de pessoas, sobre estes quatro textos falta-nos saber, ainda hoje, quase tudo».

Note-se que os quatro Evangelhos canónicos não foram os primeiros escritos cristãos. Quando estes foram escritos, já existiam muitas comunidades cristãs que viviam das narrativas de quem tinha conhecido o próprio Jesus, a Palavra da Vida, como lhe chama S. João[2]. S. Lucas, na dedicatória da sua narrativa, confessa que já circulavam várias outras. Ele vai fazer trabalho de investigador[3].

As Cartas de S. Paulo são anteriores aos quatro Evangelhos. O próprio confessa, na 1ª Carta aos Coríntios, que transmite a fé na Ressurreição de Cristo como ele a recebeu: apareceu a Cefas e depois aos Doze. Em seguida, apareceu a mais de quinhentos irmãos, de uma só vez, a maior parte dos quais ainda vive, enquanto alguns já morreram. Depois apareceu a Tiago e, a seguir, a todos os Apóstolos. Em último lugar, apareceu-me também a mim, como a um aborto. É que eu sou o menor dos apóstolos, nem sou digno de ser chamado Apóstolo, porque persegui a Igreja de Deus[4]. Na mesma Carta, repreende com veemência os que já se reuniam para celebrar a Ceia do Senhor (a Eucaristia), porque tratavam de forma diferente os ricos e os pobres[5].

2. Existe um Evangelho, o de S. Marcos, onde não há Natal. Começa com João Baptista e de uma forma bastante desenvolvida. Ele representava uma corrente do judaísmo que não se satisfazia com a religião do Templo de Jerusalém. O banho no rio Jordão significava o culminar de um percurso de conversão. Jesus é apresentado como fazendo parte dessa corrente, pois também Ele foi baptizado por João. Tem todo o aspecto de ser um facto histórico, não só porque consta nos quatro Evangelhos, mas porque complicava a identidade de Jesus. Os discípulos de João poderiam sempre dizer, não foi o vosso mestre a baptizar o nosso, mas foi João que baptizou o vosso mestre.

Nesse cenário, porém, acontece o insólito: Jesus, depois de sair da água, entrou em oração, isto é, abriu-se ao mistério de Deus. Teve uma experiência que mudou completamente o rumo da sua vida e o desligou do caminho e das exigências de João. Este era conhecido pela sua austeridade e pelas ameaças divinas que pregava para quem o não seguisse. Jesus, pelo contrário, ouve uma voz interior que lhe vem do mais íntimo, figurada como pomba, voz do Céu: Tu és o meu filho amado, em ti me alegro.

Não quis fazer da sua experiência filial algo de exclusivo. Pelo contrário, interpretou-a como a missão de revelar que Deus não era nem como a religião oficial nem como a pregação de João O representavam. Desse Céu não vêm ameaças, só podem vir as maiores declarações de amor. Isto diz-se depressa, mas implicava que era o próprio Jesus que tinha de alterar as imagens do messianismo em que fora educado. Foi para o deserto e, aí, tornou-se-lhe evidente que o caminho da dominação económica, política e religiosa, era diabólico. Tinha de romper, para sempre, com essas tentações que foram, depois, o quebra cabeças da sua relação com os discípulos.

3. Ao terminar os parágrafos anteriores, mandaram-me um poema de Kleber Lucas, cantado por ele e por Caetano Veloso. Retenho: Eu preciso aprender mais de Deus/ Porque Ele é quem cuida de mim// Se uma porta se fecha aqui/ Outras portas se abrem ali/ … Deus cuida de mim/ Na sombra das Suas asas/ Deus cuida de mim/ Eu amo a Sua casa/ E não ando sozinho/ Não estou sozinho, pois sei/ Deus cuida de mim…

A alegria deste poema é realçada, não apenas pela voz de Caetano Veloso e de Kleber, mas também pela pequena orquestra de jovens, raparigas e rapazes.

Quando ouvi Deus cuida de mim, lembrei-me que, desde o Génesis ao Apocalipse, passando pelo capítulo 25 de S. Mateus e pelo capítulo 10 de S. Lucas, entre outros, me pede para eu não me esquecer desta sua interrogação: Que fizeste do teu irmão?

A alegria verdadeiramente humana nasce da partilha. Esta é a mensagem de Natal, diz a liturgia deste Domingo.

 

 

11 Dezembro 2022



[1] Cf. Genealogia de Jesus, segundo S. Mateus e S. Lucas com perspectivas diferentes porque, na de Mateus é a história de Israel e, na de Lucas, é a história da humanidade.

[2] 1Jo 1, 1-4

[3] Lc 1, 1-4; não se contentou, escreveu depois a 1ª história da Igreja (Actos dos Apóstolos)

[4] 1Cor 15

[5] 1Cor 11, 17-34. É o primeiro escrito que nos chegou da instituição da Eucaristia.

segunda-feira, 10 de outubro de 2022

COMBONI - Um testemunho

 


 Meus Amigos inesquecíveis,
Hoje, dia de festa de S. Daniel Comboni, não posso deixar de recordar os bons tempos passados nos três Seminários que frequentei, lembrar as centenas de colegas com quem convivi e partilhar a alegria de ter estudado, aprendido e crescido debaixo do espírito deste Santo, que continua a iluminar o meu caminho.
Comboni e a sua Missão neste mundo são a prova de que, ao contrário daquilo que alguém, certamente ignorante, escreveu para mim, recentemente, a Igreja Católica, através de muitos missionários, padres e leigos, em todo o mundo, fez muito pela humanidade.
Um grande abraço a todos

Caseiro Marques

segunda-feira, 26 de setembro de 2022

JERUSALÉM EDIFICADA COMO CIDADE INABALÁVEL - Parte 3 -UAASP

 Por Luís Matias, ASDL 

Belém é outra cidade governada pelos palestinianos, próxima de Jerusalém. Ficámos alojados na magnífica “Casa Nova” dos franciscanos, mesmo colada ao complexo da Basílica da Natividade. Celebrámos a Eucaristia numa das diversas capelas subterrâneas (gruta) deste complexo, num ambiente completamente extraordinário. Passeámos pela praça central da cidade, aqui junto, mergulhámos num bairro árabe, super seguro, para uma extensa conversa com um árabe, em que percebemos um pouco melhor do xadrez político e administrativo destas cidades ocupadas, onde vive um povo sem terra, e onde reina a paz por acordos, que são respeitados, mas onde sentimos que as pessoas, as comunidades não comungam o mesmo sentir, e estão contidas à força: do lado de cá (árabe, que também é Israel) e do lado de lá, Israel. A maior parte da população árabe de Belém era cristã, mas quase todos emigraram. VER MAIS


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JERUSALÉM EDIFICADA COMO CIDADE INABALÁVEL - Parte (2) - UAASP

 Por Luis Matias, ASDL

(Parte 2)

Encontrámos uma nascente de um dos afluentes do rio Jordão, num parque florestal bem bonito, bem sombrio (no bom sentido), a contrariar simpaticamente o que ditavam os termómetros. Umas quedas de água, muito cristalina, a gerarem rápidos e lagos pela montanha abaixo. E fomos para Nazareth.

Conhecemos todos estes locais, visualizamo-los pelas escrituras, ao longo da nossa vida. Estar aqui, é outra coisa. As ruínas da casa onde viviam José, Maria e Jesus, lá estão, preservadas sob uma moderníssima catedral, católica, dos Franciscanos. A igreja é fabulosa; muito bem projectada, com 3 níveis e as ruínas dentro e fora, estão absolutamente integradas. Mas o complexo tem mais: outra igreja grande, de S. José; jardins e extenso logradouro e um hotel, tudo fazendo parte do mesmo complexo. Está numa zona elevada da cidade, que é a maior cidade árabe de Israel. É governada pelos palestinianos da Fathá, mas é muito segura. Aliás, em todos os locais de Israel, incluindo a Cisjordânia, segurança total nas ruas. Pode andar-se à vontade, a qualquer hora do dia ou da noite, sem nenhum problema. Nesta e em todas as cidades (com excepção, naturalmente, da zona de conflito que ainda resta, a Faixa de Gaza, onde não fomos nem próximo). (Continua)


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JERUSALÉM EDIFICADA COMO CIDADE INABALÁVEL - Parte (1) - UAASP

 

Por Luis Matias, ASDL

Ainda mal acabados de refazer da intensidade que vivemos na nossa peregrinação à “Terra Santa”, da qual chegámos há duas semanas, apetece-me utilizar como título esta citação (adaptada à canção), do Salmo 121.

A viagem foi programada em segunda linha, por imperativo de se ter ainda adiado o já programado rumo a Moçambique, no âmbito da já famosa acção anual “Por mares dantes navegados”. A escolha da “Terra Santa” (e designamos assim porque temos dificuldade em distinguir com rigor os países e terras por onde andámos), foi unânime entre a Direcção da UASP e, sabemos hoje, não poderíamos ter melhor escolha.

Contámos, para o retumbante êxito da viagem, com o conhecimento prévio do Pe. Manuel Armindo Janeiro, que além de conhecer o terreno, conhecia a pessoa certa para nos guiar, além dos guias, na interpretação religiosa dos locais e da cultura das gentes com quem contactámos.

O Grupo constituiu-se com 30 navegantes, e em Telavive esperava-nos o 31º, o jovem Pe. Johnny, conhecedor profundo da cultura hebraica, dos lugares e, sobretudo, da sua ligação às Escrituras. Ele viveu e estudou 8 anos em Jerusalém, Sagrada Escritura, e conseguiu de forma espantosa, animar e transpor para os cenários actuais que visitámos, as cenas que sempre lemos ou ouvimos e, de alguma forma, idealizávamos nas nossas cabeças e corações e que constituem o nosso processo de conhecimento nestas matérias. (continua)

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PROTESTO E ACOLHIMENTO DE UM NOVO CAMINHO Frei Bento Domingues, O.P.

 

1. A celebração da Eucaristia nunca pode estar desligada do que vai acontecendo na vida humana, de crentes e não crentes. A narrativa eucarística mais antiga que conhecemos precede as formulações dos textos evangélicos. Encontramo-la numa célebre Carta de S. Paulo aos Coríntios[1], que manifesta a indignação acerca do que está a acontecer numa comunidade ainda pouco cristã.

Eis a narrativa: «Quando vos reunis, não é a ceia do Senhor que comeis, pois cada um se apressa a tomar a sua própria ceia; enquanto um passa fome, outro fica embriagado. Porventura não tendes casas para comer e beber? Ou desprezais a Igreja de Deus e quereis envergonhar aqueles que nada têm? Que vos direi? Hei-de louvar-vos? Nisto, não vos louvo. Eu recebi do Senhor o que também vos transmiti: o Senhor Jesus na noite em que era entregue, tomou pão e, tendo dado graças, partiu-o e disse: Isto é o meu corpo, que é para vós; fazei isto em memória de mimDo mesmo modo, depois da ceia, tomou o cálice e disse: Este cálice é a nova Aliança no meu sangue; fazei isto sempre que o beberdes, em memória de mim. Porque, todas as vezes que comerdes deste pão e beberdes deste cálice, anunciais a morte do Senhor, até que Ele venha.  Todo aquele que comer este pão ou beber o cálice do Senhor indignamente será réu do corpo e do sangue do Senhor. (…) Quem come e bebe, sem distinguir o corpo do Senhor, come e bebe a própria condenação. Por isso, meus irmãos, quando vos reunirdes para comer, esperai uns pelos outros».

A Eucaristia nasceu no contexto de uma refeição em que não pode haver indiferença em relação às gritantes desigualdades sociais. Quem participa na Eucaristia deve participar em todos os movimentos que não suportam ver uns à mesa e outros à porta[2]. A participação na Eucaristia implica a entrada num processo de conversão permanente do olhar do coração para não nos conformarmos com o mundo que temos.

2. Hoje, por exemplo, abrimos a celebração dominical com a indignação do profeta Amós (760 a 750 a.C.): «Ouvi isto, vós que esmagais o pobre e fazeis perecer os desvalidos da terra, dizendo, quando passará a Lua-nova, para vendermos o nosso trigo, e o Sábado, para abrirmos os nossos celeiros, diminuindo a medida, aumentando o preço e falseando a balança para defraudar? Compraremos os necessitados por dinheiro e o pobre por um par de sandálias. Venderemos até as cascas do nosso trigo[3]».

É importante transpor para os jogos da economia capitalista – uma economia que mata, como diz o Papa Francisco – a indignação clarividente deste pastor que nem profeta se considerava: Não sou profeta nem discípulo de profeta. Foi o Senhor Deus que me tirou de detrás do rebanho e me ordenou: vai profetizar contra Israel, o meu povo.

Também as comunidades cristãs devem denunciar todas as formas de corrupção, de mentira, de egoísmo, ao concentrar os bens destinados a todos, nas mãos de muito poucos.

Por seu lado, o texto do Evangelho, para esta celebração, é muito parecido com a observação que Jesus já tinha feito, em situação semelhante: os filhos das trevas são mais espertos para o mal do que os filhos da luz para fazer o bem. Apresenta agora, a astúcia de um administrador que caiu em desgraça e fica ameaçado de perder o lugar. Soube encontrar um processo fraudulento para fazer amigos que o acolham quando for despedido.

Louvar essa astúcia não é aprová-la. Serve para exprimir o salto radical que percorre o Novo Testamento:  Não podeis servir a Deus e ao dinheiro[4]. Ao divinizar a ganância e as suas artes, o mundo das vítimas passa a ser normal.

3. Tinha previsto, para este terceiro ponto, a santa Convocatória dos jovens economistas e empresários para abordar, em Assis, a Economia de Francisco (22-24/09/2022). Fui, entretanto, surpreendido com a viagem do Papa ao Cazaquistão e não resisti em seleccionar, como aperitivo, o começo do seu discurso de abertura do VII Congresso de Líderes de Religiões Mundiais e Tradicionais, a procura de uma comunhão universal.

«Permiti que vos trate assim com estas palavras directas e familiares: irmãos e irmãs. É deste modo que vos desejo saudar, Líderes religiosos e Autoridades, membros do Corpo Diplomático e das Organizações Internacionais, Representantes de instituições académicas e culturais, da sociedade civil e de várias organizações não-governamentais, em nome daquela fraternidade que a todos nos une enquanto filhos e filhas do mesmo Céu.

Frente ao mistério do infinito que nos excede e atrai, as religiões lembram-nos que somos criaturas. Não somos omnipotentes. Somos mulheres e homens a caminho da mesma meta celeste. Assim, a dimensão de criatura que todos partilhamos estabelece uma comunhão, uma real fraternidade. Recorda-nos que o sentido da vida não se pode reduzir aos nossos interesses pessoais, mas inscreve-se na fraternidade que nos caracteriza. Só crescemos com os outros e graças aos outros.

Amados Líderes e Representantes das religiões mundiais e tradicionais, encontramo-nos numa terra que, ao longo dos séculos, foi percorrida por grandes caravanas: nestes lugares, incluindo a antiga rota da seda, entrelaçaram-se muitas histórias, ideias, crenças e esperanças. Possa o Cazaquistão continuar a ser uma terra de encontro entre quem está distante. Possa abrir uma nova rota de encontro, centrada sobre as relações humanas: no respeito, na honestidade do diálogo, no valor imprescindível de cada um, na colaboração, construímos uma rota fraterna para caminhar juntos, rumo à paz.

Ontem tomei, emprestada, a imagem da dombra; hoje, quero associar ao instrumento musical uma voz, a do poeta mais famoso do país, o pai da literatura moderna, o educador e compositor muitas vezes representado junto precisamente com a dombra. Abai (1845-1904) – como é conhecido popularmente – deixou-nos escritos impregnados de religiosidade, nos quais transparece a alma melhor deste povo: uma sabedoria harmoniosa, que deseja a paz e procura-a, interrogando-se com humildade, anelando por uma sabedoria digna do ser humano, nunca fechada em visões restritas e apertadas, mas pronta a deixar-se inspirar pelas mais variadas experiências.

 Abai provoca-nos com uma interrogação atemporal: Que beleza pode ter a vida, se não se vai em profundidade? (Poesia, 1898). (…) Precisamos de encontrar um sentido para as questões últimas, cultivar a espiritualidade; temos necessidade – dizia Abai – de manter desperta a alma e límpida a mente (Palavra 6)».

Neste discurso, o Papa Francisco respondeu a quem pergunta sobre o motivo de uma viagem tão dolorosa: Venho para amplificar o clamor de tantos que imploram a paz, caminho essencial de desenvolvimento do nosso mundo globalizado.

Tem toda a razão o Presidente cazaque, Kassym-Jomat Tokayev, ao afirmar, na sua intervenção inaugural deste Congresso: Precisamos todos de um novo movimento global para a paz.

 

 

18 Setembro 2022



[1] 1Cor 11, 26-33

[2] Lc 16, 19-31

[3] Amós 8, 4-7

[4] Lc 16, 1-13

terça-feira, 13 de setembro de 2022

Moçambique : Ataques a Missões “Combonianas”...

 

Fonte – Agência Lusa

Por: Cristina Silva Rosa.

Moçambique : Ataques a Missões “Combonianas”...

Papa recorda freira assassinada

 

Cidade do Vaticano, 11 set 2022 (Lusa) – O Papa recordou hoje a freira italiana Maria De Coppi, de 83 anos, assassinada na terça-feira passada num ataque sofrido pela missão onde vivia, na localidade de Nacala, em Moçambique.

Francisco, no final da oração do Angelus, na praça de São Pedro, elogiou a missionária comboniana, que serviu em Moçambique "por amor, durante quase 60 anos" e rezou para que "o seu testemunho dê força e coragem aos cristãos e a todo o povo moçambicano”.

Duas outras religiosas, uma italiana e uma espanhola, escaparam com vida do atentado em Nacala, província de Nampula.

A freira italiana, de 83 anos, foi morta num ataque na terça-feira à noite na missão onde vivia, na cidade de Nacala, em Moçambique, enquanto outras duas conseguiram escapar, declararam na quarta-feira os Missionários Combonianos.

"Os rebeldes atacaram a missão, incendiando todos os edifícios da paróquia. A irmã Maria, missionária comboniana nascida na cidade de Vittorio Veneto (norte), morreu durante a emboscada. Todos os sobreviventes estão agora a fugir para Nacala", disse a secretária-geral das Irmãs Combonianas em Itália, Enza Carini, na quarta-feira.

Segundo a mesma fonte, as outras duas freiras da comunidade, uma italiana e outra espanhola, “conseguiram escapar e esconder-se na floresta, juntamente com um grupo de raparigas".

A freira, que vivia em Moçambique desde 1963, estava na paróquia de Chipene, na diocese de Nacala, que albergava centenas de pessoas que fugiam dos combates no norte do país, explicou a fonte.

De acordo com relatórios enviados à agência missionária Fides, os atacantes destruíram as estruturas da missão, incluindo a igreja, o hospital e a escola primária e secundária, e a freira italiana levou um tiro na cabeça quando tentou chegar ao dormitório onde se encontravam os poucos estudantes restantes.

Outros dois missionários italianos que se encontravam na missão foram poupados, disseram os Missionários Combonianos de Pordenone, Itália.

O arcebispo de Nampula, Inacio Saure, disse não ter a certeza sobre identidade dos autores do ataque, mas considerou que “seja muito provável” tratar-se de terroristas islâmicos.

A província de Nampula, juntamente com Cabo Delgado, é palco da instabilidade causada pela presença de grupos terroristas ligados ao Estado Islâmico.

A província de Cabo Delgado é rica em gás natural, mas aterrorizada desde 2017 por violência armada, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.

A insurgência levou a uma resposta militar desde há um ano por forças do Ruanda e da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), libertando distritos junto aos projetos de gás, mas levando a uma nova onda de ataques noutras áreas, mais perto de Pemba, capital provincial.

Há cerca de 800 mil deslocados internos devido ao conflito, de acordo com a Organização Internacional das Migrações (OIM), e cerca de 4.000 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED.

CSR(VM)// ACL

Lusa/Fim

domingo, 31 de julho de 2022

A MELHOR LEITURA PARA FÉRIAS Frei Bento Domingues, O.P.

 

1. A partir de hoje até Setembro, suspendo estas crónicas. Costumava sugerir algumas leituras para o mês de Agosto. Não vou engrossar a ladainha de todos os que repetem que o cristianismo está em declínio irreversível. A história é o reino das surpresas. Muitas vezes, o que se julgava uma demonstração triunfante do catolicismo, nas viagens dos últimos Papas, veio a revelar-se uma grande manifestação de fraqueza.

Neste momento, o Papa Francisco não foi ao Canadá para recolher aplausos. Foi pedir perdão e penitenciar-se de crimes vergonhosos cometidos contra as famílias indígenas em instituições católicas. Que este gesto penitencial seja bem compreendido, rejeitado ou indiferente, para a opinião pública, não importa. Esta atitude do Papa Francisco não busca aplausos ou esquecimentos. Vale por si mesma ao repor a verdade. Nenhum outro motivo deve ser tido em conta.

Ao contrário do que acontece a outras pessoas, Bergoglio não me tem decepcionado. Continua a testemunhar verdadeira fidelidade à prática histórica de Jesus que procurava sempre a companhia dos rejeitados.

Tem sido espantosamente fiel à escolha do santo de Assis, emblema do seu pontificado. O melhor é dar-lhe a palavra, mediante um dos seus textos mais representativos e mais universalista.

Fratelli Tutti: escrevia São Francisco de Assis, dirigindo-se aos seus irmãos e irmãs para lhes propor uma forma de vida com sabor a Evangelho. Destes conselhos, quero destacar o convite a um amor que ultrapassa as barreiras da geografia e do espaço; nele declara feliz quem ama o outro, o seu irmão, tanto quando está longe, como quando está junto de si. Com poucas e simples palavras, explicou o essencial duma fraternidade aberta, que permite reconhecer, valorizar e amar todas as pessoas independentemente da sua proximidade física, do ponto da terra onde cada uma nasceu ou habita.

Este Santo do amor fraterno, da simplicidade e da alegria, que me inspirou a escrever a encíclica Laudato Si’, volta a inspirar-me para dedicar esta nova encíclica à fraternidade e à amizade social. Com efeito, São Francisco, que se sentia irmão do sol, do mar e do vento, sentia-se ainda mais unido aos que eram da sua própria carne. Semeou paz por toda a parte e andou junto dos pobres, abandonados, doentes, descartados, dos últimos[1].

2. A expressão com sabor a Evangelho remete para os textos do Novo Testamento. Como diz Frederico Lourenço, na segunda metade do século I da era cristã, o manancial (já de si tão rico) de textos em língua grega veio a enriquecer-se ainda mais com o aparecimento de quatro textos que mudaram para sempre a História da Humanidade.

Nestes textos, o leitor escolarizado da época ter-se-ia confrontado com uma temática muito diferente da que conhecia de Homero, Sófocles ou Platão. Pois nestes quatro textos não se falava das façanhas heroicas de reis e de guerreiros, nem se reportavam a conversas de aristocratas atenienses com o lazer e o dinheiro para se dedicarem à filosofia.

Aqui falava-se de pescadores e de leprosos; falava-se de pessoas desprezadas pela sua baixa condição na sociedade, pelas suas deficiências físicas, pelos seus problemas de saúde mental; falava-se de figuras femininas que não eram as rainhas e princesas da epopeia e da tragédia gregas, mas sim mulheres normais da vida real (a queixarem-se da lida da casa ou a exercerem, talvez, a mais antiga profissão do mundo).

Acima de tudo, nestes quatro textos falava-se de certo homem, filho de um carpinteiro nazareno: um homem carismático, cheio de compreensão por todo o tipo de sofrimento humano; um homem que, apesar de não ter praticado qualquer crime, acabou por morrer crucificado como se fosse um criminoso, no meio de dois ladrões. Esse homem – que muitos foram reconhecendo como Ungido (Khistós: Cristo) de Deus e até como Filho de Deus – era portador da mais extraordinária das mensagens, transmitida com palavras simples, por vezes sob a forma de pequenas histórias singelas, compreensíveis em qualquer aldeia (e, por isso, muitos termos por ele utilizados eram palavras da aldeia – como estrume).

(…) Lendo-os dois mil anos depois, não é difícil perceber porquê. Sobre um desses textos já se escreveu que se trata do “mais divino de todos os livros”: na verdade, essa descrição assenta a qualquer um deles. São textos que – com a sua mensagem sublime veiculada por palavras cuja beleza desarmante ainda deixa arrepiado quem os leu e releu ao longo de uma vida inteira – estão simplesmente numa categoria à parte[2].

Não me admira que Eduardo Lourenço tenha escrito: no Ocidente não se levantou outro modelo cultural (e, mais além do cultural, um modelo existencial) mais profundo e mais radical do que o modelo de Cristo. (…) Creio que é Cristo histórico propriamente dito, a historicidade de Cristo exemplar que continua funcionando como modelo, se há algum modelo. Se há algum modelo – é esse[3]. Para ele, Cristo é um momento (sem limite de tempo) em que a humanidade tomou forma humana[4].

Neste Verão, a melhor leitura que recomendo para férias são, precisamente, os quatro Evangelhos cheios de surpresas, mesmo para quem os frequenta diariamente. É evidente que devem ser preferidas as edições com boas introduções e notas elucidativas.

3. O Evangelho deste Domingo é dedicado à insensatez de pensar que é, na acumulação insaciável de riqueza, que temos o nosso futuro garantido[5]. Um dos traços mais apelativos da pregação de Jesus é a lucidez com que soube desmascarar o poder alienante e desumanizador da confiança no dinheiro, o deus dos que se perderam de Deus. Jesus não podia ter sido mais radical: Ninguém pode servir a dois senhores. Com efeito, ou odiará um e amará o outro, ou apegar-se-á a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e ao dinheiro.

Os fariseus, amigos do dinheiro, ouviam tudo isso e zombavam dele[6].

Jesus considerou, como uma verdadeira loucura, a vida dos latifundiários da Palestina, obcecados por armazenar as suas colheitas em celeiros cada vez maiores.

Como destacou o Papa Francisco, no seu documento programático, A Alegria do Evangelho, continuamos na economia que mata. Contrariar esse caminho é o programa da intervenção dos cristãos na vida social, económica e política, para não se traírem a si mesmos. Devem tornar-se cada vez mais competentes, não para dominar, mas para servir os sem vez e os sem voz.

Recolhi, na Religión Digital, uma banda desenhada: «O Espírito do Senhor está sobre mim, porque me ungiu. Enviou-me a evangelizar os pobres… Não seria melhor evangelizar antes os ricos, para que não houvesse pobres?».

31 Julho 2022



[1] Fratelli Tutti, nº 1 e 2

[2] Frederico Lourenço, Bíblia. Novo Testamento. Os quatro Evangelhos, pp.21-22

[3] Como se Deus não existisse, in Reflexão Cristã 42 (Dez 84/Jan 85), pp. 46-47

[4] Eduardo Lourenço, in «Opção» nº 97, 2-8, Março, 1978)

[5] Lc 12, 13-21

[6] Lc 16, 13-14

segunda-feira, 25 de julho de 2022

NÃO É DEUS QUE PRECISA DAS NOSSAS ORAÇÕES Frei Bento Domingues, O.P

 

1. A oração faz parte de todas as religiões, de todos os povos e até de pessoas que se dizem sem religião. As formas da atitude religiosa podem oferecer variações de religião para religião, de país para país e de pessoa para pessoa.  Os últimos inquéritos sobre a prática religiosa, a nível mundial, mostram que o reconhecimento da transcendência humana continua vivo. Deixo, em nota, algumas dessas abundantes referências[1].

Neste Domingo, muitos cristãos confrontam-se com um dos mais belos, imaginativos e bem humorados textos do Antigo Testamento. Apresenta Abraão a «negociar» com Deus que estava indignado com o imenso clamor que lhe chegava de Sodoma e Gomorra. Este Deus não actua por ouvir dizer: «vou descer a fim de ver se, na realidade, a conduta deles corresponde ao brado que chegou até mim. E se não for assim, sabê-lo-ei».

Abraão manifesta-se o defensor do povo até ao limite: será que vais exterminar, ao mesmo tempo, o justo com o culpado? Talvez haja cinquenta justos na cidade; matá-los-ás a todos? Não perdoarás à cidade, por causa dos cinquenta justos que nela podem existir? Longe de ti proceder assim e matar o justo com o culpado, tratando-os da mesma maneira! Longe de ti! O juiz de toda a Terra não fará justiça? O Senhor respondeu: se encontrar em Sodoma cinquenta justos, perdoarei a toda a cidade por causa deles.

Abraão prosseguiu: já que me atrevi a falar ao meu Senhor, eu que sou apenas cinza e pó, continuarei. Se, por acaso, para cinquenta justos faltarem cinco, destruirás toda a cidade, por causa desses cinco homens? O Senhor respondeu: não a destruirei, se lá encontrar quarenta e cinco justos.

Abraão insistiu ainda e disse: talvez não se encontrem nela mais de quarenta. O Senhor afirmou: não destruirei a cidade, em atenção a esses quarenta. Abraão voltou a dizer: que o Senhor não se irrite, por eu continuar a insistir. Talvez lá se encontrem trinta justos. O Senhor respondeu: se lá encontrar trinta justos, não o farei.

Abraão prosseguiu: perdoa, meu Senhor, a ousadia que tenho de te falar. Talvez não se encontrem lá mais de vinte justos. O Senhor disse: em atenção a esses vinte justos, não a destruirei. Abraão insistiu novamente: que o meu Senhor não se irrite; não falarei, porém, mais do que esta vez. Talvez lá não se encontrem senão dez. E Deus respondeu: em atenção a esses dez justos, não a destruirei.

Terminada esta conversa com Abraão, o Senhor afastou-se e Abraão voltou para a sua morada[2]. Como boa história, ficámos sem saber o desenlace deste diálogo.

2. O Novo Testamento veio dizer-nos que a misericórdia é o próprio coração de Deus que deve transformar a nossa vida. Por isso, Jesus Cristo insiste: sede misericordiosos, como o vosso Pai é misericordioso. A misericórdia vale mais do que todos os sacrifícios.

Jesus foi educado na vida cultual de Israel[3], mas foi muito crítico em relação quer aos lugares do culto quer à prática rabínica da observância semanal do Sábado.

Quanto à rivalidade entre o Templo de Jerusalém (dos judeus) e o do monte Garizim (dos dissidentes samaritanos), esclareceu, na célebre conversa com a samaritana, que essa rivalidade não tem razão de ser. Chegou o tempo em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e verdade[4]. Em relação à observância semanal do Sábado, foi ainda mais contundente em muitas ocasiões. Até parece que tinha prazer em violar essa observância sagrada, não por capricho, mas para mostrar que o dia consagrado a Deus deve ser, por isso mesmo, o dia da libertação e da alegria dos seres humanos[5].

3. No Evangelho de S. Mateus, aborda a questão da oração no contexto da recusa do exibicionismo religioso: Quando orardes, não sejais como os hipócritas, que gostam de rezar de pé nas sinagogas e nos cantos das ruas, para serem vistos. Em verdade vos digo: já receberam a sua recompensa. Tu, porém, quando orares, entra no quarto mais secreto e, fechada a porta, reza em segredo a teu Pai, pois Ele, que vê o oculto, há-de recompensar-te. Nas vossas orações, não sejais como os gentios, que usam de vãs repetições, porque pensam que, por muito falarem, serão atendidos. Não façais como eles, porque o vosso Pai celeste sabe do que necessitais antes de vós lho pedirdes[6].

Em S. Lucas, o cenário é muito diferente[7]. Estava Jesus em oração e os discípulos queixam-se de não terem uma forma original de rezar, como tinham, por exemplo, os discípulos de João Baptista. O Mestre responde-lhes: Quando orardes, dizei: Pai, santificado seja o teu nome; venha o teu Reino; dá-nos o nosso pão de cada dia; perdoa os nossos pecados, pois também nós perdoamos a todo aquele que nos ofende; e não nos deixes cair em tentação.

Conta-lhes, então, uma parábola que parece contrariar a versão seca de S. Mateus. Nessa parábola, faz da oração uma insistência com Deus, como se fosse necessário convencer a Deus do que precisamos. Esquece-se, porém, que não é Deus que precisa de ser convencido, mas nós é que precisamos de rezar para nos abrir ao dom de Deus. Daí, a importância da escuta em vez da multiplicação de palavras.

A conclusão desta parábola é incisiva e vai de encontro ao essencial: pois se vós, que sois maus, sabeis dar coisas boas aos vossos filhos, quanto mais o Pai do Céu dará o Espírito Santo àqueles que lho pedem!

Como dizia o grande escritor católico, Georges Bernanos, na oração, nunca obtive o que pedi, mas saí sempre da oração modificado.

A parábola de S. Lucas, que parecia uma apologia da insistência com Deus, como se Ele fosse surdo e um tapa-buracos das nossas carências, acaba por ser a maior crítica dessa atitude. Aquilo de que mais precisamos, e sempre esquecemos, é de acolher o Espírito de Jesus Cristo, em toda a nossa vida, para que ela seja a própria respiração de Deus em nós. Só o Espírito de Cristo, que nunca nos será negado, nos fará nascer de novo, todos os dias. Sem Ele, não nos encontramos com a nossa Fonte existencial, pois é em Deus que vivemos, nos movemos e existimos. A oração é para não nos esquecermos desta nossa condição, para não andarmos distraídos do essencial.

S. Paulo, na Carta aos Romanos, apresenta uma situação dramática que, hoje, continua: a criação geme e sofre as dores de parto até ao presente. Não só ela. Também nós, que possuímos as primícias do Espírito, nós próprios gememos no nosso íntimo. No entanto, o Espírito vem em auxílio da nossa fraqueza, pois não sabemos o que havemos de pedir. É o próprio Espírito de Cristo que intercede por nós com gemidos inefáveis.

Paulo termina esse capítulo com toda a esperança: se Deus é por nós, quem será contra nós?[8]. Mas Deus não suprime a nossa liberdade.

Como diz António Guterres, o nosso inimigo somos nós mesmos. É por nossa culpa que metade da humanidade está na zona de perigo, de inundações, secas, tempestades extremas e incêndios florestais.

 26 Julho 2022



[1] Cf. A Oração dos homens. Uma antologia das tradições espirituais, Assírio & Alvim, 2006; Orações do Mundo de todos os tempos e lugares, Livros de Vida, Editores, 2003.

[2] Gn 18, 20-33

[3] Cf. Xavier Léon-Dufour, Dictionnaire du Nouveau Testament, Seuil 1975: A Vida cultual.

[4] Jo 4

[5] Lc 13, 10-17, por exemplo.

[6] Mt 6, 5-15

[7] Lc 11, 1-13

[8] Cf. Rm 8