domingo, 27 de janeiro de 2019

Pedreiras de Borba - Laureano


Corações pétreos, mais duros que as pedreiras,

Valores pátrios estão lá bem distantes

Em desfavor dos cidadãos que, confiantes,

Lhes facultaram os assentos nas cadeiras.



O mal redobra quando são cabeças ocas

Cheias de nada como os poços dos dois lados,

O coração nas mãos, nos pés, com mil cuidados,

E com razão, que a condução tem horas loucas.



Foi retirada tanta pedra até ao fundo

Em tal acção de desvario, que descamba

Para a loucura; segue estrada em corda bamba,

Olhar de cima vê crateras de outro mundo.



Mas não há olhos para ver o tão visível?

Não há vontades de evitar antes que tombe?

Cuidados mil não impediram hecatombe,

Carros tombaram no abismo. Foi horrível!



Uma tragédia que ao lugar levou um fado,

Fado corrido que lhe fez parar o cante.

Lugar de Borba, continues doravante

Mais pelo vinho que por pedras afamado.



Entre acontecimentos inimagináveis,

Não fosse caso grave e sério, dava riso

Pensar que a culpa foi do vinho, que o aviso

Não chegou muito claramente aos responsáveis.


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