sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Pe Manuel Augusto-Meias verdades 1

A Europa também é missão
A primeira afirmação recorrente é a de que "a Europa também é missão", ou "aqui também é missão", omitindo a necessidade de esclarecer qual ou quais dimensões do carisma comboniano são relevantes para a nossa missão na Europa. A expressão "a Europa também é missão" pretende justificar os empenhos de evangelização (vulgarmente empenhos de pastoral), esquecendo-nos de ver que a afirmação justifica igualmente os empenhos nas demais dimensões do carisma comboniano, como a animação missionária e a formação, o empenho na transformação social e no diálogo religioso e cultural, válidas para a nossa missão na Europa tanto quanto a pastoral.
Que a missão cristã é, e sempre foi, global, é evidência que ninguém aqui pretende rebater ou negar. Mas afirmar que "a Europa também é missão" tout court, para um comboniano, não chega. É necessário esclarecer quais dimensões da missão cristã são pertinentes para o carisma comboniano neste momento na Europa, nos países e nas igrejas locais onde estamos inseridos. Se não fizermos este discernimento, a partir da identidade do próprio carisma, acabaremos por assumir não importa que empenho e forma de missão na Europa (como já se está a ver com o assumir de paróquias estabelecidas).
Não deveria o nosso carisma levar-nos para compromissos de evangelização de fronteira, de periferia, onde o nosso carisma de presença, de diálogo e de primeiro anúncio possa frutificar em acção? Não deveríamos apetrechar-nos com métodos de primeiro anúncio a adultos e jovens, de formação e acompanhamento de grupos que mantenham vivo e activo o espírito missionário nas comunidades eclesiais (preparando pessoas e equipas para o fazer)? Não deveríamos procurar itinerários de formação e iniciação à vida missionária que possam tornar-se “caminho” para a realização da vocação missionária de quantos o Senhor continua a chamar ao serviço do Evangelho? Não deveríamos, na Europa, manter vivo o horizonte da vocação missionária universal, a mística da saída da própria igreja para servir o evangelho no meio dos povos e de outras igrejas? Não deveríamos, então, promover iniciativas missionárias novas, como (digo a modo de exemplo) “Tendas de Abraão” ou “Cátedras dos não cristãos”, para acolher os outros com os seus valores e partilhar os nossos e o Evangelho com eles?!

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