As celebrações do 150º ano do Instituto, fundado em 1o de junho de 1867, vão se prolongar durante todo o ano de 2017. Em abril, haverá uma carta do Conselho Geral, enquanto o evento principal será um Simpósio sobre a missão, de 25 de maio a 2 de junho, dirigido a toda a família comboniana no mundo, e uma celebração conclusiva em Roma. Também as circunscrições em que os Combonianos estão presentes vão programar celebrações e eventos locais no ano. Os missionários Combonianos, instituto religioso quase exclusivamente dedicado à missão ad gentes, são hoje cerca de 1.700 em 300 comunidades de cerca de trinta nações de quatro continentes.
quinta-feira, 28 de julho de 2016
2017: Missionários Combonianos celebram 150 anos de fundação
As celebrações do 150º ano do Instituto, fundado em 1o de junho de 1867, vão se prolongar durante todo o ano de 2017. Em abril, haverá uma carta do Conselho Geral, enquanto o evento principal será um Simpósio sobre a missão, de 25 de maio a 2 de junho, dirigido a toda a família comboniana no mundo, e uma celebração conclusiva em Roma. Também as circunscrições em que os Combonianos estão presentes vão programar celebrações e eventos locais no ano. Os missionários Combonianos, instituto religioso quase exclusivamente dedicado à missão ad gentes, são hoje cerca de 1.700 em 300 comunidades de cerca de trinta nações de quatro continentes.
terça-feira, 12 de julho de 2016
AS TRAPALHADAS DO CRISMA Frei Bento Domingues, O.P.
1. Rui
Osório, jornalista e pároco da Foz do Douro, na sua pertinente coluna na Voz Portucalense (2016.06.29) revela
preocupações que não são exclusivas: “Se a minha confidência de pastor vos
parecer pessimista, peço-vos desculpa, mas deixem-me desabafar: a prática do
Crisma é uma das experiências pastorais mais frustrantes que tenho encontrado.
“Em tempos primitivos, os catecúmenos, depois de um
longo crescimento na fé, entravam na piscina e eram lavados; saíam e eram
perfumados com óleo do crisma; e acediam à mesa eucarística para serem
alimentados.
“Hoje, não é tanto assim e andamos, na longa e
agitada onda da cristandade sociológica, a surfar um pouco aturdidos entre o
cansativo cristianismo de tradição e o sedutor cristianismo de opção.
“Pastoralmente, parece-me que, em vez da iniciação à
fé cristã, o Crisma está em risco de se tornar no sacramento que marca o fim de
uma certa educação e de pertença cristã construídas na areia.
“Já lhe chamaram a «festa do adeus»! Os cristãos
encontram-se no cais em despedida para outras andanças que não acertam no norte
do cristianismo!
“Tenho boas razões para confirmar a «festa do adeus»
de tantos a quem acompanhei na preparação para o Crisma, sobretudo jovens que
completaram com assiduidade os seus dez anos de catequese e se despediram da
Igreja ou a Igreja não lhes deu um novo porto de abrigo.
“Será o recém-ungido que abandona a Igreja ou a
Igreja que já não tem mais nada a dizer-lhe?”
Talvez haja quem diga que uma citação tão longa é um
abuso. Se abuso existe, é também um agradecimento a Rui Osório que tocou, como
pastor e de forma exemplar, numa questão que outros, para não criar ondas, vão
disfarçando o incómodo e atamancando soluções que o não são. Diria que preferem
tornar o Crisma no grande sacramento da debandada.
Em certos casos, há dificuldade em aceitar para
padrinhos de Baptismo e Matrimónio aqueles que são apresentados pelos pais ou
pelos noivos. A escolha, por vezes, tem pouco a ver com o acompanhamento que os
padrinhos devem dar aos seus afilhados. Em vez de se aproveitar a ocasião para
refazer o caminho da fé cristã, opta-se pela via administrativa. Em alguns lugares,
até se acabou com os padrinhos. Bastam testemunhas. Para não haver problemas
desses no futuro, procura-se apressar a idade para o sacramento incómodo.
2. Deixamos
de viver em regime de cristandade. A vida das comunidades cristãs já não é
regulada pelo campanário nem pelo toque das Trindades.
Vale a pergunta: a orientação para receber o sacramento da responsabilidade eclesial e
social da Fé cristã não deveria ter em conta a idade que, numa determinada
cultura, se exige para assumir as exigências da vida adulta, social e familiar?
Não se trata apenas de uma questão de idade, mas de um modo de entender o
crescimento da responsabilidade de ser cristão, pois chegou a altura de ajudar
os outros a crescer, a serem adultos na Fé.
É evidente que isto implica acabar com o hábito
criado de julgar que a religião é para crianças e para o começo da
adolescência. Essa mentalidade esquece o tempo das turbulências do crescimento
humano. É esse tempo que deve ser evangelizado como preparação para enfrentar a
novidade que é a de ser responsável pelo seu futuro e o dos outros, a nível
familiar e profissional. Tempo de enfrentar o futuro da Igreja ao serviço da
evangelização do mundo. Será também a melhor forma de combater o clericalismo
tão denunciado pelo Papa Francisco. Não poderão aceitar ser apenas clientela de
uma paróquia ou de um movimento. São chamados, por exigência sacramental, a
descobrir os novos caminhos do Evangelho nos sinais dos tempos, que eles
próprios devem marcar.
3. O que está em causa é a teologia dos sacramentos: antropologia sacramental ou sacramentologia
antropogénica?, como pergunta Domingo Salado[i].
As normas litúrgicas e canónicas não bastam para uma pastoral lúcida da evolução
da vida cristã no devir da existência humana, pessoal e social.
Faz-se o rito, está feito. Faz-se a cerimónia do
Baptismo e está baptizado. Faz-se o Crisma e está crismado. Faz a primeira
Comunhão, pode comungar, etc.. É o predomínio da causalidade mágica, do
entendimento mecânico do célebre adágio ex
opere operato[ii].
O próprio Tomás de Aquino realizou, no interior da sua teologia, uma revolução muito esquecida.
Passou do primado da causalidade ritual
para o primado do signo. Os
sacramentos inscrevem-se, antes de mais, no vasto mundo da linguagem simbólica
e do regime cristão da incarnação, do Verbo na fragilidade humana. É
propriedade dos sacramentos cristãos causarem aquilo que significam, no
interior do percurso da Fé pessoal e eclesial.
Sem inscrever a pastoral dos sacramentos no âmbito de
uma teologia marcada pelas ciências humanas, não há caminho para as trapalhadas
que não são apenas as do Crisma. Teremos de regressar a estas questões.
10.07.2016
[i] Antropología sacramental o sacramentología
antropogénica? De la lingüística a la
hermenéutica sacramental, Ciencia Tomísta, tomo 129, 418, 2002, pp 239-288.
[ii] Fez-se, está feito.
quinta-feira, 7 de julho de 2016
Missão Jovem 2016 terminou a Missão continua 05 de Julho de 2016
Teve lugar no fim-de-semana de 2 e 3 de julho, na casa dos Missionários Combonianos na Maia, o Missão Jovem 2016.
A Eucaristia teve lugar central no dia. Foi presidida pelo P. Leonel, que fez a sua despedida preparando a partida para o seu amado Chade.
Vai o P. Leonel, fica o P. Jorge com sua equipa. Como disse o P. Leonel, fundador do JIM, nas suas palavras de despedida: “Eu vou para que o JIM continue e possa ser ainda melhor…”! A missão continua. Ainda neste Verão o JIM tem mais duas actividades: A caminhada até Fátima «Sempábrir» de 26 a 29 de julho e «Missão Mais» em Camarate, de 20 a 28 de agosto.
A Eucaristia teve lugar central no dia. Foi presidida pelo P. Leonel, que fez a sua despedida preparando a partida para o seu amado Chade.
Vai o P. Leonel, fica o P. Jorge com sua equipa. Como disse o P. Leonel, fundador do JIM, nas suas palavras de despedida: “Eu vou para que o JIM continue e possa ser ainda melhor…”! A missão continua. Ainda neste Verão o JIM tem mais duas actividades: A caminhada até Fátima «Sempábrir» de 26 a 29 de julho e «Missão Mais» em Camarate, de 20 a 28 de agosto.
domingo, 3 de julho de 2016
GOSTAR DE SOFRER: MÍSTICA OU DOENÇA Frei Bento Domingues, O.P.
1. Só
acreditas em Deus porque te dá jeito. Recebo muito bem esta velha censura de
amigos agnósticos e ateus. Só me faltava acreditar porque via nisso uma
desgraça.
O que torna a ideia de Deus inacreditável ou
inaceitável para muitas pessoas, já foi expressa de mil maneiras. Em alguns
meios, a mais corrente é esta: Deus não pode ser simultaneamente omnisciente,
omnipotente e bom. Diante do sofrimento do mundo não sabe, não pode, ou não é
tão infinitamente bom como se diz. Há outras razões mais sofisticadas de
ateísmo. Não pretendo refutar nenhuma. Haverá sempre razões para dizer sim e
razões para dizer não. Quando perguntaram a Einstein se acreditava em Deus,
respondeu: primeiro gostaria de saber em que Deus está a pensar ao fazer essa
pergunta.
Conheço confissões de fé em Deus que, para mim,
são tão perversas que gostaria que não existissem. A Divindade foi e é invocada
para fazer guerras e extermínio de populações. Na própria Bíblia há passagens, Livros
e Salmos, absolutamente insuportáveis, mas não aconselharia a sua eliminação.
Ao dizerem o que não se deveria nunca dizer de nenhum deus, revelam aquilo de
que somos capazes: de colocar na boca de Deus os nossos interesses, mesquinhos
ou detestáveis.
Por outro lado, quando, perante uma desgraça,
natural ou provocada, se diz que é a
vontade de Deus, sei que não acredito nessa peça do determinismo. Espero
que Deus não tenha tão má vontade.
2. Gostar
de sofrer, seja por que motivo for, não me parece uma virtude, mas uma doença. A
glorificação do sofrimento tornou-se a marca de certo cristianismo que julga
encontrar na cruz de Cristo a sua justificação. A espiritualidade dolorista
não tem nada a ver com o Espírito do
Evangelho. Não consta que Jesus gostasse de sofrer e muito menos de ser
crucificado. Pelo contrário, gostava da vida e apenas queria que ela fosse
abundante para todos. Sentou-se à mesa de santos e pecadores sem nunca exaltar
o jejum. Por alguma razão, os seus adversários o acusaram de glutão e beberrão[1].
Ao fazer uma cruz na fronte de quem pede o
Baptismo, já tenho ouvido esta observação: porque marcam a criança ou o adulto
com o sinal da suprema crueldade? Sinto sempre necessidade de esclarecer: Jesus
Cristo nunca desejou a cruz. A sua proposta era e é um caminho de alegria, o
Evangelho da libertação. Foi assim que se apresentou na sua própria terra natal[2].
Se gostasse de ver as pessoas a sofrer, não se teria comovido com a doença,
física e psíquica, com a morte. Não teria exaltado a ética samaritana e
denunciado a situação dos oprimidos. A cruz foi-lhe imposta pelos donos da
dominação religiosa e política. Preferiu ser crucificado a renegar o seu
projecto de libertação divina e humana.
3. Quando
me dizem que acredito em Deus porque isso me dá jeito, tenho de dizer que sim.
Jesus Cristo não trouxe uma explicação de Deus, do ser humano, do sofrimento ou
da morte, mas não se rendeu ao fatalismo. Nada tem de ser sempre assim, pelos
séculos dos séculos. Sem ver o resultado final da sua intervenção, Jesus
anunciou uma lógica muito original: quem
perde, ganha e quem ganha, perde. Gastar a vida a dar alegria aos que
precisam, mesmo que seja de um copo de água, é tocar o Reino dos Céus,
transformando as relações humanas no que têm de mais exaltantes ou de mais
banal.
Os avanços científicos e técnicos não são
promessas de vida eterna. Que Deus os abençoe pela vida, pelo alívio e pela
esperança que trazem à nossa viagem. Ajudam-nos a vencer a falsa mística do
sofrimento.
Escrevo este texto depois do funeral do Frei
Luís França. Sofreu muito, sem nunca se render. Cantámos, numa música muito
bela, este poema de Frei José Augusto Mourão:
Não pode a morte reter-me na cruz. /Não pode o
mundo arrancar-me à raíz./ Ao pé de Deus hei-de sempre viver./ Com Deus cheguei
e com Ele vou partir.//Não pode a morte apagar o desejo/ de ver a Deus face a
face e viver./ A Deus busquei toda a vida/ vivi de acreditar no infinito da
vida.// Não nos reduz o escuro da noite./ Não pode o amor esquecer o que o
altera./ Já ouço a voz do Senhor, Deus dos vivos/ já ouço a voz do amigo que
vem.// A Ti a vida me toma e transporta./ Teu sangue inunda meu corpo de paz./
Eu vejo as mãos do Senhor glorioso/ nas minhas mãos a memória de Deus.// A Ti
Senhor, meus desejos regressam./ Findo o andar, disponíveis as mãos./ Abre meu
corpo ao devir que não sei/ eu chamo a esperança pelo nome de Deus.
Ilumina meus olhos da luz do teu Dia, e que um
canto de paz me acorde da morte.
03.07.2016
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