1.Celebramos amanhã a solenidade
de Todos os Santos.
A Igreja, Corpo Místico
de Jesus Cristo, é constituída
por uma multidão incontável
de pessoas, unidas
umas às outras, que se encontram em
diversas situações: na situação de peregrinos;
na de felicidade com Deus;
na de purificação, a caminho da felicidade
com Deus.
Amanhã, nós, a Igreja em estado
de peregrina, prestamos homenagem
à Igreja em estado de felicidade com
Deus, a cujas pessoas damos o nome
de santos.
No sábado manifestamos a nossa solidariedade
para com a Igreja em estado
de purificação, as denominadas
Almas do Purgatório.
Ao longo do ano fomos recordando
alguns dos Santos canonizados; dos
que constam das listas oficiais da Igreja
e têm a honra dos altares. No dia de
hoje celebramos os Santos que, embora
não constem dos calendários litúrgicos
nem dos hagiológios, gozam da
Bem-Aventurança. Têm um altar no
nosso coração.
2. A solenidade de Todos os Santos é
um convite a que tomemos consciência
de que a santidade é um chamamento
feito por Deus a todos. O ideal da
santidade está ao alcance de cada um.
O caminho pode ser o que seguiu
Santa Teresa do Lisieux: vivermos de
harmonia com a nossa pequenez; vivermos
como filhos de Deus; deixarmo-
nos conduzir por Jesus.
A santidade não consiste em fazer
coisas extraordinárias ou invulgares mas
em fazer extraordinariamente bem as
coisas simples e vulgares de cada dia.
Consiste, sim, em fazermos a vontade
de Deus, na graça de Deus e por
amor de Deus.
3. Os Santos não foram nenhuns extra-
terrestres. Estão no outro mundo
mas santificaram-se neste. Foram pessoas
como nós, que também enfrentaram
dificuldades, mas que seguiram
Jesus, vivendo o Evangelho.
Há santos do outro lado da vida e
há santos neste mundo. Recordo o
que escreve S. Paulo no início de algumas
das suas cartas: «a todos os santos
que vivem na cidade de Filipos...»
(Filipenses 1, 1); «aos santos que estão
em Éfeso...» (Efésios 1, 1); «aos santos
e fiéis irmãos em Cristo que habitam
em Colossos...» (Colossenses 1, 2); «a
todos vós prediletos de Deus que estais
em Roma e que sois chamados
santos...» (Romanos 1, 7).
A diferença entre os santos do lado
de lá e os santos do lado de cá é que
aqueles já não podem deixar de ser
santos; nós podemos ser santos agora
e logo deixar de o ser.
4. A solenidade de amanhã é, também,
oportunidade para pensarmos
no culto que prestamos aos Santos.
Vê-los como intercessores junto de
Deus e como exemplos a imitar.
Há quem os ponha ao nível de Deus,
ajoelhando ao passar em frente das
suas imagens, o que é um erro.
Há quem confunda o Santo com
a imagem que o representa, o que é
outro erro.
Há quem atribua um errado valor
a certos formulários de orações de
que as pessoas se sentem «obrigadas»
a distribuir cópias ou a fazer publicidade
nos jornais.
5. As leituras da Missa de sexta-feira
lembram-nos que os santos são uma
multidão incontável (primeira). Que
para pertencermos ao seu número
precisamos de viver de harmonia com
a dignidade de filhos de Deus (segunda)
e de seguir o caminho das Bem-
-Aventuranças: o desprendimento, a
humildade, a pureza do coração, a misericórdia,
a mansidão, o esforço em
construir a paz (terceira).
Nas primeira e terceira têm particular
realce os mártires – vêm da grande
tribulação, lavaram as túnicas no
sangue do Cordeiro –, o que dá ensejo
a que pensemos nos muitos cristãos
que também hoje sofrem por causa da
fé. Lamentavelmente, as perseguições
têm sido uma constante ao longo da
história da Igreja
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