domingo, 25 de janeiro de 2015

Frei Bento Domingues e a vontade de Deus...



ACREDITE NO QUE QUISER, MAS NÃO SEJA IDIOTA
                                           Frei Bento Domingues, O. P.
                                                                                     
1. Deparei com este título num artigo de R. F. Machado, O desencantamento da experiência de Deus em House, dedicado a estudar as relações entre fé e ciência, a partir de uma conhecida série norte-americana. O autor já tinha consagrado uma tese de doutoramento ao mesmo tema[i]. Numa das conversas entre House e uma freira doente – que disfarçava uma complicada história pessoal com a vontade de Deus - o médico acabou por explodir: acredite no que quiser, mas não seja idiota. Mesmo sob a protecção divina, ao atravessar a rua, se não quiser ser atropelada, olhe bem para os dois lados.         
O Papa, ao regressar das Filipinas, tem uma observação ainda mais rústica: pensam alguns que para serem bons católicos - desculpem o termo - devem ser como coelhos. Contou, a propósito, a pergunta feita a uma mãe de sete filhos, todos nascidos de cesariana: como se atreve a pensar em ter ainda outro? Eu acredito em Deus! Bergoglio lembra-lhe que Ele nos deu meios para sermos responsáveis.        
Sempre me irritou a beata invocação da vontade de Deus, a propósito de tudo e de nada. De forma consciente ou inconsciente é a arma psicológica sempre disponível. Contaram-me que um superior autoritário invocou a vontade de Deus para exigir a obediência de um membro da comunidade, acerca de uma decisão algo arbitrária. Resposta pronta e firme: devo-lhe obediência e cumprirei, mas não julgue que a santíssima e misteriosíssima vontade de Deus passa pela sua realíssima gana!        
Fazer chantagem com a vontade de Deus, é um pecado contra o Céu.
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25.01.2015

[i] Cadernos de Teologia Pública, n.84, 2014

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