quarta-feira, 30 de setembro de 2015

O DEUS DA MODA - FREI bENTO DOMINGUES


1. Perguntaram, há dias, a um refugiado a razão que o tinha levado a abandonar o seu país, arriscar tudo e encontrar-se naquela situação horrível, rodeado de desconhecidos, encurralados pela polícia, sem destino garantido. A resposta surgiu da forma mais natural e óbvia: eu procuro uma vida boa e no Iraque já não se pode viver.

Aristóteles, um dos fundadores da ética filosófica ocidental, não diria melhor. O desejo e a tenacidade são as asas do ser humano. Na desordem do mundo, impelido pela esperança, mesmo contra toda a esperança, acredita misteriosamente num horizonte de justiça e misericórdia.

 Ao começar esta crónica deparei com um texto que li, pela primeira vez, há 25 anos. Em 1990, a direcção da Revista Portuguesa de Filosofia pediu um texto ao filósofo Paul Ricoeur, autor de uma vasta e multifacetada obra de hermenêutica. A revista conseguiu a publicação de um texto inédito notável e no qual expunha a sua distinção entre ética e moral[i].

Nem a etimologia nem a história o obrigavam a marcar essa diferença, tanto mais que se tornou corrente usar indiferentemente uma ou outra palavra, para designar a fonte e as normas do comportamento humano, enquanto humano. Não se esqueça que existe, paradoxalmente, muita moral sem ética nenhuma e muita ética à vontade do freguês.

 O filósofo francês tornou fecunda essa distinção. Recolheu as duas heranças mais famosas da ética filosófica: a aristotélica - a do desejo, do prazer, da felicidade - e a kantiana - a da norma, da lei, do dever. Sem cair em falsas simplificações, desenvolveu-as nos debates sobre a justiça de J. Rawls e M. Walzer e assumiu as argúcias virtuosas de Aristóteles. 

Para Ricoeur, o que é visado pela ética define-se nestes termos: a procura da vida boa, com e para os outros, em instituições justas.

É normal e sadio que cada um procure a sua realização humana, enquanto humana, isto é, o livre desabrochar das suas aspirações e capacidades mais profundas. Não de forma isolada e egoísta, pois implica o reconhecimento, nos outros, de igual desígnio e da mesma capacidade de procura humana de felicidade. Para superar as desigualdades inevitáveis existem processos justos e o recurso humano à solicitude, à compaixão para com os mais débeis.

Numa sociedade não bastam, porém, as relações de amizade interpessoais. Por isso, P. Ricoeur acrescenta: em instituições justas. A vida de uma comunidade histórica exige um sistema de partilha, de direitos e de deveres. A justiça consiste em atribuir a cada um a sua parte. Todos e cada um são destinatários de uma partilha justa. O sentido do que é justo faz-se notar, por vezes, mediante a exclamação da sua ausência: é injusto!

2. I. Kant resolveu eliminar do desígnio ético o desejo, o prazer, a felicidade. Esta depuração leva ao imperativo universalista, nu e cru: ”age unicamente segundo a máxima que faz com que tu podes querer ao mesmo tempo que ela se torne lei universal”. A segunda fórmula deste imperativo apresenta-se mais enriquecida: “Age de tal maneira que uses a humanidade, tanto na tua pessoa como na pessoa de qualquer outro, sempre e simultaneamente como fim e nunca simplesmente como meio”.

A grandeza e a exaltação desta fórmula nunca poderão ser exageradas e, no entanto, talvez seja a mais esquecida: a pessoa nunca pode ser usada como um meio para algo melhor do que ela. Não tem preço, é um valor absoluto.

Ricoeur não se esquece da ética das virtudes que tornam bom quem as vive e boas as suas acções. Ao concluir o seu texto, lembra que a ordem de prioridade das reivindicações de segurança, liberdade, solidariedade, etc., não são sempre as mesmas em cada povo e em cada época. Exige um debate público, sem garantias de êxito. Como dizia Aristóteles, a equidade (epieikeia) é superior à lei, pois é um correctivo da lei que por natureza é geral, abstracta não pode prever tudo. A justiça exerce-se no concreto, no singular, no imprevisto.

3. Não renego o que escrevi, mas a realidade actual é outra. A jornalista Aura Miguel perguntou ao Papa Francisco como estava a viver a crise dos refugiados. A resposta deveria ser o nosso texto de meditação para não nos satisfazermos com alguns gestos de solidariedade, deixando o mundo correr na sua loucura para a guerra que se prepara sob os nossos olhos: “Vemos estes refugiados, esta pobre gente que escapa da guerra, da fome, mas essa é a ponta do icebergue. Porque debaixo dele, está a causa; e a causa é um sistema socioeconómico mau e injusto, porque dentro de um sistema económico, dentro de tudo, dentro do mundo - falando do problema ecológico-, dentro da sociedade socioeconómica, dentro da política, o centro tem de ser sempre a pessoa. E o sistema económico dominante, hoje em dia, descentrou a pessoa, colocando no centro o deus dinheiro, que é o ídolo da moda. Ou seja, há estatísticas, não me recordo bem (isto não é exacto e posso equivocar-me), mas 17% da população mundial detém 80% das riquezas”.

Os ídolos da eterna juventude, do permanente crescimento económico, do dinheiro, do totalitarismo da falsa comunicação alimentam-se do desejo de todos ao serviço de uma elite.

 

27.09.2015



[i] Paul Ricoeur, Ethique et Morale, Revista Portuguesa de Filosofia, Janeiro-Março 1990, págs 5-17

sexta-feira, 25 de setembro de 2015

quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Sabugal festeja seus consagrados


Onde há consagrados há alegria

"No dia 19 de Setembro de 2015, realizou-se o «Encontro de Consagrad@s», clero e familiares do Concelho de Sabugal. Foi um dia de alegria, boas recordações e muita esperança.


Reuniram-se cerca de 200 pessoas, entre elas 80 religiosos, religiosas e clero do concelho. A festa celebrou-se no contexto e respondendo aos objectivos do Ano da Vida Consagrada proclamado pelo Papa Francisco.
....
P. Carlos Alberto Nunes, MCCJ
 

sábado, 19 de setembro de 2015

Tempo de discernimento no Capítulo Geral em Roma


"Depois de um tempo de escuta da realidade do nosso Instituto, iniciámos a fase de discernimento para escolher as prioridades da missão comboniana. Ontem terminámos a fase do ver em que escutamos as diversas relações. Começou na quinta-feira, 10 de Setembro, com a relação do Conselho Geral, apresentada pelo P. Enrique Sánchez, superior geral. Seguiram os secretários gerais e os continentes: América e Ásia, África francófona, África anglófona e, para concluir, Europa. Na foto: P. Jeremias dos Santos Martins, superior provincial da Província comboniana da África do Sul...."

SERÁ QUE A ÁFRICA LUSÓFONA DEIXOU DE TER INTERESSE PARA OS CAPITULARES?...SERÁ QUE OS COMBONIANOS SE ESTÃO A PREPARAR PARA SAIR DE MOÇAMBIQUE?...

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Encontro de consagrados/as do Conselho de Sabugal




No sábado, dia 19 de Setembro, acontecerá o «Encontro de consagrados/as e clero do Conselho de Sabugal»

O evento está a ser preparado por uma comissão coordenadora, encabeçada pelo Padre Carlos Nunes, sacerdote Comboniano, natural do Sabugal. O encontro tem como tema “Ano da Vida Consagrada – Olhar com gratidão o passado...Viver com paixão o presente... Abraçar com esperança o futuro”.

«Pretende-se dar graças a Deus pelo dom das vocações de consagração e missão nascidas no Concelho», afirmam os organizadores.

São chamados a participar no evento: o Clero, Consagrados e Consagradas oriundos ou a trabalhar no concelho, assim como familiares, amigos e membros das comunidades cristãs que queiram participar.

TEMA: ANO DA VIDA CONSAGRADA…

“Olhar com gratidão o passado…Viver com paixão o presente… Abraçar com esperança o futuro”. Gratidão ao nosso Concelho.

PROGRAMA:

10,00 – REFLEXÃO/PARTILHA no Auditório Municipal

“Quem somos e o que fazemos na VC”: P. Antonio Fernandes, Prov. Consolata

“O nosso Concelho hoje: Situação sócio-economica e política no concelho de Sabugal” - Drª Delfina Leal, Vice Presidente da Câmara

12,00 – EUCARISTIA na Igreja paroquial de S. João - Preside o Sr. D. Manuel Felício, bispo da Diocese

14,00 – CONVÍVIO no Salão da Junta de Freguesia do Sabugal:

Almoço/Farnel que cada um/a e familiares trazem para partilhar.

Uma feijoada preparada no lugar será oferecida aos participantes.

Música de animação; apresentação das Congregações e pessoas de VC 

PARTICIPANTES: Sr. Bispo da Diocese; Clero e todos os Consagrados e Consagradas oriundo e a trabalhar no concelho. Familiares e amigos, sem esquecer os JOVENS, que possam e queiram participar.

O QUE PEDIMOS A CADA UM/A:

1. Divulgar o ENCONTRO com os interessados conhecidos…

2. PARTICIPAR e convidar familiares a participar…

2. Enviar-nos, para o contacto em baixo, a seguinte informação pessoal para preparar um boletim de informação geral: Nome, naturalidade (Aldeia), data de nascimento, lugar onde trabalha.

3. Confirmar a presença e número de familiares que desejam participar.



Enviar estas informações para:

P. Carlos Alberto Nunes, Missionários Combonianos,

Calç. Engenheiro Miguel Pais,9 - 1249-120 LISBOA

E-MAIL: nunescarlos71@yahoo.com

Telefone: 213 955 286

Acolher uma família de refugiados

O Papa Francisco pediu, na segunda-feira, 7 de Setembro, que "todas as paróquias, comunidades religiosas, mosteiros e santuários”, na Europa, deviam acolher uma família de refugiados. E que a humanidade devia ajudar aqueles que “fogem da morte”, que “são vítimas da guerra e da raiva” e que estão a tentar alcançar uma vida melhor”.

E AS VASTAS TERRAS DA MÃE RÚSSIA ALI TÃO PERTO E...TÃO PRÓSPERAS E LIVRES...

POR QUE SERÁ QUE NINGUEM FOGE PARA LÁ? GRANDE TEMA DE MEDITAÇÃO PARA MUITA GENTE...

A NÓS COMPETE-NOS CONTINUAR A ACOLHER COM HUMANIDADE, MAS FIRMES NOS NOSSOS VALORES.

Encontro Mundial de Jovens consagrados e consagradas


"Serão cerca de quatro mil jovens religiosos e religiosas de todo o mundo (incluindo o Irão, as Filipinas, a Costa do Marfim, e o Zimbabwe) que se deslocarão a Roma, de 15 a 19 de Setembro, para participarem no Encontro Mundial de Jovens consagrados e consagradas. O evento foi promovido pela Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica, no contexto do Ano da Vida Consagrada que está a decorrer, e tem por tema “Despertai o mundo – Evangelho, Profecia, Esperança”."

PARA OS TEMOS QUE CORREM...BEM BOM! CAPITANEADOS POR UM TROFENSE....

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Francisco Machado - 6 da Setembro Dia de festa



"Calma....Há lugar para todos os que quiserem estar presentes..."Parece dizer o Pe. Francisco Machado. "Basta que levem um farnel para partilharem. Isso, porém, que não seja impeditivo da vossa presença. Arranjar-se-ão sempre algumas azeitonas e um copo de vinho...."