Os dias 24 e 25 de Novembro amanheceram chuvosos, com uma chuva suave, ordeira e prometedora para os campos que nesta altura nos oferecem já imensidões de um verde vivo, o verde da esperança, a esperança que a todos nos move rumo a um futuro melhor.
Também nesses dois dias, por iniciativa da UASP – União das Associações dos Antigos Alunos dos Seminários Portugueses, na “Domus Carmeli”, uma casa património da Ordem dos Padres Carmelitas Descalços, em Fátima, no decurso do seu V Fórum animado pelo tema “O Acesso à Experiência da Fé, Hoje!”, se ouviram ali, bem protegidos da precipitação exterior, torrentes de palavras suaves, ainda que firmes, ordeiras e prometedoras, rumo ao reavivar e aprofundar a Fé de cada um, que ali se proclamou de várias perspectivas, com uns laivos de crítica à forma como a Igreja Católica a proclama e divulga, mas sempre a mesma Fé em Deus, Deus Uno e Trino.
De facto, o orador afirmou que o que hoje importa é a cultura, o conhecimento e a fé, atrevendo-se a alvitrar que a História é talvez a ciência mais inútil à face da terra, porque é esquecida, repetindo-se assim os erros do passado, começando a Europa de hoje a assemelhar-se à Europa dos inícios do século XX, época de utopias malditas, onde começam a sobressair grupelhos sem expressão significativa no contexto nacional, que necessitam de estar no centro das atenções para sobreviver e que face à sua persistência e fácil acesso aos meios da comunicação social, têm um tempo de antena desproporcional ao peso que de facto têm na sociedade, em contraponto à Igreja Católica que não aproveita convenientemente as oportunidades de intervenção.
E apontou exemplos como o episódio da Dina Aguiar em que se despediu dos seus telespectadores com um sentido “até amanhã, se Deus quiser” e que redundou numa enxurrada de críticas à jornalista, sem que a Igreja Católica, ou os católicos em geral, se indignassem com veemência e publicamente. Se se despedisse com “um até amanhã camaradas!” provavelmente passaria incólume à esquerda e à direita.
A Igreja tem que ser preventiva e agir para resolver os seus problemas, intervir socialmente em casos como os da greve dos estivadores em Setúbal, revelando a sua posição em áreas críticas porque posições dúbias não ajudam à sua afirmação. Se a Igreja faz apenas casamentos e baptizados, não serve. É necessária uma Igreja que fale dos problemas e das comunidades. Não deve pensar apenas em apagar o fogo quando a casa já arde. É a intelectualidade que chega aos mais humildes e por isso a Igreja não deve ter medo de assumir a sua verdade, afirmando a sua posição concreta, mesmo em casos difíceis. Terminou dizendo que se diluem os princípios e, nesse quadro, está pessimista quanto ao futuro.
O homem deve estar atento à sua memória, às suas origens, cada um tem a sua, sendo sempre herdeiro, sendo por isso conveniente apelar à memória. Continuou afirmando que vivemos uma pública ausência de “compromisso com a verdade”. Corremos cinco perigos culturais: – O utilitarismo → Quanto me dás?; O consumismo → Quanto mais tiveres melhor; O individualismo → Quanto mais conhecimento eu esconder dos outros mais progrido; A despersonalização → Anonimato social e, finalmente, a ambiguidade das relações sociais. A crise que se vive é civilizacional pois o homem foi retirado do centro das decisões.
Em presença do utilitarismo deve contrapor-se a gratuidade; ao individualismo, a solidariedade; à indiferença, o compromisso. Compete à Igreja Católica encontrar tempos/espaços/técnicas que lhe permitam trabalhar a família pondo alguma ênfase nos avós e citou Confúcio: “A nossa maior glória não reside no fato de nunca cairmos, mas sim em levantarmo-nos sempre depois de cada queda.” Terminando assim os trabalhos da manhã.
Américo Lino Vinhais
Gabinete de Comunicação
Gabinete de Comunicação
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